segunda-feira, 5 de março de 2012

Para garças e poesia


Para garças e poesia
por maneco nascimento

O poeta William Melo Soares está com novo vôo na praça. Artífice das palavras e artesão das construções simples, mas recheadas de beleza e rica poesia articulada, esse homem das letras poéticas nunca decepciona, orgulha quem lê suas forjadas loas ao ato poema e força do lingüístico fato de arte e comunicação eficientizados.

(capa de "estado de garça"/arte da capa ALG publicidade)

Um grande livreto, para um grande bolso e a um leitor atento ao mundo de novidades inteligentes, “estado de garçatem capa e editoração eletrônica da ALG publicidade e ilustrações, belas, de Gabriel Archanjo. Obra, da Coleção Viver Teresina, em uma delicada capa ao azul marinho.

Um sol amarelo ouro, ao alto esquerda, uma garça perfilada e recortada no azul dominante, branca como a alma límpida das flores, beleza e poesia ambientadas. A garça planta-se numa pedra, também branca, em que destaca o nome do poeta sob os pés da ave, sub-recortando o branco dominante, em letras garrafais azuis finas.

Na orelha esquerda, da capa que dobra-se para dentro, a apresentação do poeta e sua novidade impressa, nas palavras de João Carvalho :tece um estilo original e leve, uma poética socioambiental (...) um bom poema, ao contrário do mau poema, contribui para a construção da língua e elevação da sociedade. Esta é a contribuição da poesia de William Soares.

Na orelha direita, de dentro para fora e de fora para dentro da contracapa, “eu te levo tu me levas nós levitamos”, o poeta e seu currículo distribuído ainda em letras brancas sobre o azul do invólucro estético do “sanduíche” a ser devorado com todo o prazer de degustação de uma ótima solução de poesia e arte.

As ilustrações de G. Archanjo, outro poema, o das tintas, em complemento ao das letras e palavras livres e recheadas de novidades e construções frasais econômicas e determinantes do criador poeta.

Agora quanto ao poema de William, a partir do último inscrito no livroainda é primavera/na rota do beija-flor” (pg. 59), ou na linha do passe poético “erro na linha de passe/gol chorado/(...) pés descalços/dos meninos peladeiros” (campo de várzea, pg. 56). E “um dia manso rural/(...) vento lequiando palhas/de coqueiro no atalho/águas, árvores e pássaros/seguem curso natural” (atalho, pg. 55)

Em seu labor de poeta, “inicio o poema/lapidando pedra/até fagulhar versos” (labor, pg.52). Há muito que William descobriu o fogo das letras no cinzel das palavras e funcionário da poesiavou vivendo/roendo/ossos do ofício/de escrever” (ossos do ofício, pg. 51). Em sua memória do âmago da solidão, em verso de picadeiro do sóa solidão me puindo/rasgando a lona velha/do circo sem plateia” (abismo, 48)

Para rico galope de expressãobrincam potros indomáveis/no vasto campo da fala/enquanto palavras dançam/na corda bamba do verso” (indomáveis, pg. 47). O bom observador também sabe descreverdo guaíba/ao parnaíba/tua solidão/me socorre” (poemário quintana II, 44) a conversa íntima entre os rios.

Sensível à natureza e à natureza do homemsomos filhos/das águas/dos rios/nossa linguágua/banha a terra (...) o fruto que colhemos/ em pleno cio/acalmará/a inquietude desse amar” (cio das águas, pg. 40) e não esquece que a vida pede socorronão há nada de novo/na orla do rio/nenhum sinal de alegria/nenhum cheiro de água viva/o rio anda morrendo/pela boca dos esgotos” (rio poty I, pg. 36)

Da vida, memória e sobrevivência(...) essa gente ribeirinha/segue o rio/vida aflora/pela nadança/dos peixes” (rio poty II, pg. 39). Em homenagem ao músico da terra(...) um som de flauta/dentro da noite vadia/livre feito passarinho/um mensageiro do bem/viajou ao som da flauta/rumo aos confins do além” (flautas, pg. 35, para netinho da flauta)

Outra homenagem, ao Grande Dobal, “(...) sonhos ruminados/eu me incorporo/aos versos de Dobal/na vastidão/do tempo inconseqüente” (ruminando, pg. 31) e luzes e noites também silentes notívaga/a mariposa vagueia/sobrevoa/minha insônia/me dá lições de silêncio” (insônia, pg. 28)

lírica em beleza e verdade parasete cidades”; “piau”; “flor de caneleiro”; “b-r-o-brós”; “metáfora da natureza”; “pedra de fogo”; “voraz”; “manhã azul”; “caneleiro”; “céu de maio” e fazendo jus a própria pena da criação

de algum lugar distante/até onde a vista alcança/margem de rio/ou vazante/me deslumbro/apreciando/a linha do vôo/brancura: a garça rumo ao ninhal” (estado de garça, pg. 7).

(poeta E. Melo Soares/foto colhida do portaldifusora.com)

sir. William Soares detém reinado da poesia e vai “lua acima, rua abaixoconstruindo versos à luz da sensibilidade em pura harmonia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário