quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Práxis teatral


Práxis teatral
por maneco nascimento

Criada há muito + de uma década, a Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira” - OPTPF tem, ao longo de sua insistência teatral, demonstrado que marcar território não ficou só para delimitação de área de domínio do sexo, ou do poder de macho alfa, mas também para estabelecimento do exercício do exercício, a verve do teatro reinventado.

Em seu histórico a “Procópio Ferreira” facilitou a entrada, na praça da cena local, de uma boa parte da juventude que essa brasa alcança. Com Luciano Brandão, a Escola de iniciação foi ganhando um perfil de ousadia, perspectiva de pensar o teatro que se pratica e revivificar por aqui a memória dramatúrgica do pai do teatro moderno brasileiro, Nelson Flor de Obsessão Rodrigues.

Das experimentações, sempre com resultados bastante positivos, Luciano Brandão, através da OPTPF,  já enveredou por “Dorotéia” (peças psicológicas); “Os 7 Gatinhos” (tragédias cariocas); “A Mulher sem Pecado”(obra primogênita rodrigueana, de 1941).

Como exercícios escolásticos da “Procópio Ferreira”, as falas rodrigueanas determinam uma envolvente teia de conflitos do perverso, do humor cáustico, da perversão, do amor, sexo e traição, das obsessões que salvem ou, batata!, para fundir de vez as cabeças de iniciantes na arte do fingimento.

Para o centenário de Nelson Rodrigues, como não poderia ser diferente, pipocam olhares sobre Nelson por todos os cantos desse continente amante das tramas da Flor de Obsessão. Por aqui já passou, na última edição do SESC Amazônia das Artes - 2012, de 5 a 15 de agosto, “A Serpente” (Grupo OFIT, do Mato Grosso do Sul) e, para setembro, uma Cia. Teatral do Rio de Janeiro, através do Circuito FUNARTE/Petrobrás, aportará em Teresina com sua versão de “A Falecida”.

Mas antes que entre setembro, a Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira” azeita nova bala no pente. A nova empreitada de Luciano Brandão, que reúne dezoito intérpretes iniciados nas tramas da cena, trará para o palco do Theatro 4 de Setembro, nos dias 23 e 24 de agosto, às 20 horas, “Perdoa-me por me Traíres”.

De uma densidade perversa e cinismo escolado das personagens nelsonrodrigueanas, “Perdoa-me por me Traíres” é uma armadilha deliciosa à recepção. Cafetinismo, pedofilia, aborto, ciúme, traição, inveja, amargura, dissimulação, crime e pecados preenchem de sabor acre a boca das vidas conflituosas, do enredo de amor e ódio revelados, a seu tempo exato, na dramaturgia do grande Nelson.

Com o mote “Amar é ser fiel a quem nos trai” (N. Rodrigues), Luciano Brandão promete manter sua permanência apaixonada por obras nelsonrodrigueanas. E, para a estreia dos dias 23 e 24 de agosto, muniu-se de equipe técnica que não trai a arte planejada.

A Encenação e Pesquisa musical são do próprio Luc Brandão; a Iluminação de Renato Caldas; Concepção cenográfica, Wallance Nunes; a realização de Cenário, Leonardo Sousa; Concepção de Figurino, Wallance Nunes e Danilo França; Figurinos e Maquiagem, Danilo França.

Dos parceiros e apoiadores desse novo investimento da Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira” é justo não esquecer quem aposta nessa ideia, Bid Lima, Fundação Cultural do Estado – FUNDAC, Theatro 4 de Setembro e a cidade que inspira confiança para que a práxis teatral mantenha-se acesa.
(arte do cartaz: acervo da OPTPF, by Luc Brndão)

Que venha “Perdoa-me por me Traíres”, de Nelson a Luc Brandão o teatro brasileiro se mantém pintura moderna. E, beija-me, obsessão em eterno retorno.

2 comentários:

  1. "...as falas rodrigueanas determinam uma envolvente teia de conflitos do perverso, do humor cáustico, da perversão, do amor, sexo e traição, das obsessões que salvem ou, batata!, para fundir de vez as cabeças de iniciantes na arte do fingimento..." É louvável o seu cometário sobre o texto de Nelson Rodrigues, que pena que essa percepção não se aplique à práxis teatral dentro do espetáculo. O que vemos é um amontoado de adolescente sem um mínimo de conhecimento técnico e nem maturidade para compreender o universo rodriguiano, e ai não entra o gostar ou não gostar de algo, entra sim um pouco de bom senso de quem já está na estrada há mais tempo e é tido como referência, botar a pessoalidade de lado e agir com neutralidade, e saber o que funciona, funciona. O QUE NÃO FUNCIONA , NÃO FUNCIONA. "SALVE À CENA TEATRAL CONSCIENTE". Jesus Viana

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  2. existe um determinado teatro da cidade que é natimorto. e o do luciano pulsa vida, seja com iniciante ou não

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