por maneco nascimento
O FestLuso encerrou as atividades de espetáculos, no Teatro do Boi, dia 30 de agosto, com a apresentação do espetáculo pernambucano, "Haru - a primavera do aprendiz". A encantadora peça fez sua entrada no mundo mágico de ilusionismo e truques, a partir das 18h30, a um público bastante expressivo e preso à riqueza do fantástico encenado.
A Rapha Santa Cruz Produções Artísticas, de Recife, Pe Brasil, recebeu seu público em cenário (Marcondes Lima) de mil e duas mágicas em sexta edição lusófona. Numa enorme tenda colorida e preenchida de elementos cenográficos que ambientam, com muita cuidado estético, a casa do mágico, se passa a narrativa entre o mestre e o aprendiz.
(magias e ilusionismos maestrais/fotos Silvio Barreto)
Empanada de tecidos coloridos, estampados diversos, entradas e saídas de fuga da cena, baús, tapetes, caixas mágicas, balcão de práxis às magias, lanternas amarelas (chinesas, naturalmente) e um universo detalhado de luzes, adereços e cores conferem o espaço sob o qual os mágicos geram disputas, lições e aprendizados ao despertar da primavera do aprendiz de magias.
Um espetáculo redondo e equilibrado em manifestação, de ator ilusionista e dramático, de enredar o público nas artes e ofício da construção da personagem direcionada à prática espetacular de truques, jogos de ilusão e fantástico mundo de mostrar e esconder efeitos ilusionistas.
O intérprete criador e diretor de ilusionismo, Rapha SantaCruz, na personagem do aprendiz, está no lugar certo, de entendimento, do conhecimento mágico, na hora certa. Humor econômico, mágicas expressivas e tranquilo zelo de ator/mágico que acomoda a conspiração de iludir e convencer na arte das mentiras delicadas.
(a partida do aprendiz/fotos Silvio Barreto)
O ator convidado, Sóstenes Vidal, que compõe o mago mestre trama, amplia silêncios expandidos no furacão calmo da construção da personagem, de espelhada ação nas Ásias contemplativas e, espiritualmente, centradas na sabedoria, respeito, domínio de tradições.
(mestre ilusionista rígido humorado/fotos Silvio Barreto)
A concepção do espetáculo, de Rapha SantaCruz e Cristiane Galdino é clara, eficaz e dentro do universo conspirador que agiliza enredo e variações do plano dramático apresentado. A encenação e direção de arte, assinadas por Marcondes Lima, não devem falhas em qualquer momento do espetáculo.
Há um cuidado, na encenação, de aplicação detalhista, seja no desenrolar e manifestações das personagens, seja em ruídos que apresentam a chegada do aprendiz afobado, seja no mergulho dos silêncios dosados e oralizações, + estridentes no iniciante, e + concentradas de expressão e pragmáticos sonoros, arraigados de intenções e nuances das falas do mestre.
(lições de magia/fotos Silvio Barreto)
E a direção de arte, de Marcondes Lima, concorre à plástica refinada, uma caixinha chinesa com ricos detalhes de histórias, memórias e raízes de cultura a que está plantada a alegre narrativa encenada. A trilha sonora original (Marcelo Sena) é show de melodias sentimentais precioso e não poderia estar + apropriada ao que pede a história e refina o caldeirão de informações limpas.
O desenho de luz e operação, Eron Villar, metamorfoseia o já encantador universo apresentado e se integra plena aos sons e fúrias silenciosos que vêm de todo o conjunto da obra dramatizada. Os figurinos e maquiagem (Marcondes Lima), segunda pele apegada aos motivos e tradições e enchem os olhos pelos ajustes que configuram toda a plástica de matizes elementados na roupa,seja na maquiagem sóbria. De definidas identidade à pesquisa prospectada.
Não tem como não lembrar da direção de produção, Cristiane Galdino, que consegue reunir matéria visível que atomiza os efeitos visuais recepcionados, em todo o corpo estético do trabalho; a assistência de produção e gestão (Carla Navarro) e assistência de produção e contrarregra (Sílvio Barreto) que respondem pela dinâmica prática montada e resoluções da hora da encenação, respectivamente.
50 minutos de Circo/Teatro livre que passam num piscar de olhos e deixa a recepção com alguma sensação de durar um pouquinho +. Uma excelente e mágica ação de teatro ilusionista e dramático a se desenvolver primeiro a vontade, depois o desejo.
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