sábado, 9 de março de 2013

Romã, Romão...


  Romã, Romão...
por maneco nascimento

O Doutor Honoris Causa, Júlio Romão da Silva, seguiu para as estrelas na manhã deste sábado, 9 de março de 2013. Parte um homem simples, de inteligência sem qualquer arrogância e artista que sempre tinha uma palavra e uma boa história para contar. Dramaturgo, poeta, jornalista e etnólogo, Júlio Romão, como era + conhecido, nos deixa aos 95 anos de vida bem vividos.

O escritor piauiense nasceu, a 22 de maio de 1917, em Teresina e morou durante muitos anos na cidade do Rio de Janeiro, até resolver voltar a sua terra natal. Na cidade maravilhosa desenvolveu suas aptidões para as artes da escrita na comunicação social em seus vieses de aproximação com a imprensa, a pesquisa etnológica, a poesia e o teatro.

Foi integrante do Movimento do Teatro Negro do Brasil, ao lado de grandes personalidades da cena nacional. Também trabalhou ao lado de Graciliano Ramos, com quem desempenhou amizade.

De toda uma vida dinâmica, às artes, ciências, filosofia e letras, acumulou méritos e agraciações inquestionáveis. Recebeu o Título de Cidadania do Rio e Janeiro e naquela cidade conviveu com medalhões da literatura brasileira. Homem de trânsito pertinente, sempre recebeu respeito e admiração de seus pares da área cultural e alhures.

No Rio de Janeiro também recebeu nome de uma rua, no Méier. Da Academia Brasileira de Letras- ABL, os Prêmios Filosofia e João Ribeiro. Com a peça de teatro “A Invasão” recebeu da ABL o Prêmio Cláudio de Sousa. Em Teresina obteve o Mérito Cultural Conselheiro Saraiva e a Universidade Federal do Piauí – UFPI concedeu-lhe o Prêmio de Doutor Honoris Causa, no ano de 2010, por sua atuação em benefício das artes, das ciências, da filosofia e das letras.

(o imortal Júlio Romão/foto: divulgação)

Sua obra literária, de passagem pela poesia e teatro, é destacável e de apelo estético e artístico conceituado, entre seus escritos estão:

Os Escravos: dramatização de Vozes d'África (1947); O Golpe Conjurado (1950); A Parábola da Ovelha (1963); José, o Vidente (1963); A Mensagem do Salmo (1967); Zumbo Zumbu (1967); A Epopéia Brasileira; O Monólogo dos Gestos (1968).

Ocupante da cadeira de número 31 da Academia Piauiense de Letras - APL, o poeta, escritor e jornalista brasileiro, Júlio Romão, bate asas em retirada rumo aos campos do Senhor, segue ao encontro de colegas de profissão e de afinidades artísticas e culturais. 

Com toda segurança que dividirá boas prosas e versos e argumentos e diálogos produtivos com outros imortais das letras, artes, filosofia e ciências. Amigos e colegas das horas de criação e cultura conspiradas o recebem em festa.

Como admirador da obra e do artista, tive o prazer de alguma boa convivência com o homem Júlio Romão. Como ator, participei de uma leitura dramática em sua homenagem. O texto dramático era “A Mensagem do Salmo”. Bela obra, de carpintaria impecável, de poesia ilustre e de discurso humanista irretocável. 

Através de prisma original bíblico, o dramaturgo redimensiona, em sua visão sensível de autor, um libelo de dramaturgia elaborada para fins de reflexão e crítica social, conflito e geração de novas leituras de teor político e educativo transformador.

Nosso Júlio descansa em paz do Senhor e deixa saudade, que arma quente, equilibra memória e história sociocultural brasileiras, escritas à pena e fogo da paixão do artista que nos legou sua mensagem de homem terra brasis, defensor de sua marca e estilo de ser do lado de cá desse equador na geografia artística nacional.

(querido Júlio Romão/foto: divulgação)

Romã, romã, manda dizer ao Júlio que nosso orgulho, respeito e admiração são de todo o coração ao velho Romão, terra da gente, fruto maduro com sabor de lembrança deixada no deguste, chão com terra molhada em dias de verão sempre esperado e memórias da pele, da cor, da vida e dos atos nobres que nos presenteou em sua passagem. 

Romã, romã guarde-o na paz e tranqüilidade do descanso merecido aos eleitos.

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