sábado, 3 de setembro de 2011

Uma areia por aquecer


Uma areia por aquecer
por maneco nascimento

A Cia. de Teatro da Cidade, coordenada por Moisés Chaves, apresentou no palco do Teatro Municipal João Paulo II, dia 30 de agosto de 2011, às 19 horas, o espetáculoUm pequenino Grão de areia”, texto de João Falcão, para o mapa de dramaturgia de cena assinado por Moisés Chaves.

Dramaturgia de carpintaria textual que reúne diversos humores para determinadas personagens coadjuvantes do protagonista do enredo, um grão de areia sonhador que, apaixonado por uma estrela, persegue sua busca até que a licença poética confirme seu desejo, ficar junto de sua amada.

O dialogismo da trama vai se confirmar a partir do encontro e convivência do pequeno grão com nuvens, maré, castelo, de areia naturalmente, o velho (a) sábio (a) e companheiros naturais do ambiente de vida contumaz.

A encenação direcionada por Moisés Chaves é, por vezes, enfraquecida pela incipiência e ou falta de traquejo do elenco imberbe. Há um coro em perfil de quase jogral que intercala as falas com uma segurança tímida e torna as intenções autorais do dramaturgo aquém do poético originalmente criado.

  (Moisés Chaves e elenco de "Um pequenino Grão de areia"/foto acervo: cidadeverde.com)

Sérgio Noronha, como o pequenino grão, desempenha um esforço semi-olímpico para acertar os doze trabalhos do herói, mas ainda fica pelo meio do caminho. As idiossincrasias do ator ficam meio mimetizadas com uma perspectiva que se poderia vislumbrar da personagem.

Materializa um dado comum, fora das novidades de interpretação. A projeção de voz quer-se confirmar como inflexões à cena e acabam em “intermezzo” da busca de um foco de liberdade interpretativa.

Mary Celli tem uma desenvoltura agradável entre uma personagem ranzinza de um momento e outra com corporalidade para um (a) velho (a) que cruza o caminho e dá sinais a seguir ao pequeno grão de areia. Maior exigência do diretor certamente obrará + eficiência de quem, em potencial, tem panos p’ras mangas.
 (Moisés Chaves e elenco de "Um pequenino Grão de areia"/foto acervo: cidadeverde.com)


Os outros componentes do elenco seguem marcas, repetem o texto com ligeira convicção ensaiada e, por vezes, parecem pouco à vontade na cena. Nada que um bom exercício de compreensão textual e improvisações livres não recuperem o tempo por maturar à tão boa energia e à licença poética rica de Falcão.

Os figurinos simples, mas emblemáticos, têm sua função dramatúrgica. Os atores é que não conseguiram, ainda, vesti-los com propriedade teatral. Como diria a alcunha popular apropriada ao teatro, vestir a camisa e suar em ofício a personagem possibilitará organicidade que qualquer dramaturgia de cena requer. 

As músicas do enredo, dubladas pelo elenco, representam a face + “amadora” do espetáculo. Parece que os intérpretes ainda não têm toda a segurança para dominá-las e, com isso, perdem qualquer tônus para coreografias pouco finalizadas.

A Direção de Moisés Chaves merece uma areia melhor aquecida para que salte da terra do lúdico e fantasia dramatúrgica um grandePequenino grão de areiacom olhar que enxergue melhor a cena para a memória histórica e repertório da Companhia de Teatro da Cidade de Teresina.

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