terça-feira, 3 de abril de 2012

Imprensa e Liberdades

  Imprensa e Liberdades
por maneco nascimento

Em fins de leitura de obra recheada de informações acerca dos primórdios, ou caminhos que sinalizam para início da imprensa no Piauí, fico muito satisfeito com + essa aquisição do lido. O título Imprensa Piauiense: atuação política no século XIX”, de Ana Regina Barros Leal Rêgo. 

O livro, de material bem acabado, revisão impecável, letras graúdas e cor de capa e páginas que poderia variar entre ocre, creme, marron claro ou salmon? Que importa.Mas possibilita uma leve e agradável leitura. Sob o ponto da estética do marketing à recepção tem cuidadosa estratégia a possibilitar nunca cansaço ao leitor.

Memórias, histórias, imprensa e política que vão desenhando o perfil do pensamento arbitrado e do livre arbítrio ao ato político da ação social e do papel da imprensa, em formatação pelas mãos e discursos dos avós do jornalismo atual, se poderia dizer. 

A pesquisa construída assoma-se, de forma inteligente e prática, na elaboração de história bem embasada em fontes disponíveis, até restritas sob o ponto de vista de acesso, mas o material garimpado é de orgulho de quem lê, como seria do pesquisador febril.

Prêmio Cidade de Teresina, lançado pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves, em 2001, só agora, mais de uma década depois, tenho o feliz acesso à leitura de Imprensa Piauiense: atuação política no século XIX”. O que deveria ser obrigação acadêmica virou só prazer de leitura.

Dividido em dois tomos. Livro I  Imprensa Piauiense e os Ideais Republicanos e Livro II -Imprensa e Política no Piauí no Segundo Reinado. 

Ai, o leitor vai deslizando por Origem dos Partidos Políticos do Segundo Reinado (Formação política no Piauí); A Imprensa e o Estado Monárquico (Origem da imprensa no Piauí); do Império à República – a trajetória brasileira (Movimento republicano, 
Propaganda republicana); Questões Intervenientes no Processo de Proclamação da República (Questão anticlerical, Questão militar); Mapeamento do Movimento Republicano nos Jornais Monarquistas Piauienses (Jornais monarquistas, O pensamento republicano nos impressos monarquistas) et all.

Monarquia, Império e República. Os movimentos políticos e intelectuais perpassam o estado de governos e dão a forma de modificações sociais e desenham os avanços que as sociedades ampliam. 

Assim deu-se no Brasil de províncias e sede governamental central, a Corte, e no da República em construção em que, nesta, o papel da imprensa delineia os discursos de defesa e contradefesa às mudanças irrefutáveis, a seu tempo. Liberdade e imprensa já eram ensaiadas lá pelo reino de Pedro I.

(...) a liberdade de imprensa, que, em 12 de julho de 1821, é fixada constitucionalmente pelos liberais portugueses, com repercussão no Brasil, em agosto do mesmo ano, quando por Aviso, D. Pedro resolve: ‘Tomado S. A. Real em consideração quanto é injusto que, depois que se acha regulado pelas Cortes Gerais Extraordinárias da Nação Portuguesa, sobre liberdade de imprensa, encontrem os autores e editores inesperados estorvos, à publicação dos escritos que pretenderem imprimir. É o mesmo senhor servido mandar que não se embarasse por pretexto algum a impressão que se quiser fazer de qualquer escrito, devendo unicamente servir de regra, o que as mesmas Cortes têm determinado.’” (Sodré, 1983, p. 41 In Rêgo, Ana Regina Barros Leal. Imprensa Piauiense: atuação política no século XIX. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 2001, p. 45)

Em que pese ser, na Corte, o jornalismo praticado com grande liberdade (...) tanto na área política como na emergente área literária, arrefecendo, sobremaneira, a agressividade explícita no padrão dos impressos anteriores. Os informativos divulgados, a partir da primeira década do Segundo Reinado, apresentam pluralidade de temas e formas. Tal fato ocorre, principalmente, do incentivo concedido às artes pelo Imperador, impulsionado, talvez, por idéias iluministas e influência dos contemporâneos europeus.” (Rêgo, Ana Regina Barros Leal. Imprensa Piauiense: atuação política no século XIX. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 2001, p. 47)

Disputas entre liberais, moderados, conservadores, monarquistas e republicanos, iam constituindo as liberdades de expressão e a imprensa de jornalistas e políticos, de intelectuais e arbitradores das falas sociais também da imprensa, liberdades e jornalismo piauiense.

(...) Ainda sobre David Caldas, mas falando sobre o seu segundo jornal, Pinheiro Filho (1972, p. 26) afirma que o famoso jornal Oitenta e Nove resulta da simples mudança de nome de O Amigo do Povo, sendo editado, pela primeira vez, em 1 de fevereiro de 1873: ‘Trazia um artigo de fundo sob o mesmo título, no qual o autor não preconizava de modo categórico, mas sutilmente deixava expressar a idéia profética de que a República seria proclamada em 1889.’” (Idem, p.53)

História de poder, de negócios, de vida, de troca de cadeiras políticas, de negação e de afirmação de discursos, de antropologias sociais e “arqueologia” da imprensa e política piauiense compõem expoente material de pesquisa e curiosidade em Imprensa Piauiense: atuação política no século XIX”.

Leitura indispensável!

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