domingo, 24 de março de 2013

De Karla para Kátia


 De Karla para Kátia
por maneco nascimento

Nenhum estranhamento quando se fala o nome de Kátia, que já exerceu o cargo de vereadora e de vice-prefeita da cidade Colônia do Piauí. Pelo contrário, um orgulho se assemelha a qualquer bom piauiense, especialmente, o de sua cidade natal. Kátia Tapety, com sobrenome de família tradicional daquela região ao sul do estado, é também uma grande mulher que conseguiu com esforço e muita determinação se impor e adquirir o respeito, seja de sua comunidade, seja do país que detém o primeiro exemplo de transexual a assumir cargo eletivo no Brasil. 

Nascida José Nogueira Tapety Sobrinho é filha de uma família de políticos e mantém firme o projeto de se tornar a primeira prefeita transexual do Brasil. Até os 16 anos viveu praticamente escondida dentro de casa. Foi para a escola só até a terceira série do ensino fundamental. Depois disso, seus pais a mantiveram reclusa. Residente no município de Colônia do Piauí (PI), distante 388 quilômetros ao sul de Teresina, a capital piauiense, ingressou no PFL pelo qual foi eleita vereadora em 1992, 1996 e 2000 (sempre em primeiro lugar[1]) filiando-se a seguir ao PPS, então partido de Ciro Gomes, seu ídolo político. Foi também presidente da Câmara Municipal no biênio 2001-2002.[1][2] Em 2004 foi eleita vice-prefeita na chapa de Lúcia de Moura Sá. A candidatura de ambas contou com 62,13% dos votos dos 5.417 eleitores da pequena cidade.” (www.wikipedia.com.br/acesso: 24.03.2013 às 17h27)

Em Colônia do Piauí, Kátia é oficialmente funcionária pública da área de saúde. Na cidade de 7 mil habitantes, plantada no sertão do Piauí, a cidadã Kátia Tapety desempenha de tudo um pouco, uma “al faz tudo”. Política, parteira, líder comunitária e agente de saúde. E dentro de suas prerrogativas de apoiar pessoas que exigem assistência real, ainda mantém resistência para desempenhar as vezes de assistente social, psicóloga, advogada, motorista e até vaqueira quando necessário.

Sua passagem pela política oficial é considerada extraordinária porque abriu precedente “(...) para novas e futuras conquistas sociais e de cidadania dos transgêneros. Mostra que é possível para um transgênero exercer seu direito de cidadania e ter uma vida digna, afastada dos estereótipos (...) As quatro eleições municipais já ocorridas em Colônia do Piauí foram disputadas por Kátia, que conseguiu vencer todas. Além de vice-prefeita, já foi vereadora por três mandatos, e num deles assumiu a presidência da Câmara Municipal. Seu grupo político tem apoio de diversos grupos da cidade, inclusive de membros de igrejas evangélicas (...) Na eleição de 2008, candidatou-se a vereador, obtendo apenas a suplência.” (Idem)

E é sobre a vida dessa cidadã que o filme documentário “Kátia”, de Karla Holanda, será exibido como lançamento em Teresina, nesta segunda feira, dia 25 de março de 2013, às 19 horas, no Complexo Cultural do Matadouro – Teatro do Boi. 

(Kátia à esquerda e Karla à direita/foto: Junior Aragão)

A idealizadora do filme, Karla Holanda, é natural de Parnaíba, nasceu a 23 de maio de 1965 e desenvolve cinema e vídeo desde 1992. Fonoaudióloga em Fortaleza, no Ceará, deixou essa carreira e seguiu para o Rio de Janeiro onde começou nova empreitada, no audiovisual.

(...) Ainda em 1992, realizou seu primeiro curta, uma ficção sobre vampiros. A partir daí, iniciou uma série de seis documentários sobre escritores brasileiros: Lúcio Cardoso, Pedro Nava, Antônio Carlos Villaça, Aníbal Machado, Rachel de Queiroz e Antônio Salles, exibidos em canais de TV e em instituições, como universidade, escolas e centros culturais e alguns premiados em festivais (...)” (www.wikipedia.com.br/acesso: 24.03.2013 às 18h26)

E é para obra desta cineasta brasileira que todos os olhares estarão voltados ao vídeo-depoimento da personagem que virou notícia nacional, quando venceu preconceitos e barreiras e tornou-se a Kátia Tapety que conhecemos. 

Kátia nasceu em 24 de abril de 1949, na cidade de Oeiras, a primeira capital do Piauí e, como a primeira transexual brasileira a deter cargo político, causou frisson aos + tradicionais, mas muito orgulho a quem vê a inclusão e a diversidade como princípio de interrelações humanas e integração do discurso de liberdades e arbítrio que alcancem novos padrões de convivência social na diversidade.

“Kátia”, o filme, em exibição dia 25 de março de 2013, às 19 horas, no Teatro do Boi. É a melhor agenda, nesse início de semana, na noite de Teresina. A cultura, entretenimento, educação e sociabilidades se estabelecem na Teresina que reconhece os seus e amplia as redes de reiteração da história brasileira.
  

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