segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Deixa o Corso passar...

Deixa o Corso passar...
por maneco nascimento

Fevereiro, quando oficialmente parece ser aberto o carnaval nacional e mês + tradicional desta festa, é também quando começam as folias aos manifestados “Zés Pereiras”, pipocados feitos rojão em todo o país. Teresina também faz a sua festa popular e bota na avenida sua alegria através do concurso/percurso de carros enfeitados e temáticos, em um dos maiores desfiles caracterizados do mundo. A “Raul Lopes” ficou pequena D+ para carros, gentes, famílias, foliões, barraqueiros, banqueiros de encrencas registradas, força policial e de trânsito, organizadores e apoio efetivo na rua(FMC) e um mundo de alegorias, fantasias e alegria necessárias.

 A partir das 16 horas, da tarde de 2 de fevereiro, quando dada a bandeirada de início do maior espetáculo motorizado à céu aberto, tudo foi confirmação do que já se preparava desde as 6 da manhã daquele dia até a madrugada do dia seguinte, hora em que a dispersão ganha caminho de casa. Parece que todo mundo foi lá. Quem chegava ao nicho de concentração de público, Raul Lopes e ponte Estaiada “Isidoro França”, podia ter a real idéia do que se formava. De todos os lados chegava gente, a pé, de moto, de carro, de coração preparado à folia planejada.

Era um mar de gente, capitão Momo! Um dos integrantes da equipe de organização e tarefeiro incansável da hora indispensável, Marlon Rodney, ao perguntar-lhe sobre quantas pessoas ele achava que estariam no local da festa, arriscou que a Teresina toda estava ali, num arroubo de licença do exagero brincado, mas corrigiu “Acredito que umas trezentas mil pessoas”, pontuou.

Seu olhômetro talvez tivesse razão àquela hora. Houve quem apostasse em quatrocentas mil, mas oficialmente parece ter mesmo sido umas trezentas mil entre coloridas, criativas, muito bem humoradas e todas partícipes daquela que já virou, sem sombra de qualquer dúvida, uma festa popular muito esperada. Depois que houve todo o ajuntamento das espécies raras do carnaval de vitrine, só foi festa e euforia aos “ao vivo” e em cores, porque quem preferiu acompanhar pela tevê, também teve seu espetáculo registrado pelas equipes locais de televisão.

Em paralelo ao espetáculo de carros e gentes, uns recortes ao registro de olhos atentos.
A guarda montada, às 17h e pouco, às margens do rio Poti, sob o arvoredo e abaixo da estaiada fazia sua ronda ao lado direito do colorido espírito da Raul. Também um mar de cores, gentes, espíritos foliões atrapalhavam o trânsito corsesco quando a hora caía às 18h. Recorrência incontrolável. Lá pelas tantas um metamorfo de homem/burro (bípede com cabeça do bicho) ia na contramão do curso natural. Um cabeça-de-cuia já carregava a cabeça à mão. Os bichos-homem esvaziavam a bexiga na mata/grama às margens do rio. O “Máscara” de pernas de pau também quebrou o protocolo do quadrinho.

O olhar aos carros temáticos ficou entre algo criativo, pouco criativo, nada criativo, inscrição para desfilar seu carro e, lá para um pouco + da metade do evento, muito folião já pelas tabelas não demonstrava + qualquer esboço de felicidade, só cumpria o percurso. Atentar às personagens dos motoristas de caminhões, especialmente, pareceu espetáculo à parte. Cada máscara, cada cara dizia de seus usos e satisfações. Alguns motoristas, os de carros pequenos, defendiam euforia e mordiam na contramão da paciência, atrapalhando o trânsito.

Houve de tudo um pouco, temas da mídia (gastos), da política, das homenagens, do politicamente correto, da religião, da memória e das liberdades consentidas. “Bahia de todos os corsos”; “Se beber vou de táxi”; “Beth Flocos de Milho sob nova direção”; “Salve a Rainha do Mar”; “Celebridade do céu ao corso (Elvis Presley); “As traficadas”; “Terreiro de Pai Neguim”; “Arena Cowntry”; “Flintstones no Carvalho”.

E ainda, “Correios do Amor”; “Papo de samba”; “Faraó no Corso”; “Centenário de Luiz Gonzaga”; “Carnaval” (carro tema bailes de salão); “Copa do Mundo”; “A Fábrica de Chocolate”; “Mário Brothers”; “Terra dos Carnaubais”; “Caminhão das Porcas”; “A Rainha da Inglaterra e sua guarda visitam o Corso”; “Batuque do Boteco”; “Bode dos Medônios”; “Carnaval no Corso”; “Bataclan” (repetitivo); “Luiz Gonzaga”; Fubica do Cangaço”; “Barraca do Beijo” e uma criativa Ambulância-fusca com sua enfermeira motorista, entre um universo de brincadeiras e luzes crítico-farsescas carnavalizadas.

Dos grupos de foliões temáticos, de solo, ainda assunto para pierrôs e colombinas; bispos, padres e freiras; clube da toalha, clube da cueca e do fraldão; militares de todas as estrelas e patentes; gladiadores e imperadores romanos; lutadores de MMA; bombadões de tchutchu e outras liberdades; heróis de quadrinho (Hulk mandou vários exemplares); os apelos entre o sensual e o sexual e muito desfile entre os carros, dificultando a fluência do Corso.

 Como disse Marlon, “é difícil atravessar do trecho da estaiada até a área dos shopings”. No seu arroubo de liberdade, “a Teresina toda tá aqui”. Quem tinha que orientar o serviço e enredo dos carros na avenida teve muito trabalho. Público, desfilantes, representantes de fantasias e concorrência de celebrização da melhor estilização e carros e público e público e carros-bar e vendedores ambulantes e barracas das margens da avenida e improvisadas e gentes e carros transformaram o Corso numa micareta.

 Talvez, ou se deva criar um cordão para manter a passagem regular dos carros, ou se abra o percurso para ruas + livres da cidade, como já se fez antes. Fechar em concentrado espaço a atendimento de todas as funções é recorde de público, de espetáculo, de assistência e resultados estatísticos irrecusáveis, mas estreita a liberdade da fluência do desfile dos carros.

Mas esse é assunto para outro ano. Esse 2013 foi palco de sucesso do Corso do Zé Pereira de Teresina. Reclamar, ou apontar nova perspectiva do evento não engorda, não é de defesa moral, é de livre arbítrio. E como diz um colega, “as boas críticas a gente guarda para refletir e melhorar, as outras a gente guarda pra rir depois”.

Parabéns à equipe de organização do evento carnaval da Fundação Municipal de Cultura, que corre contra os riscos e não faz feio, fez festa e alegria na paz do Corso 2013. Venceram essa parada de 2 de fevereiro. E venceram também “Faraó no Corso” (1º Lugar); “Bode dos Medônios” (2º. Lugar) e “A Fábrica de Chocolate” (3º. Lugar).

(Corso de Teresina 2013/redimensiona/divulgação)

E, para os outros carnavais, Deixa o Corso passar... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário