sexta-feira, 29 de abril de 2016

Diálogos possíveis.

No diverso, a diferença de leituras.
por maneco nascimento

A Escola Estadual de Dança "Lenir Argento" está promovendo, esta semana, de 26 a 29 de abril, a Semana da Dança - Ano 3.

Num diálogo integrativo do diverso das manifestações da dança na cidade e em interações estéticas, também, com representantes da dança de outros estados, convidados, a provocação que envolve oficinas, exposições iconográficas, cinema e instalações e danças e falas e corpos e exercícios e interlocuções de e para corpos falantes, a iniciativa rendeu bons frutos às dinâmicas pensadas.

Na programação da Semana, Exposição/Instalação [Quanta Fotografia?], André Gonçalves; Exposição Ateliê Mindin - arte, papel, corpo e criança (Layne Holanda e Rosa Prado); Movie \ corpo, política, dança - exibição de filmes + Vídeo Doc \ documentários, clipes e vídeos; Oficinas Balé Clássico, com Cícero Gomes, Primeiro Solista do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e com Mel Oliveira, Solista Teatro Municipal RJ; Dança Contemporânea, com Clarice Lima (Sampa) e as apresentações gratuitas no palco do Theatro 4 de Setembro.

Na noite do dia 28 de abril, o Theatro 4 de Setembro recebeu Socorro Bernabé (professora de clássico, há 31 anos exercitando  dança na Escola "Lenir Argento") que bridou os convidados com um número Solo, de dança espanhola/gitana, para o apurado da experiência e precisão de marcas na dança caliente hispânica, ao perfil da partitura de Bernabé, qual vinho maduro em carvalho andaluz.

O Cordão Grupo de Dança trouxe uma coreografia das intérpretes criadoras e componentes da Cia., em que discutia o papel da mulher contemporânea e seu lugar na sociedade atual. Política de afirmação pessoal e coletiva, em falas do corpo desenhadas ao discurso de interagir o social, o artístico, o estético e o político e  identidade e pertencimento no meio social em que se está contido. Ótimo exercício que dança o papel cidadão, na aplicação reflexiva, através do manifestado da arte da dança.

O Coletivo Balé Popular do Piauí apresentou, em seguida,  a coreografia “Malandro Burguês”, coreografia de Márcio Gomes, para temas musicais do velho Chico Buarque e seus malandros do cancioneiro nacional e outros variantes dos morros cariocas.

Graça e estilo de compor dança temática e deslizar amor, aos passos de dança, feito forma de alegria e mais felicidade geradas no exercício livre do corpo, em linguísticas apropriadas a reproduzir a cultura nacional, espelhada nas falas e diálogos estéticos da dança.

Os intérpretes do Balé Popular do Piauí brincam de ser felizes, ao passo em que bem dancem e domam a atenção da assistência, enquanto liberam empatia e liberdade de aprendizes de feiticeiros, às magias e linguagens de corpos falantes, na franca compreensão de si mesmos pelo exercício da dança.

Após os números acionados, houve um bate papo que reuniu todo o coletivo envolvido nas artes e partes e interfaces da Semana da Dança - Ano 3.

Soraya Portela abriu as conversas, saudando a todos os presentes, pais, irmãos, tios, padrinhos e mais constituintes familiares e convidados presentes à plateia.

A palavra à Bebel Frota, mediadora das conversas de leituras abertas à diferença ao ato criativo, foi para lembrar do campo de interação da dança nas escolas formais e de que, muitas vezes, profissionais da educação física ocupam espaços de manifestação da dança, junto ao alunado, embora nem sempre estejam muito aptos ao desempenho da função de facilitadores da dança. A carga horária, disponível nos bancos acadêmicos, não habilita um professor(a) de educação física a professor(a) de dança.

Quanto à Semana da Dança, Bebel Frota, reiterou sobre os processos criativos e ampliados à comunidade como maneira de interagir mais e gerar na diversidade manifestada na dança, exemplos de integração social, artística, cultural e de consciência do corpo que obra o fazer e o novo fazer na dança, para  dança e com a dança, em vieses de criação e produção artísticas.

Abertas as falas às experiências dos Coletivos, que desempenham a dança, em eixos sociais dos bairros de Teresina, o Cordão Grupo de Dança apresentou, através de componentes e atuantes nos processos criativos da Cia., as impressões e expressões de compor dança, nova dança, e ampliar os olhares e serviços à arte e cultura do corpo, na região da grande Dirceu, Projeto plantado dentro de uma escola formal do bairro Renascença.

Falaram dos processos de nascer com e para o Cordão Grupo de Dança e das interrelações criadas, pelo iniciador do Projeto, Roberto Freitas, à facilitação da dança exercitada no Coletivo. E também das trocas de diálogos, com quem mais sabe e os que podem ensinar a aprender, em construtivismos sócio culturais à comunidade que representam.

Weylla Carvalho, professora da "Lenir Argento" falou da importância da família estar presente na Escola; dos processos pessoais de acompanhar e participar das atividades do Cordão, na escola formal em que, pela manhã lecionava disciplina curricular e, à tarde, compunha o corpus de facilitadores do aprendizado de construção artística do Coletivo. Reiterou sobre como o apoio familiar pode desempenhar papel importante no futuro dos aprendizes da dança. 

Que pais, familiares e afins que têm crianças, dançando, podem participar mais das atividades dos filhos e afilhados, et al. Que podem dançar, mesmo que não dancem, formalmente, mas dançam enquanto imbuídos no processo dos filhos. Que a  dança possibilita saltos, não só de aptidões motoras, intelectuais e artísticas nos aprendizes, mas abre também a formação e profissionalização de praticadores de dança, que lhes possa assegurar futuro como trabalhadores na área.

Datan Izaká, um dos pensadores da Semana da Dança, discorreu sobre as escolas, oficinas e demais laboratórios de dança e dos acessos de maturidade e expansão das escolas, academias e renovados padrões formais e informais de construção da dança na cidade.

Citou Luzia Amélia, com a Escola Balé de Teresina e seus projetos pessoais que a levaram para fora do estado, onde se especializou e tornou-se mestra em dança. Lembrou, também, de outro(a)s profissionais que também se pós-graduaram na área de dança, reinventando-se dentro da profissão de escolho artístico.

Saudou os presentes e lembrou que na noite do dia 29 de abril, antes das ações da Semana da Dança, no palco do Theatro 4 de Setembro, haveria a apresentação do Coletivo de Dança da Casa de Zabelê, às 18 horas, na Galeria de Arte do Club dos Diários "Nonato Oliveira" e, em seguida, as atividades seriam no Theatro. 

Convidou o público presente, àquela noite do dia 28 de abril, a prestigiar o trabalho das meninas da Casa de Zabelê, que têm à coordenação de cena a coreógrafa e bailarina Kiara Lima.

As falas imprimidas naquela noite, da Semana da Dança - Ano 3, foram de sinceridade e respeito a quem produz e se faz sujeito de dança e repercutiu o cuidado e preocupação com a arte de dançar que se pratica na cidade.

A boa diferença percebida nos diálogos pensados e exercitados, às expensas de discutir dança, é que no diverso manifestado, mesmo que gere indiferença aos desavisados, aciona as + diversas leituras, abertas às estéticas de recepções livres.

Evoé, "Lenir Argento" e Coletivos de Dança em diálogos possíveis!

A Semana da Dança diz que é melhor que se "dance, dance, dance... dance sem parar..."


Serviço:
hoje, 29 de abril

  • na Galeria de Arte CD "Nonato Oliveira", às 18 horas

Casa de Zabelê em dança

  • no Theatro 4 de Setembro, às 18h30

Clássico: Cícero Gomes e Mel Oliveira
Contemporâneo: "Intérpretes em Crise", com Clarice Lima e Aline Bonamin

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