Papa Chico
por maneco nascimento
Primeiro Papa latino-americano,
resultado perseguido pelos países “baixos”, meta insistida durante algumas
incursões de fumaças vaticanas; primeiro jesuíta a ocupar o cargo + estelar da
política da Igreja católica apostólica romana e o primeiro Francisco, na
história papal.
Com a outra qualidade histórica, substitui
um Papa (Joseph Ratzinger - Bento XVI) que renunciou ao cargo, só desprendido com a
morte, este último o segundo na história da Casa de Pedro e Paulo (os pioneiros
como base da igreja e expandidor do cristianismo no mundo pagão,
respectivamente) a cometer a renúncia papal. Também será o primeiro Papa a ter
um encontro, em vida, com outro herdeiro de Pedro, o agora Emérito Bento XVI.
O cardeal latino, Jorge Mário
Bergoglio, vem da terra de outro Jorge, o Luis Borges, e desempenhou sua
caridade e solidariedade cristã, segundo consta, nas franjas portenhas. Seu
discurso papal defende a humildade e a oração como fundamentos católicos. Seu
currículo aponta para vida simples, convivência entre os humildes e, enquanto Bispo
de Buenos Aires, de ter mantido a preferência de andar em transportes públicos
urbanos, como o metrô.
No Vaticano, cidade- estado na
geografia da Roma, terá que enfrentar as conspirações (de teorias ou reais) e
conviver com narizes disfarçadamente virados, resistências azeitadas por + de
dois milanos, tradição confrontada com sua postura + livre e baseada na simplicidade,
respeito declarado ao próximo, e humildade divulgada em práxis de formação de
opinião cristã.
Tem demonstrado abrir mão das pompas
e circunstâncias do cargo top da Igreja Católica, preservado hábitos de morar
onde escolher, pagar as contas e, se possível, carregar a própria bagagem e
cozinhar o próprio alimento, se a convenção vaticana permitir. Em pouco + de
uma semana já alvoroçou o mundo cristão de tradição e ruptura e proferiu falas
emblemáticas e “chocantes”.
Para o arcebispo metropolitano de
Teresina, Dom Jacinto de Brito Sobrinho, em entrevista coletiva concedida à
imprensa local “(...) a escolha de um cardeal latino americano para o papado
deve aumentar os olhares do mundo sobre o continente, que agora se torna um ‘continente
da esperança (...)” (matéria de Cícero Portela/O Dia, 14 de março de 2013/pag.
5 [Últimas]/portalODia.com)
Lutar contra a objeção à fé e contra
o ateísmo será uma contemporânea cruzada que fortaleça o Cristianismo no mundo,
não será tarefa fácil e não se tem qualquer dúvida disso. Mas estará, também, no
confronto com a ala vaticana progressista, que quer discutir o fim do celibato,
+ transparência nas questões que envolvam corrupção (prevaricação) e a de
menores, talvez uma das maiores chagas “pintura moderna”, da Igreja, a serem
enfrentadas.
Papa tido como surpresa a todo o
mundo de olhar e fé vaticanos, reunido em conclave, é também tido como o “azarão”
no jogo das cartas papais, sendo alçado do “fim do mundo”, segundo o já então
Francisco, detentor das chaves da cristandade mundial. Mas, é no fim do mundo
que os percursos da vida fazem a curva. E, se não foi ainda um Papa africano,
nem um brasileiro com ascendência alemã, que fosse um latino América, da
Argentina, com traços étnicos italianos.
“D. Cláudio Hummes: ‘Não lembro o que
aconteceu no conclave’”, lide de matéria publicada pelo estadão. E, no sub-lide,
“Cardeal brasileiro visto como principal articulador da vitória de Bergoglio
não desmente sua atuação como ‘cabo eleitoral’”. O escolhido tem anuência de
grandes nomes do cardinalício mundial.
(fotos do encontro de Francisco com 5.000 integrantes da imprensa no Vaticano 16.03.2013 AFP/reprodução)
“Foi
uma grande surpresa, que abre portas novas. Acredito que teremos um novo tempo
para a Igreja. São temos difíceis, mas ele tem a força. Deus lhe dá essa força
e iluminação. Deus dá o carisma para quem foi eleito (...) A reforma da Cúria, que vai
levar tempo e exigir esforço. Mas o papa é um homem muito misericordioso, além
de ser um homem determinado e independente, que não se deixa levar por pressões
internas.”
(trecho de entrevista, de D. C. Hummes, colhido de estadao.com.br/Atualizado:
16/03/2013 00:01).
De sorte é que, de latino para latino américa, ficou-se com
uma novidade que só tempo trará claras luzes no céu do Vaticano.Teremos
que aprender a conviver com essa boa nova que promete novos ventos, ou não, nos
embolorados corredores do Vaticano de que se houve falar.
"Nunca
queríamos um jesuíta como papa." A confissão é do vaticanista e jesuíta
americano Thomas Reese. Em entrevista ao Estado, o religioso admitiu que
ninguém dentro da ordem sabe hoje exatamente o que significa para a Igreja ter
um papa jesuíta e já prevê que o estilo de pompa e luxo predominante dentro do
Palácio Apostólico vai se chocar com seu voto de pobreza - o novo papa não abre
mão de usar transporte público, por exemplo.” (trecho de entrevista de Thomas
Reese, colhida do estadão.com.br/Atualizado: 15/03/2013)
Vamos
descobrir como é ter um Papa jesuíta que veio de resultado que causou surpresa
a todos. “Acho que sabemos que ele, em termos de teologia, segue as mesmas
linhas de João Paulo II e de Bento XVI. Outro aspecto é que ele é extremamente
progressista em temas sociais e de justiça. Ele lutou pelos trabalhadores, foi
crítico da globalização e o que causou para os povos dos países em
desenvolvimento. Além disso, ele assume seu voto de pobreza de uma forma muito
séria. Ele se recusa a morar no palácio dos bispos, aluga seu próprio
apartamento, cozinha sua comida e pega o ônibus.” (Idem)
(Idem)
Nosso
Papa Chico (que intimidade), ou Francisco (oficialmente) está ai é pra se
molhar mesmo e, se não descobrir o caminho das pedras, terá ao menos aberto
novo sinal, que seja de conflito crítico reflexivo, ao envelhecido modelo
vaticano de líderes cristãos que não aprenderam o milagre de “andar sobre as
águas”, nem efetivamente praticar o discurso dos peixes, de que nos falava padre
Antonio Vieira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário