A tua Presença
por maneco nascimento
O Conselho Estadual de Cultura- CEC e Fundação Cultural do Piauí - FUNDAC lançaram, recentemente, a + nova edição da Revista Presença, Ano XXVI, No. 46, referência a Agosto de 2011.
A começar pela apresentação da publicação local, uma qualidade visual na sobriedade das ilustrações e capa de Genivaldo Costa que, para o leitor das letras escolhidas, causa uma impressão muito particularmente agradável.
Geni Costa tem um traço mui particularmente raro. Reinventa cores sóbrias e quentes numa personalidade humana à mímesis de sentimentos e vida reais.
Ganha nos riscos plástico-estéticos o imperativo de novidade a estilo assentado de criação que nos leva a Buffon: “O estilo é o próprio homem”. (As Formas e as Cores em Afrânio/Artes Plásticas. Revista Presença. CEC/FUNDAC/Interativa Propaganda e Marketing Ltda. Teresina, 2011, p. 54 a 57).
A arte de Geni interage com sensibilidade regulada para não perder-se em conceitual distanciado das abordagens culturais que preenchem o corpo da revista.
(Geni Costa/artista plástico de mancheia)
O corpus construtor das variantes lingüístico-textuais para arte e cultura apresentadas se parece intensificar nas interfaces da estética livre dos signos e siglas artístico-visuais composicional.
Para edição cuidada e de revisão irretocável, a Presença de matérias de memória da cidade, “Em Teresina de Ontem e de Hoje”, de Afonso Ligório Pires de Carvalho, um passeio pela Teresina de seus dias de lembranças muito frescas e ricas acerca da cultura e arte, comunicação popular e de massa e o histórico das mudanças impressas. O movimento do progresso estruturante ao mágico de novos olhares à modernidade. Um denso, mas regurgitado texto de memória preservada.
“Teresina do Meu Tempo”, nos escrevinhos de Raimundo de Moura Rêgo, em que aborda sua memória de chegada a Teresina, “(...) no início de 1923, pra continuar os estudos iniciados na fazenda, freqüentei o Ateneu Teresinense, do Padre Cirilo Chaves, e os cursos particulares dos professores B. Lemos, Douville Leal e José Amável (...) tomei aulas de música e violino (...)”. Como diz o memorialista, apesar da pouca idade, circulou nos meios artísticos e intelectuais de Teresina de seu tempo.
Nos aponta, Moura Rêgo, a vida cultural da música, do teatro de amadores e profissionais, dos saraus familiares, das bandas musicais da Polícia e do Exército, das retretas nas praças, das paqueras e encontros à formação familiar.
O maranhense de Matões, de amor genuinamente teresinense, faz louvor tocante ao memoriável da cidade que o acolheu e deu pano às mangas do poeta, pintor, músico e memorialista.
A tua Presença com recheio de cultura de expressão também apresenta “O Bairro Vermelha e a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes”, de Francisca Maria Soares Mendes, que reaviva o bairro de solo formado por barro vermelho, logo de Quinta Vermelha para Vermelha, o arbítrio popular deu-lhe o nome conhecido.
As memórias das vendas populares sob o Pequizeiro, suplantado pelo progresso e a lembrança do Padre Carvalho fecham a imagem do bairro que sempre reuniu histórico de cultural, religioso e celeiro de grandes artistas da cidade e daquele entorno efervescente de arte.
‘Vermelha, o Planalto e a Serra”, de Fonseca Neto, informa sobre o assentamento do Conselho Estadual de Cultura naquele bairro. + um redundante lava pés aos medalhões da Casa de cultura ali plantada que um lambe à cria, a nova sede. Parece deslocado, dentro do que se vem apresentando na revista até então.
Roberson Gramosa, em “Bairro Vermelha Desenvolve Educação e Cultura”, apresenta ações culturais e integrativas do CEC na comunidade. A práxis registrada. Já Alcenor Candeira Filho, no menu Patrimônio Histórico, traz “Onde Fica a Casa Grande da Parnaíba?”.
Artigo criterioso de apelo à pesquisa e memória sobre o endereço final da Casa-residência de Domingos Dias da Silva ou “(...) a casa solarenga de Simplício Dias da Silva (...)”. Objeto de curiosidade à história patrimonial da Parnaíba.
M. Paulo Nunes, em espaço da Presença a Vultos Piauienses, brinda o leitor com texto rico de citações a leituras eruditas para penetrar na memória de grande nome de articulador político piauiense, Petrônio Portella.
Na parte dedicada à literatura do Conto, “O Esfolado”, de Pedro S. Ribeiro, curto, de suscinta mensagem entre a tragédia e a justiça, preenche esse espaço com produção textual de estética moderna e agradável para leitura dinâmica e criativa. Ótimo conto.
A Revista ainda apresenta um rigoroso Plano Estadual de Cultura – Uma Contribuição do Conselho Estadual de Cultura, para em seguida, com a temática Memória, M. Paulo Nunes trazer “Alexandre Herculano”, grande autor português do século XIX e um dos contributos à renovação do romance moderno português, assinala Nunes.
M. Paulo Nunes também agracia Mário Vargas Llosa, em “O Novo Nobel de Literatura”. A tua Presença fecha em grande estilo com “A Guerra Sertaneja do Contestado”, com falas de Enéas Athanázio, resumo de palestra do articulista em sessão do Conselho Estadual de Cultura, maio de 2011; “As Formas e as Cores em Afrânio” e o cartum genial e franco de Jota A.
A exceção de alguns artigos já publicados em jornais impressos da cidade, o que não é demérito, a Revista Presença vem confirmar padrão cultural de expressão local e tem responsabilidade artística e formadora de opinião incontestável. A tua Presença é nosso orgulho.
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