segunda-feira, 25 de setembro de 2017

"O Todo em 50"

- João Cláudio Moreno Conta e Canta Caetano -
por maneco nascimento

Ninguém segue João Cláudio Moreno impunemente. E, nem sai de suas atuações, sejam humor, música show e outras ousadias artísticas, insatisfeito. Ele, o ator, cantor, performer humor man, jornalista, intelectual que não perde a informação, memorialista e guardião de origens, tradição e rupturas à feita de picardias inteligentes, sabe do sabor traçado de bem entreter.


Pois é dessa cepa de humor e talento aplicáveis a muito bons resultados que deu-se o Show "João Cláudio Moreno Conta e Canta Caetano", na marca de agenda em temporada de final de semana [23 e 24 de setembro], sábado 20h, e domingo, 19 horas, últimos, no Theatro 4 de Setembro.

Fez a cidade rir-se, divertir-se e melhorar a pele e guardar uma boa memória de quem ousa, mas com toda classe de "know-how" e expressão t r a b a l h a d o s!

Quem marcou presença na plateia do cinquentão João Cláudio, sabe do que se está falando. Como define João Vasconcelos, é "o Todo em 50".

Espetáculo de 50 minutos recheado de bom humor, informações, histórias e  memórias, transversal do tempo entre a arte do ator/intérprete/criador de tipos e a arte do artista homenageado[Caetano Veloso] que, por vezes, a liberdade criativa intercursiona e "confunde" quem é quem no momento da boa piada e/ou na quebra do protocolo, entre a arte do artista e seu tipo de ser e fazer as vezes da grande arte no simples.

"Espetáculo  maravilhoso!", aponta Vasconcelos sobre o enredo do show. Um passeio pelas letras e composições de Caetano, inclusive "clareando algumas letras e suas histórias de construção das canções", diz o diretor do Theatro 4 de Setembro.

A música "Leãozinho" esteve entre as pautas de histórias das composições do baiano, bem como um "affair" que envolvesse Caetano e Cazuza no universo de compositores e composição que vira canção.

Também abriu, o artista e seu show, homenagem a Luiz Melodia. Alegou que não tinha voz para cantar o compositor carioca, seu grande ídolo. Declarou João Cláudio que Melodia seria o artista mais completo e uma das vozes mais lindas para ele. Para homenagear o grande compositor Melodia, João Cláudio resolveu cantá-lo, na voz de Caetano. Um duplo de atuação, Luiz através de Caetano, por João.

Das histórias que perpassam o Show e canções que contam e cantam Caetano, há a que enreda as viagens que João fez à África, onde observou que as pessoas falam cantando. As narrativas de falas cantadas africanas ganham um sabor super risível nas versões de picardiass eficientes joãoclaudianas.

Dois bons momentos que "fogem", algum pouco, do roteiro de Contar e Cantar Caetano, Luiz Melodia e as viagens à África.

E, por fim, as histórias mais reais, ainda, de quem perde o amigo, mas nunca abre mão da piada. As tiradas de letras inadequadas, contadas por João, com um pedido de desculpas antes, às travessias de Iara[mulher do Dantas] no meio artístico.

Tudo dito de forma tão risível, que é de gerar um só riso na paisagem da janela do intrincado mundo de pequenas (in)delicadezas e inconfidências de detalhes sólidos que se desfazem no ar do riso coletivizado.

"João Cláudio Conta e Canta Caetano", na esteira do deus Ex-machine do riso inconfundível, seria entre suas pérolas do show biz, uma de suas melhores atuações.

Marca em cena dramática, na semântica do bom viver, sem afrancesamento, um João[Caetano] deitado na rede esplêndida a esticar a dialética da "Ladeira da Preguiça", sem precisar trazer - cantado - um outro baiano de mesma geração de Caetano e também doce e bárbaro da MPB.

Um impagável João Cláudio Moreno e um show a perder de vista de tão bom resultado ao reunir, ainda, uma geração de novos piauienses e excelentes músicos (Bruno Morenoh, Júlio César Ô Preto, Lívio Nascimento, Luciano Santos [direção musical] e
Paulo Dantas) que acompanham o ator/humorista/cantor e desvelam música, na mesma sintonia de atuação, sinergia melódica de arte e artistas revelados.

Parabéns a João Cláudio e sua trupe que, para ficar em Doces Bárbaros, numa paráfrase de sucesso de Gal Costa, década de 80, engrupem um som ao humor de mais requintado efeito à recepção e interação estética às memórias musicais da Canção Brasileira, em intertextuais na arte do riso e da contação das histórias da vida de artistas.

É Show para vender o Peixe, desses que passem bem longe do "peixe" da ditadura brasileira, pois é de toda liberdade.

Evoé, Arte bossa nossa!

fotos/imagem: (divulgação//\\socorro nascimento)

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