Opera Quintana
Atualizada em 08/08/2012 às 14h39
Opera Quintanapor maneco nascimento
“Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978)”
Um raio fulminante de luzes e dramaturgia, de poética inconteste, varreu o solo do palco do Theatro 4 de Setembro, em Teresina, na noite do dia 07 de agosto de 2012, às 20 horas e não deixou rastro de descontentamento da recepção que foi conferir “Sobre Anjos e Grilhos – O Universo de Mario Quintana”.
Em espelho de ator e método livres, a contar o cotidiano contumaz pelo olhar do poeta gaúcho, de Alegrete, esteve cheia de graça, alegria e virtuose mimetizada entre obra e artista quintaniano, a atriz Deborah Finocchiaro que não deixou sobra de não entendimento, nem sombra de falha de compreensão das falas de Mario.
Com Textos e Poemas de Mario Quitana, Concepção, Roteiro e Atuação de Deborah Finocchiaro e Direção de Deborah F. e Jessé Oliveira, a pérola prospectada em mar revolto e profundezas poéticas quintanianas vingou respostas de impactos e enleio dramático à peça em expiação gratificada para Anjos e Grilos em vociferados sigilos e pianíssimas memórias segredadas, na fórmula cartesiana para razão e sensibilidade de “Sobre Anjos e Grilos – O Universo de Mario Quintana”.
A melhor companhia àquela noite, de 7 de agosto, a Cia., Solos & Bem Humorados, com D. Finocchiaro em expansão de luminosos desenhos de dramaturgia acertada e ciência da cena experimentada para placebos poéticos e fusões de dramas e ironias do poeta, sua obra, sua hora e seu tempo de premeditadas polifonias.
Toda a obra contemplada de autor à dramaturgia expandida(Deborah Finocchiaro); da direção de cena( D. Finoccchiaro e Jessé Oliveira) aos desenhos de luz(Fabrício Simões e Jessé Oliveira);das Imagens (Zoravia Bettiol) à Trilha Sonora Original de Chico Ferreti, Laura Finocchiaro(Ecogliter), Lory Finocchiaro(Baleada Noturna) e a pesquisa musical para 4ª. Sinfonia de Mahler e Concertos de Brandenburgo No. 4 e 5, de Johann S. Bach, uma virtuose sonora que se vai mimetizando aos arroubos poético de Mario a Deborah e da atriz à assistência.
O alter ego da personagem contadora de história, em metalinguismos contagiantes, que se apresenta através da voz do grande Paulo José, um dialogismo entre o poeta e sua obra, entre o cotidiano contado e a poeta contadora dos causos da simplicidade, de melhor vida observada, para registros do riso e do nunca esquecimento.
A cenografia, uma cadeira, uma bancada suporte para a máquina de escrever e uma tela para planos de sombras, luz e cena de distanciamentos e proximidades de fantasia e lúdico experimentados.
O uso das projeções animadas parece sair das páginas poéticas transmutadas às falas da personagem contadora do poeta. Uma sincronia irretocável da atriz para a imagem, do imagético ao transcendente universo de poemas e versos em prosa muito bem articulada em tablado.
O Figurino de Raquel Cappelletto, de uma neutralidade incisiva e de uma ordem complementar, não passa despercebido. Necessário em todo o gesto, corpo, coreografias e intenção finalizados à troca da comunicação expressa.
“Sobre Anjos e Grilos...” uma cepa qualificada de teatro vivo e, em expansão qualificada, em que o público se depara com anjos e decaídos felizes à terra de construções frasais de efeito mordaz e sempre dentro da recepção de ação e efeito cênicos de inteligência e rara beleza.
A iluminação grave para feitos e efeitos de técnica invejável. A mixagem musical aos contornos dinâmicos da ação interpretada, a melhor prova dos nove. Sons, luzes, imagens animadas, signos e siglas poéticos, emblemas e ilustrações de natureza criativa em mímesis da humanidade experimentada, um luxo de concentrado ato dramático eficaz.
Definem para acertos de contas, às cartas da manga marioquintanianas, a performance inteira de Deborah Finoccchiaro, em poeta feito forma vívida, e a equipe fechada que assina como Companhia de Solos & Bem Acompanhados.
“Sobre Anjos e Grilos...”, não se pode deixar de mencionar o preciso serviço de Operação de Luz, do também Responsável Técnico, Leandro Ross Pires, e a Operação de Som e Imagens, de Tito Grando.
Belo espetáculo, para luas, céus, mares, terras e cortiços urbanos, anjos e grilos, poetas das letras e da cena, tecnologias testadas em resultados minimamente refinados e, sobretudo, teatro em fórmula e forma concentrado à cena viva.
Confesso que marioquitanianamente amo esse anjo poeta e grilo perseverante que assina-se como Mario, de alma sempre alegre, já que de Alegrete (RS). E amo também o Mario de Deborah Finocchiaro e da Cia., Solos & Bem Acompanhados, filho desse Brasil gaúcho, recorte do matiz da criação nacional.Nada + a declarar.
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