segunda-feira, 1 de abril de 2013

Porque 27 é memória

Porque 27 é memória
por maneco nascimento    
 
No último dia 27 (quarta feira), antes que caísse a folga à semana santa, o Complexo Cultural do Matadouro – Teatro do Boi ainda teve tempo de incrementar o Dia Internacional do Teatro, com uma programação para adultos e crianças. Reiterada a data para comemorar uma das práticas + antigas de manifestação de religião, arte, cultura, política e exercício do convencimento, antropologia feito forma. A mímesis da mímesis, na práxis da arte de representar, teatro.

Às 15 horas, daquela tarde, o espetáculo “Senhor Rei, Senhora Rainha”, do Grupo Raizes de Teatro, com direção de Lorena Campelo e texto de Benjamin Santos, recepcionou um público extraordinário de aluno(a)s de oficinas de teatro e dança, mantidas pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves; aluno(a)s de escolas públicas e privadas vizinhas do Teatro do Boi; público da comunidade, curiosos e amantes do teatro. No Dia do Teatro, a Casa esteve de portas abertas e lotada.
(público de "Senhor Rei, Senhora Rainha"/foto: Luiz Tito Vieira)

O espetáculo infanto-juvenil, uma comédia de erros adaptada de obra de William Shakespeare. “Senhor Rei, Senhora Rainha” reúne enredo de Romeu e Julieta e até algumas inferências do “muro que fala e alcovita”, na metalinguagem (teatro dentro do teatro) presente em “Sonho de uma noite de verão”. Uma boa dose de divertidos encontros e desencontros de famílias e amantes “errantes” e proibidos.

(Idem)

A segunda entrada franca ao Teatro deu-se às 19 horas. O espetáculo “O Estudante”, do Núcleo de Teatro da Biblioteca do Bairro São João. A montagem realizada por adolescentes e jovens, em projeto continuado de manifestação teatral, naquele bairro, facilitada pelo diretor de cena Adalmir Miranda. Texto, de construção dramatúrgica, adaptado por A. Miranda e Antonio Nivaldo Nascimento, trata-se da infiltração das drogas na escola e na família e as devastadoras conseqüências da dependência química.

(O Estudante/foto: Luiz Tito Vieira)

Montagem densa e de drama real que repercute reflexão acerca dos dissabores da dependência química. Tudo é demonstrado nu e cruamente para comover e deixar o público envolvido de forma incondicional no ato dramático realizado.
(O Estudante/foto: Luiz Tito Vieira)

“Senhor Rei, Senhora Rainha”, um teatro leve, risível e quase à farsa de divertir e entreter, tratando de dramas sociais e humanos da aristocracia de qualquer mundo que divide e conduz poderes de status social. “O Estudante”, um corte na ferida de qualquer mundo contemporâneo, sujeito a dias de agruras e determinismos forjados pelas sociedades responsáveis pelos próprios males que as afligem.
(O Estudante/foto: Luiz Tito Vieira)

Nesse último dia 27 de março, festejados os atos de cenas à cena da comédia e tragédia humanas, o universo conspirou para que a arte e a cultura do teatro permanecessem sempre-vivas, porque aquele Dia é dia de memória e de história da construção social crítico-reflexiva, através da cena e do palco da vida imitada e reproduzida a efeito de identidade e identificação sociocultural.
(O Estudante/foto: Luiz Tito Vieira)

+ dias sejam festejados porque teatro é toda memória de espíritos livres e replicadores da arte de fingir e representar, na estratégia de convencer com convicção artístico-cultural às memórias de Baco. A senhores reis, senhoras rainhas e estudantes também, artistas e artífices do palco, merde!


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