por maneco
nascimento
No último dia
27 (quarta feira), antes que caísse a folga à semana santa, o Complexo Cultural
do Matadouro – Teatro do Boi ainda teve tempo de incrementar o Dia
Internacional do Teatro, com uma programação para adultos e crianças. Reiterada
a data para comemorar uma das práticas + antigas de manifestação de religião, arte,
cultura, política e exercício do convencimento, antropologia feito forma. A
mímesis da mímesis, na práxis da arte de representar, teatro.
Às 15 horas,
daquela tarde, o espetáculo “Senhor Rei, Senhora Rainha”, do Grupo Raizes de
Teatro, com direção de Lorena Campelo e texto de Benjamin Santos, recepcionou
um público extraordinário de aluno(a)s de oficinas de teatro e dança, mantidas
pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor
Chaves; aluno(a)s de escolas públicas e privadas vizinhas do Teatro do Boi;
público da comunidade, curiosos e amantes do teatro. No Dia do Teatro, a Casa
esteve de portas abertas e lotada.
(público de "Senhor Rei, Senhora Rainha"/foto: Luiz Tito Vieira)
O espetáculo infanto-juvenil, uma comédia de erros adaptada de obra de William Shakespeare. “Senhor Rei, Senhora Rainha” reúne enredo de Romeu e Julieta e até algumas inferências do “muro que fala e alcovita”, na metalinguagem (teatro dentro do teatro) presente em “Sonho de uma noite de verão”. Uma boa dose de divertidos encontros e desencontros de famílias e amantes “errantes” e proibidos.
(Idem)
A segunda
entrada franca ao Teatro deu-se às 19 horas. O espetáculo “O Estudante”, do
Núcleo de Teatro da Biblioteca do Bairro São João. A montagem realizada por
adolescentes e jovens, em projeto continuado de manifestação teatral, naquele
bairro, facilitada pelo diretor de cena Adalmir Miranda. Texto, de construção dramatúrgica,
adaptado por A. Miranda e Antonio Nivaldo Nascimento, trata-se da infiltração
das drogas na escola e na família e as devastadoras conseqüências da dependência
química.
(O Estudante/foto: Luiz Tito Vieira)
Montagem densa
e de drama real que repercute reflexão acerca dos dissabores da dependência
química. Tudo é demonstrado nu e cruamente para comover e deixar o público
envolvido de forma incondicional no ato dramático realizado.
“Senhor Rei,
Senhora Rainha”, um teatro leve, risível e quase à farsa de divertir e entreter,
tratando de dramas sociais e humanos da aristocracia de qualquer mundo que
divide e conduz poderes de status social. “O Estudante”, um corte na ferida de
qualquer mundo contemporâneo, sujeito a dias de agruras e determinismos
forjados pelas sociedades responsáveis pelos próprios males que as afligem.
Nesse último
dia 27 de março, festejados os atos de cenas à cena da comédia e tragédia
humanas, o universo conspirou para que a arte e a cultura do teatro permanecessem
sempre-vivas, porque aquele Dia é dia de memória e de história da construção
social crítico-reflexiva, através da cena e do palco da vida imitada e
reproduzida a efeito de identidade e identificação sociocultural.
+ dias sejam
festejados porque teatro é toda memória de espíritos livres e replicadores da
arte de fingir e representar, na estratégia de convencer com convicção artístico-cultural
às memórias de Baco. A senhores reis, senhoras rainhas e estudantes também,
artistas e artífices do palco, merde!
Nenhum comentário:
Postar um comentário