segunda-feira, 23 de abril de 2012

Menu de Liberdades


Menu de Liberdades
por maneco nascimento

Este espetáculo é um convite pra brincar de ser o que quiser a partir de coisas simples, olhando para o que está a nossa volta de um outro jeito.” (texto de apresentação de Menu de Heróis)

Um acuidado material artevisual, na forma de folder que pode ser máscara heróica, faz-se prato de entrada, início à recepção do público que concorreu, dia 21 de abril de 2012, às 18 horas, ao Espaço Cultural do Núcleo do Dirceu, para assistir ao espetáculo, daquele laboratório de criações, com o sugestivo nomeMenu de Heróis”.

Em cena, os intérpretes-criadores Cleyde Silva (Pê Gô Ar, Tem Pé de Criança), Jacob Alves (Especialista em Herói, Iluminação), Soraya Portela (Inventora de Línguas, Carona? Pode Não...), Layane Holanda (Idéias, Idéias, Idéias... Figurino e Design Gráfico) e Alexandre Silva (Saltos, Pulos e Vídeos no Youtube).

De impacto de apreensão do interesse infantil e, adulto também, a cena de abertura traz seres ainda poucos distintos em meio ao jogo de luz para mágicas variáveis entre psicodelismos, refrações de espelhos cúbicos, ou céus de ficção científica a teletransporte do imaginário em mundo da fantasia dos heróis reinventados.

Menu de Heróis não é uma história pronta. Não existem vilões, mocinhos e nem mesmo uma cidade. Só existe o agora e um lugar onde a gente inventa coisas e mistura tudo, mesmo que pareça estranho, e aí vê no que dá! tori –tóri-tori...” (Idem)

Aos poucos, na clareza da dramaturgia encantadora dos despojos sociais e material “inservível” do lixo industrial, vão surgindo as identidades dos heróis com seus atos, movimentos, vôos e saltos para tônus da construção heróica do fantástico mundo do mocinho com traços de mortais, sem padrão hereditário decaído do espaço ou deformação quântica, só de fantasia do admirável mundo do ambiente pós-tudo.

Isopor com garrafa, balde com chuteira, luva com caixa de papelão. Realidade com ficção. Afinal, o que é a realidade? É onde ficam todas as coisas que existem? Então se a gente puder mudar a realidade, nem que seja só por um momento, isso é coisa de herói, né! E se você tivesse que inventar um novo herói, como seria?” (Idem)

Espetáculo de densidade infantil para resgate de memórias, talvez, dos pais das crianças da platéia daquela noite de 21 de abril, também data comemorativa de um herói, este, um nacional. Os presentes na cena, heróis locais desconstruindo velhas memórias e reinventando nova história e realidade interativas com os presentes.

Corpos de carne e osso, recoberto de capas, máscaras, cinto de utilidades, botas, fantásticos poderes, em vidas recicláveis. Liberdades criativas, corpos em composições atraentes, dinâmicas, expressivas e de lingüística apropriada do velho/novo/velho caos das inquietações e portais de fuga ao universo paralelo da defesa da espécie em extinção.

Weyla Carvalho (Concepção, Direção e Lanches Gostosos) dá um salto da mulher gato com botas de couro de boi costumizadas e toca a criança de imaginação que não se perdeu nesse mundo de novas tecnologias e epopéicos sinais de informatas e internautas. Apresenta cardápio degustável e de leitura direta. Uma tirinha do futuro de nossa era.

Sérgio Matos (Trilha Sonora, Cabeça-Molde GG) um herói de efeitos e pesquisa musical. Alça a platéia + adulta a “velhas” lembranças musicais. “Hits” aos ouvidos de geração da década de oitenta e sucessos próximos dessa memória heróica do sons d’outra época. Preenche de luz das escalas musicais a cena posta.

Janaína Lobo (Ensaios e “Ordem na Bagunça”) também na ordem dos bons resultados. Na geografia do efeito dramático e de anatomias estimuladas também aponta para beleza e verdade ressignificadas. Jell Carone (Fotos, Vídeo e Cabelo Assanhado) completa o corpo técnico vibrante deMenu de Heróis”.

Espetáculo para crianças de 04 a 90 anos, segundo a apresentação em arte impressa, reverbera infância, fantasia, memórias de heróis a cada idade revolvida, sem deixar de apresentar cuidados de discurso ilustrado com educação ambiental e crítica social dos costumes ao calcanhar do aquiles da era de “aquárius”.

Menu de Heróis”, um diverso de liberdades e construtivismo ao novo olhar artístico de assinatura do Núcleo do Dirceu a toda obra.

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