Teatro que se tem e o que se quer
por maneco nascimento
Proveitosa a tarde do dia 26 de
março de 2013, a partir das 14h30, quando proposições e discussões sobre os
rumos do teatro no município de Teresina, o que temos e o que
queremos ganhou forma de pensar resultados + práticos.
O encontro, no Complexo Cultural
do Matadouro – Teatro do Boi, reuniu artistas, diretores, promotores culturais,
estudantes, representantes de entidades ligadas ao teatro e à cultura das cenas
na capital e representantes da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves,
promotora do evento.
Jesus Viana, coordenador da pasta
de teatro da FMC mediou os serviços. Na mesa comunicante, Daniel de Aracacy,
gerente de promoções culturais da Monsenhor Chaves, Aci Campelo , autor e diretor de teatro e
Adriano Abreu, representante do SATED – PI. Ainda concorreram ao evento Carlos
Rocha e Lázaro do Piauí, superintendente e presidente da Fundação,
respectivamente.
Tratou-se sobre lançamento de editais públicos
para a área de teatro, incluindo o de ocupação de casas de cultura do
município; editoração, de autores premiados, em atraso; leis de incentivo à
cultura; formação de platéia e divulgação dos Teatros municipais para maior
visibilidade dessas Casas na comunidade; isenção de pautas; circulação de
espetáculos nos bairros e nos equipamentos de cultura. Bons temas em conversas
franqueadas.
Também se tratou da revitalização do Festival
de Monólogos "Ana Maria Rêgo" e do Festival de Teatro de Bairros e de Bonecos,
assim como da fomentação de projetos que não só valorizem a linguagem do teatro
e circo, como recuperem o período, constatado, de afastamento concreto entre a Fundação
Municipal de Cultura Monsenhor Chaves e a classe teatral de Teresina.
O representante do SATED – PI,
Adriano Abreu, destacou o teatro de Teresina como o de vir a ser, em relação a
outros estados em que há a demonstração de força da cena consolidada na prática
cênica. Acredita o estudioso de teatro que em Teresina ainda se está nas
exterioridades e que não há dedicação, pesquisa e estudo para produzir teatro
de melhor qualidade, embora haja grupos com resultados satisfatórios.
Que, em
2012, só houve uma estreia de espetáculo, a do Harém. Outras manifestações
foram de montagens já estreadas. Quanto ao produto local, acredita, grosso
modo, haver uma incipiência de resultados por falta de aprofundamento, estudo e
dedicação que tornem nosso teatro + profissional.
Aci Campelo falou de necessária qualificação
técnica do profissional da área, dos novos artistas surgidos à cena, da falta
de apoio a pequenas iniciativas surgidas nos bairros, homenageadoras de artistas
do histórico teatral local, e que estas não encontram qualquer apoio das secretarias
de cultura do município ou estado. Falou também dos festivais de bairros surgidos
no Teatro do Boi, com público extraordinário e espetáculos de boa qualidade que
perderam essa prática de realização.
No meio de falas sempre preocupadas com o
fazer teatral local, acrescentou sobre a necessidade da formação do ator da
cidade e também da proposta surgida, de uma comissão de artistas que estaria
indicando colegas, + experientes e com tempo de estrada, à qualificação
específica de teatro que os tornem replicadores do aprendizado na composição do
curso superior de artes cênicas, pensado para Teresina.
Daniel de Aracacy disse estar satisfeito não
só pela oportunidade surgida ao dialogismo entre artistas e a FMC, de poder
estar participando de assunto que merece receber melhor suporte de apoio
oficial, mas também falou da necessidade da tomada de consciência da classe
artística de teatro.
Que a classe se imponha e ocupe lugar de concorrência efetiva da
linguagem e produto que realiza, na cidade, e cobre junto aos órgãos públicos o investimento
devido. Só dessa forma o teatro da cidade se fortaleceria e estabeleceria local
de destaque e penetração nos bairros, nas casas públicas de cultura, nos
projetos e fomento ao movimento teatral de Teresina.
O Presidente da Fundação
Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, Lázaro do Piauí, acrescentou que, à
frente de pasta de cultura do município, detém o papel de convencer o prefeito
a investir em projetos, mas que essa provocação tem que partir dos artistas que
é quem sabem das necessidades e por onde devem caminhar as melhores formas de
viabilizar ações que integrem interesses dos profissionais de teatro. Que está
de portas abertas para ouvir e encontrar, a partir do diálogo, soluções que
deem condições de também o teatro estar + presente em programas culturais.
Falas significativas também
vieram de Roger Ribeiro, ator e diretora de teatro que, como representante de
grupos em Teresina e Timon, cobrou + divulgação das Casas de espetáculos,
mantê-las de portas abertas, durante o dia e não só em horários de apresentação
de eventos, para que as pessoas entrem e até descubram que há um teatro na
comunidade.
Francisco Pellé acrescentou da dificuldade dos
grupos de circularem seus espetáculos, até pelos bairros. E que embora se tenha
preocupação com as Casas e sua manutenção física, há também que se ter um olhar
voltado a investimento aos projetos e grupos, propriamente. Que o artista pode
se apresentar em espaços alternativos.
Que há dificuldades de se conseguir
pautas, porque onde há editais de ocupação, a divulgação é pouco eficiente e
quando se sabe as pautas já estão todas ocupadas. Hoje se está trabalhando em
montagens alternativas, para espaços alternativos de ocupação, mas é necessário
fomento público, porque o artista precisa de apoio financeiro do estado para
poder realizar seus projetos.
Jesus Viana lembrou que a tarde, estendida
até às 18 horas, foi bastante produtiva e estaria dentro das comemorações do
Dia Mundial do Teatro e, na programação realizada pela Prefeitura, através da
FMC, ainda haveria a apresentação dos espetáculos no dia 27 de março. O
infantil “Senhor Rei, Senhora Rainha”, do Grupo Raizes de Teatro, às 15 horas e, à noite, 19 horas, seria a vez do espetáculo adulto “O Estudante”, do Núcleo de
Teatro do Bairro São João.
As apresentações, no palco do Teatro do Boi, com entrada franca.
Encerrou-se o encontro com as falas do coordenador de teatro da FMC, Jesus
Viana.
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