segunda-feira, 1 de julho de 2013

Fogos de bola

Fogos da bola
por maneco nascimento

David Luiz, Fred, Neymar, Júlio César e + 8 craques, em campo durante 90 minutos, deram seu suor e alegria e dividiram sua raça com o país de milhões de torcedores, enquanto emparedaram bola a bola o time campeão espanhol e sua seleção de Europa hispânica.


                                                             (é campeão!/divulgação)

O espetáculo em terra do futebol, no novo e milionário Maracanã, construído pela cornucópia do recurso público, foi show da noite. E o Estádio de Futebol “Mário Filho” que recebeu grande jogo, suntuosamente ganhou nova roupagem para recepcionar o show de negócios do futebol, neste junho 2013, à Copa das Confederações.

Essa Copa, já concluída, um “training” concentrado ao maior encontro mundial de futebol, criado pelo francês Charles Rimet, a Copa do Mundo. Na próxima ocasião, em 2014, daqui a um ano, este evento, novamente, será sediado nesse Brasil de desigualdades, mas de festas populares inequívocas e contagiantes.

Para anfitrionar os times e seleções que disputaram a Copa das Confederações e também quem virá disputar a taça Jules Rimet, o governo brasileiro fez sua fezinha, já ao conseguir trazer para o país a Copa do Mundo, ano 14 do século 21, e Olimpíadas, ano 16 desse mesmo século. E esse mesmo governo, continuado, reafinou sua fé no bom negócio do futebol e deu-se às cartas para a reinvenção das arenas da bola, construídas em grandes centros urbanos nacionais.

Assim os milhões e bilhões de reais foram, ou ainda serão lançados em reforma e reconstrução das arenas brasileiras. 12 estádios ganham nova vida em Natal – RN (Arena das Dunas); Recife – PE (Arena Pernambuco); Fortaleza - CE (Arena Castelão); Salvador - BA (Arena Fonte Nova); Manaus – Amazonas (Arena Amazônia); Cuiabá – MT (Arena Pantanal); Belo Horizonte – Minas Gerais (Arena Mineirão); Distrito Federal – Brasília (Estádio Nacional Mané Garrincha); Curitiba – PR (Arena da Baixada); Porto Alegre – RS (Arena Beira-Rio); São Paulo (Arena de São Paulo) e Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (Arena do Maracanã). Uma soma de dinheiro à indústria e fogos ardentes do jogo de bolas e fichas trocadas no país do futebol.
(novo Estádio "Mário Filho"/divulgação)

Estádios nababescos e o bom negócio empreiteiro e empresarial da cunha do recurso público que, se não aplicado diretamente pelo imposto cidadão, mas facilitado pelas estratégias políticas de reiterar o pão e circo a brasileiros, famintos, mas felizes pelo orgulhoso espetáculo oferecido pela seleção de Felipão e Parreira. Técnicos estes pagos pelos anunciantes e contratos milionários e rendas de certames com a nada simples função de facilitar a melhor alegria a quem purga dificuldades todo dia, mas que em 90 minutos de futebol de arte esquece qualquer agrura.

Brasil é tetra campeeeão das Copas das Confederações, nesse 2013! Santo Júlio César, milagreiro David Luis e o grande Fred e o quase mito Neymar, forçado pela mídia e surgido das massas populares, entre outros colegas da arte de pernas e jogos inteligentes de vencer, venceram. Grande desafio conquistado. Espanha riu antes e não ficou devendo o título ao Brasil, por 3 X 0 (dois Fred e um Neymar), no Maracanã com capacidade para + de 70 mil torcedores. + precisamente poderia receber 79 mil torcedores em um grande dia de futebol.
(foto à história/divulgação)

 Nesse jogão, Brasil versus Espanha, se o estádio não esteve em sua toda capacidade de lotação, em corpo presente e quente havia um coletivo extraordinário. E esse corpus empurrou o resultado do Brasil vencedor aos gritos, verde amarelo, de Olê!
(Brasil campeão Copa das Confederações/foto: Daniel Ramalho)

O Brasil, de estatísticas de mortes injustas nas Vilas e Favelas, nos sinais de trânsito, comércio e bancos; de uma grande maioria de miseráveis e outra parte à sombra dos cartões cidadãos e solidários; de milícias e polícias “serial killer”, esquadrã de mortes; de mensaleiros “justos” e afinados com as Casas legislativas nacionais; de desvio de conduta e impunidade festejadas; de projeto infame de cura da orientação sexual; de tropas de choque violentas e paus mandadas, com muita fidelidade, pelos senhores de mandatos de cargos eletivos de representação popular e de um mundão de irregularidades políticas, de polícia e de justiça, estará feliz.

Esse país desvia o olhar dessas “peças” contumazes, do seu comum dia a dia, para rir, cantar a felicidade e entregar a alma e o coração à festa da vitória do futebol. Esporte este que, se alguém disse, seria uma espécie de anestesia, momentânea, do brasileiro. A alegria contagiante, em toda a sua extensão, está liberada à paz e harmonia da festa. As gentes estão sujeitas à total sorte de extravasar o ser feliz. Esse dia 30, só festa do futebol. O amanhã será outro dia.

O dia da ressaca, da toda a festa consumada, será o primeiro do outro mês. E volta-se ao comum dos serviços ruins de transporte coletivos e mobilidade urbana, de não saúde, de não educação. Arrastões da tranquilidade alheia e de crimes de colarinhos branco em seu diverso de matiz e da imposta convivência com a corrupção dos “divinos” do mundinho brasileiro.

O Brasil retoma sua manifestação das ruas e não deve dar trégua aos discursos apavorados do governo e seus aliados, parceiros, companheiros, camaradas e mensageiros do Deus punidor e restringidor de direitos universais e humanos. As ruas devem voltar com sua força manifestada e quem não encontrar eco de verdade nesse ato político de força coletiva, sem legendas viciadas, poderá ter os pés de barro quebrados.
(festa e manifestação/divulgação)

Nesse dia 30 de junho, festa. No amanhã, 1º. de julho, o país do futebol deve retomar a vida animada e surgida, graças a Deus brasileiro, dessa letargia da qual despertou, em vistas do entendimento de que povo tem poder sim.

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