Uma caixa de surpresas
por maneco nascimento
O Projeto SESC Amazônia das Artes encerrou sua jornada
cultural, desse período, em Teresina, com o divertido “O Menor Espetáculo da
Terra”, pérola da Cia. Palhaços Trovadores (PA). A apresentação que fechou
esse círculo de arte reinventada ocorreu às 15 horas, nesse
15 de agosto de 2012, na caixa cênica do Theatro 4 de Setembro.
Cinco atores, cinco palhaços e divertidas histórias clownescas,
transversalizadas para linguagem de ato humano e de títeres. Os clowns em
figurinos neutros (branco), uma novidade de distanciamento dramático. O
colorido se apresenta no cenário e nas personagens manipuladas.
Umas caixas (malas em branco), um trapézio compondo a cartografia do limite da
tenda do circo, com sua cortina de contorno em vermelho e, para ribalta
investida, o rodapé em azul sobreposto por estrelas em branco e abas em cordões
de ouro, à feita de galões em ombros oficiais. Esse o mimético
palco d’O Menor Espetáculo da Terra. O + é virtuose confirmada da arte de
encantar a gregos, troianos e outro mundo atraído pelo riso e pela arte
circense.
Do release da brincadeira séria, tem-se: “‘O Menor Espetáculo da
Terra’ apresenta uma trupe de cinco palhaços abandonados pelo circo, que seguiu
viagem para outras paragens. Sem patrão, os palhaços sentem-se perdidos, desolados
na beira da estrada (...) Uma voz onipresente, espécie de superconsciência dos
palhaços, fala com eles e com o público, expondo suas fraquezas e mazelas, mas
também os estimula a montarem o circo de seus sonhos (...)” (material
de divulgação do espetáculo)
Ai começa a alegre iniciativa incentivada ao maior espetáculo da terra
em que as projeções dos artistas circenses se transformam em delicado e
econômico feito de O Menor Espetáculo da Terra. Seus espetáculos
exteriorizados, magia através do sopro de vida aos títeres, a Patinadora do
gelo, Domador de leões, a Contorcionista, o Trapezista e o Aramista. Um
ilusionismo, sem truques de esconde, para encanto de crianças de qualquer
idade.
Os intérpretes palhaços narradores, Alessandra Nogueira,
Cleice Maciel, Isac Oliveira, Marcelo David e Marcelo Villela, são de uma
tranqüilidade brechtniana comovente. Dão-se para O Menor Espetáculo da Terra
com devoção provocadora ao maior riso atraído da platéia. A narração minimalista
ilustrada é o espetáculo de grande entrada, eles palhaços só mediadores da
história transcendida de suas caixas de surpresas.
A iluminação, de Jorge Torres, tem a mesma característica equilibrada e
sutil de toda a Dramaturgia de cena e Direção, realizada por Anibal Pacha.
Um segredo revelado, sem estardalhaço gratuito ou apelações ao riso
pueril. Os grandes e pequenos dramas do circo se desenrolam, na cena preparada,
sem que se perca o fio da meada histriônica, dos 6O minutos de bom exercício
artístico de tirar gargalhadas saudáveis e da técnica clownesca, facilitada por
Marton Maués.
Da licença poética que parte de palhaços neutros, a partir do figurino,
para finalizar com um único sinal da tradição, um nariz vermelho como conclusão
da história contada, um veio de sangue e emoção retratado na ponta do rosto dos
doutores da alegria, curandeiros dos espíritos carecidos de uma boa dose de
riso e entretenimento.
Da luz da alma clownesca à vida do picadeiro de todo artista do circo,
um lampejo de felicidade interage da ação ao público e ao lúdico à ciência de
representar o maior espetáculo das terras da arte traduzida em O Menor
Espetáculo da Terra.
Um breve sonho feito forma e um belo encanto.
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