terça-feira, 10 de maio de 2011

Cena recolhida

por maneco nascimento
(arquivo)
O furacão “Raimunda Pinto, sim senhor!” apascentou as memórias percorridas. Desceu à galeria das montagens aposentadas. O ator e produtor executivo de teatro, Francisco Pelé, também timoneiro da peça fenômeno de público, em todos os tempos piauienses, resolveu encerrar a carreira da menina dos olhos populares, do riso e do entretenimento.
Depois de várias tentativas do protagonista do espetáculo de levá-lo ao estaleiro, dessa feita deu-se por fim o propósito. Com estréia agendada nos dias 04, 05 e 06 de junho de 1992, no palco do Theatro 4 de setembro, ficou em cartaz por dezenove anos bem vívidos. Conquistou as platéias do Brasil por onde a cearense leporina contou sua história.

(arquivo)
“Raimunda Pinto, sim senhor!” fez rir a público de uma, dez, de cem, de trezentas, de quinhentas e de mil e oitocentas pessoas. Ganhou prêmios nos + diversos festivais brasileiros e deixou rastro luminoso de teatro moderno, bem distante do morto que vaticina Brooke. Abriu linguagem de contemporaneidade às velhas e gastas escolas que enviesaram a raiz aristotélica.

(arquivo)
Amada por muitos brasileiros. Foi odiada por alguns que, a princípio, não a entenderam e depois desenvolveram uma “inveja saudável”, quando teriam que dobrar-se ao sucesso de novidade, de expressionismo aplicado ao simples da dramaturgia conceitual e de propósitos.

(arquivo)
Para alguns era uma viadagem. Para outros um equívoco. Para os de canais abertos, uma comunicação eficiente sem ruídos, mas ruidosamente incomodativa. Alunos cariocas foram vê-la, em temporada no Teatro da UERJ, depois de lerem crítica negativa de Bárbara Heliodora. Para eles qualquer espetáculo condenado pela Heliodora merecia ser conferido, não se decepcionaram.
Numa das últimas apresentações em São Paulo, no Festival Latino Americano de Teatro, na Sala Jardel Filho, foi ovacionada e tratada como primorosidade de efeito inteligente, humorado e de corpos que falavam como que por coreografias pensadas para a dança. Nada que o Grupo não tenha estudado e aprimorado ao longo da vida. Mas sempre foi só exercício do ator em teatro sempre vivo.

(arquivo)
Quando ganhou prêmio da FUNARTE à circulação em Brasília, no começo dos anos 2000, foi considerado o espetáculo de melhor público dos que passaram pelo Teatro Dulcina(Conjunto Nacional). Como recompensa voltou em nova temporada para mesma Casa de espetáculo.
Circulou o centro oeste, nordeste, sudeste e sul do país. Ficou devendo seu bom humor a Manaus, Belém e outras plagas do norte. Mas nas cidades do interior do estado, nas capitais do Brasil visitado, em cima de caminhão, de mesa, praças abertas, beira de rodovias, Teatro de bolso, ginásios poliesportivos e pátios de escolas, não há quem guarde qualquer queixa.

(arquivo)
 Só a memória do bom riso e felicidade de compartilhar a saga da cearense subdesenvolvida que descobre seu pássaro azul e volta ao seu Ceará para criar galinhas, mandar rachar o céu da boca, para voltar a ser fanha e colher ovos azuis, verdes, amarelos de Adilza, Adilfa e Adelfa. O discurso do genial Chico Pereira da Silva transversalizou Pound e Gaudí e reverberou a própria memória afetiva.

(arquivo)
“Raimunda Pinto, sim senhor!” que começou carreira fazendo campanhas beneficentes ao Lar da Esperança(Graça Cordeiro), recolheu a cena em nova campanha. Dessa vez em benefício à Casa Sorriso, Associação de Apoio aos Fissurados e Portadores de Lábio Leporino(Dra. Lúcia Carvalho). A apresentação para platéia lotada ocorreu no Teatro da Assembléia, no último dia 7 de maio de 2011, às 19.30 horas. Fenomenal!!”

(arquivo)
Elenco junto há quase duas décadas, composto nessa última fase por jorge carlo(Mãe/Enfermeira); francisco pelé(Raimunda); arimatan martins(Palhaço Goiabinha); francisco de castro(Izaura); fernando Freitas(Lindalva); maneco nascimento(Doutor Kildare/Milionário); marcel Julian(Marinheiro/Seu Gregório) e airton martins(Playboy/Getúlio Vargas).
Músicos que preencheram a pauta musical, Edgar Lippo(in memória); Donizeth Bujigia; Pizeca; Betinho; Juroba; Marcos Oliveira e Zaqueu da Sanfona. Agradecimentos muito especiais aos atores Dirceu Andrade, Amauri Jucá, Moisés Chaves, Elielson Pacheco, Ozanan Sobrinho e Mariano Gomes.

(arquivo)
Raimunda recolhe-se deixando um rastro de luz e sombras. Em claros e nebulosos mapas estelares guarda-se às melhores memórias conquistadas e acata decisão do intérprete carro chefe que protagonizou a anti heroína e deu-lhe o descanso conveniente.
(arquivo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário