por maneco nascimento
O Complexo Cultural
do Matadouro – Teatro do Boi recebe em temporada nesse final de semana, 9 e 10
de março de 2013, às 20 horas, o espetáculo de dança “Masculinity”, com o
coreógrafo suíço Chris Leuenberger. Na proposta do intérprete-criador, um mergulho
no universo masculino.
Pela primeira
vez em palcos piauienses, o artista apresenta variações sobre o tema
masculinidade e a própria também está no centro de observação.
Segundo o intérprete, realizou entrevistas com homens acerca da masculinidade, fez reconsideração sobre os próprios modelos à masculinidade intrínseca e esmiuçou questões sobre o que significaria a si mesmo ser homem, no momento atual, qual a própria relação com seu corpo e que dança orgulharia seu pai.
Segundo o intérprete, realizou entrevistas com homens acerca da masculinidade, fez reconsideração sobre os próprios modelos à masculinidade intrínseca e esmiuçou questões sobre o que significaria a si mesmo ser homem, no momento atual, qual a própria relação com seu corpo e que dança orgulharia seu pai.
Na noite do dia
9 de março, Chris desempenhou uma árdua tarefa de fazer dança em coreografias
da pesquisa de movimentos de lugar comum, com identidade ao gesto e corpo que
falam o masculino. Movimentos repetitivos que vão se alterando entre o denso e
o sutil do propósito de valorização e ilustração de desenhos corporais.
Há em cada gesto, definindo-se, tal pela variação ao mesmo tema, tal pelo esforço contido na expressão da fala do corpo, um mapeamento de força e energia em contenção e expansão dos trabalhos heróicos para doze ou + manifestações do masculino e hercúleo.
Há em cada gesto, definindo-se, tal pela variação ao mesmo tema, tal pelo esforço contido na expressão da fala do corpo, um mapeamento de força e energia em contenção e expansão dos trabalhos heróicos para doze ou + manifestações do masculino e hercúleo.
(Masculinity: Chris Leuenberger/foto: divulgação)
Um ponto de
luz, na diagonal da direita da boca de cena, direcionado até o fundo esquerdo
do palco dá o mote de cenografia que vai recortar o corpo em falas e escritos
reproduzidos na segunda personagem, projetada na parede do palco italiano. Duas
energias estão na cena, a do ator coreógrafo e a que se instala como licença
poética no teatro das sombras, na segunda personagem em palco.
O masculino excele energia na cena real e transmuta novas energias nas ações das sombras. Dois espetáculos, o homem e sua sombra, a identidade da personagem se duplica e deixa à platéia dois mesmos movimentos masculinos, cada um com uma variação sutil e energética sobre o mesmo tema.
O masculino excele energia na cena real e transmuta novas energias nas ações das sombras. Dois espetáculos, o homem e sua sombra, a identidade da personagem se duplica e deixa à platéia dois mesmos movimentos masculinos, cada um com uma variação sutil e energética sobre o mesmo tema.
O intérprete,
em frontalidade de confronto com o ponto de luz, vai desenhando e, num quase “descuido”
do olhar da assistência, modifica o gestual para representar uma nova proposta
ao masculino representado.
De um desenho que poderia sair do neutro de uma personalidade profissional, ou característica de trabalho com suporte da força física e exercício continuado, pode-se, às vezes, identificar um nadador, um lenhador, um militar, um coito ou expressão de quadris projetados à frente, um lutador de boxe, entre outros, e um exercício, uma energia despendida para ato laboral másculo.
De um desenho que poderia sair do neutro de uma personalidade profissional, ou característica de trabalho com suporte da força física e exercício continuado, pode-se, às vezes, identificar um nadador, um lenhador, um militar, um coito ou expressão de quadris projetados à frente, um lutador de boxe, entre outros, e um exercício, uma energia despendida para ato laboral másculo.
Falas e corpo
trabalhados à exaustão, dentro de um preparo de marcas e tônus concentrados no
propósito, definem obra e arte criadora e criativa ao simples transformado em
cena pragmática e determinante da masculinidade prospectada, de valoração ou
expiação premeditada do gesto e movimentos expressionistas do corpo que fala +,
nos silêncios impactantes e nos ruídos provocados à extenuante ação corporal.
(Masculinity: Chris Leuenberger/foto: divulgação)
No descanso, do
êxtase, a personagem rola sobre o próprio corpo e vai amaciando, na delicadeza
da natureza em processo de zerar energias distendidas, todo o esforço representado.
A suavidade da música se bifurca com o gesto que se apequena até uma neutralidade da ação “agressiva”. Do chão amaciado à postura ereta do sapiens sapiens, a personagem retira a caixa de som do tripé e carrega-a sobre o peso dos ombros, enquanto realiza enredo depoimental da própria história.
A suavidade da música se bifurca com o gesto que se apequena até uma neutralidade da ação “agressiva”. Do chão amaciado à postura ereta do sapiens sapiens, a personagem retira a caixa de som do tripé e carrega-a sobre o peso dos ombros, enquanto realiza enredo depoimental da própria história.
Talvez um Atlas
carregando o mundo nos ombros, costas e cabeça, numa coreografia de apresentação
da proposição cênica. Do transitivo ao intransitivo, um extasiante processo do
homem e seus gestos, de energias e sombras confirmadas no ato de representar-se
a si mesmo e reiterar identidades masculinas presentes no cotidiano do animal
pensante do gênero “alfa” da criação.
Como último
ato, este de interação com o público. O Bailarino desce do palco e sugere que
alguém da platéia o ajude a demonstrar uma emoção de choro, a partir de provocações
físicas, tapas no rosto, facilitadas pelo coadjuvante saído do público.
Quem se ofereceu ao exercício foi o bailarino-coreógrafo, Paulo Beltrão. O que se segue é uma pessoa distribuindo tapas na bochecha do intérprete. Uma sessão diferente e + real, haja vista esse novo enredo quebrar a quarta parede para ato impactante.
Quem se ofereceu ao exercício foi o bailarino-coreógrafo, Paulo Beltrão. O que se segue é uma pessoa distribuindo tapas na bochecha do intérprete. Uma sessão diferente e + real, haja vista esse novo enredo quebrar a quarta parede para ato impactante.
Do choque da
ação assistida pelo público à expectativa gerada a um resultado solicitado pelo
intérprete-criador, não houve, na noite do dia 9 de março, o que propunha Chris
Leuenberger com auxílio da assistência.
Foi apresentada uma justificativa, de ambas as partes, do diálogo de tapas e ansejos, e, em seguida, após agradecer a participação de Paulo Beltrão, o coreógrafo ainda solicitou uma segunda pessoa da platéia para uma nova tentativa do exercício. Como não houve nenhum outro voluntário, Chris deu por encerrada a sessão de “Masculinity”.
Foi apresentada uma justificativa, de ambas as partes, do diálogo de tapas e ansejos, e, em seguida, após agradecer a participação de Paulo Beltrão, o coreógrafo ainda solicitou uma segunda pessoa da platéia para uma nova tentativa do exercício. Como não houve nenhum outro voluntário, Chris deu por encerrada a sessão de “Masculinity”.
De toda a obra
representada há uma, muito presente, máquina humana, com suas sutilezas e
sensibilidades encravadas no gestual entre “brusco” e concentrado em definição
conflituosa de natureza do homem. Gera, no lucro, estética de cena, estilo e
pesquisa corporificados à nova dança inteligente e, no particular do teatro de
propósitos, toda uma argamassa experimental e fruto de repertório de vivências
para fuga do lugar comum.
(Masculinity: Chris Leuenberger/foto: divulgação)
Simples e
complexo, de lingüística laica, que expressa energia e sombras em luzes do ato
criador perspicaz e de eficiência cênica. Masculino, de razão e sensibilidade
projetadas no artista, em sua expansão do homem que fala a própria língua e
detém atenção do interlocutor voltado ao “Masculinity”, de Chris Leuenberger.
Aos curiosos e
amantes da nova dança, ainda há + uma sessão do espetáculo. Nesse domingo, às
20 horas, no palco do Complexo Cultural do Matadouro – Teatro do Boi. Quem não
vier, viverá para lamentar não ter visto “Masculinity”.
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