sexta-feira, 24 de maio de 2013

Drag sim!

Drag sim!
por maneco nascimento
O mundo, em nosso derredor, ganha força e fama de novíssima contemporaneidade e a aldeia global – interrede – dá seu pulo do gato do silício a código(s) binário(s) ampliados, genes do coração jurássico da matéria mole e dura (solftwere e hardwere), “certo”?
Certo. Tão certo como a fórmula da vida em busca da felicidade, invenção do homem atribuída a Deus, segundo um grande cineasta contemporâneo. Mas, puxando intertexto para a aldeia local, o mundo brasis segue a vidinha contumaz para ninguém encontrar (de)feitos consideráveis à condenação. O leite industrializado brasileiro, por exemplo, continua prometendo longa vida e está em “bom uso” de formol para preservar, o “já morto”, consumidor desavisado. É nosso ouro branco oferecido, enquanto não condenado ao consumo, nas prateleiras dos grandes supermercados. Sem licença poética e na perspectiva de só lucros com o efeito placebo aos já em morte sempre vivos.
O histórico nacional não desmerece o mérito registrado. Já se conviveu com notícias bombásticas do anticoncepcional defarinha (gravidez em série para o milagre da criação); a reincidência do leite ampliado às custas das “misturas” rentáveis. No passado, soda cáustica, a cal, já branquinha, mimetizada ao leite original, é claro; bicarbonato de sódio fervendo os lucros desmedidos lácteos e muitas outras produções em escala industrial à mesa nacional. Silêncio! O empreendedor pode não gostar dessas notícias sobre seus negócios rentosos.
Mas há também outras novidades povoando a mídia. A Venezuela, a exemplo, importa papel higiênico, sabonete, creme dental, fraldas descartáveis, absorventes, etc., do mercado brasileiro. Bingo! Se a crise no país vizinho permitir, a nação companheira do cone sul poderá honrar o débito com a indústria nacional e ninguém sairá perdendo. Também se mata + nas ruas, nas vilas, nas favelas, às vezes, com mérito oficial dos “poliças” nossos de cada sorte. Mensaleiros condenados mantêm-se congressistas em mundo não hegemonicamente petista, graças a Deus e à democracia conquistada. E a urbe segue rumo, porque este é ano de Copa das Confederações que antecipa a Copa do Mundo Brasil 2014 e Olimpíadas 2016 e, eu digo “sim, é permitido, é permitido…”, parafraseando o poeta.
Mas nem tudo são flores de plástico, há ainda as que murcham e deixam um naco de perfume às “mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas.” A data da lembrança generosa foi 17 de maio de 2013. O evento secundário, o aniversário de Stella Simpson. O principal, “Divas of the World”, organizado pela performer oficialmente indispensável Stella, com patrocínio de Elias, da Sex Shop Anjo Sado e dispensa de pauta do Theatro 4 de Setembro, através do diretor da Casa de espetáculos, Antoniel Ribeiro.
Na noite, a homenagem ganhou peso dedicado à Graça Cordeiro, leia-se Lar da Esperança há + de 20 anos. O ingresso, 1 kg de alimento não perecível. Plateia significativa e a “renda” muito útil a quem convive com HIV/AIDS. Generosidade desinteressada, doada a quem precisa, seja através do primeiro exemplo (Casa de Apoio), ou do desdobramento da iniciativa humanística (aniversário homenagem).
Agora o que poderia atrair a curiosidade generosa do público? Ora, Elas por Elas mesmas, através das Outras representadas, “Divas of the World”, com atenção desdobrada, a partir das 20h, na ribalta iluminada do 4 de Setembro. Glamour, luxo, brilho e idiossincrasias de estéticas aplicadas a bens culturais intangíveis, de arte para dons de drags, travestis, transformistas, performers de boites, cabarés e tablados profissas de todas as eras, sejam de Aquarius ou de terras de dragões.
Da festa solidária, propriamente, “Divas…” manteve a receita do sucesso à recepção. Uma indispensável apresentação, cunhada por Stella Simpson, que sempre bem recheada de bom humor, picardia venal e tiradas de morde e assopra para manter rindo público e convidadas ilustres. Pela esteira do sucesso passaram todos os motes e toda felicidade caracterísiticos, pensados ao prazer e entretenimento ofertados pelas intérpretes ao público.
Na abertura, um apêndice à dança do ventre com a Academia Isabel Lins. Depois, vieram as miss Universo gay; miss Piauí; 1ª. miss Piauí (na época da ditadura militar, com certame realizado em um sítio, fora da cidade) e rainhas do Carnaval. Assim, Andréa Carão; Delly Cavalcante; o furacão Lilika Network que trouxe dois números, show de salto a La Madonna e outras fantasias Diva drags; Michele França; Luisa Calmon, com seu bom número de carimbó; a 1ª.miss Gay piauiense, Janelle D’gonzales; Laura Scaranzi; Amanda Muller; Selda Torres; Roberta Gasparelly (a eterna dublê de Billie Holiday), um cabide maravilhoso em performance de transformismo e dublagem; e, no desfecho da noite, Isabelita Kennedy com suas variações de coquetes e rainhas de Teatro de chanchadas brasileiro. Mantém o “feeling” daquela menininha que desfilava as longas pernas e perfil de Twig no calçadão da PII.
(Billie Holiday, a grande Diva/divulgação)

Tudo é festa quando a vida empresta alegria e felicidade certa, dividida com quem espera, às vezes, só um sorriso e uma palavra amiga, de esperança larga. Registro: faltaram à noite e perderam o nome no cartaz do evento, Ludmila Petrovisk e Scarllet O’hara, mas poderão converter agenda, quem sabe, em 2014.
Graça Cordeiro agradeceu tamanho carinho e desejou ver o espetáculo + vezes repetido. Um coração para amar cumpriu praça e São Jorge lançou proteção sobre as Drags, sim.

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