Mímesis
da mímesis
por maneco nascimento
A Cia. Dançurbana, do Mato Grosso, demonstrou dia 11 de agosto de
2012, às 17 horas, no palco do Teatro Municipal João Paulo II,
sua leitura acerca das danças urbanas que se exprimem a partir de
movimentos “street dance”, “break dance” e similares que invadiram os centros
gravitacionais das juventudes que esse ritmo encanta.
“O espetáculo de dança ‘Plagium?’ pela Cia. Dançurbana pretende questionar a
autoria em dança e quais ferramentas usadas para que a criação seja considerada
autêntica – Original ou cópia? Como descobrir se o que vejo é cópia? E o que eu
penso é original? Tudo que criamos é original? Tudo que pensamos é único? Ainda
é possível fazer algo original? Mas o que eu sinto é diferente do que você
sente? (...)” (release da Cia.)
Esses questionamentos da Companhia de dança matogrossense
aparecem na linguagem de corpos, impressa ao “Plagium?”, que veio a Teresina
através do Projeto Amazônia das Artes. Com Direção Geral e Núcleo
de Pesquisa a cargo de Marcos Mattos e Preparação Corporal de Reginaldo Borges,
o espetáculo tem verve experimentada em olhar já visto que reencena o
carbono 14 para linguagem primitiva de domínio público.
Os intérpretes-criadores, Adailson Dagher, Ariane Nogueira, Maura
Menezes, Reginaldo Borges, Roger Pacheco, Roger Castro, Rosely Martinez, Thiago
Mendes, Tamires Leona, Irineu Ruach, Ralfer Campagna e Lívia Lopes
distendem ritmo e energia focados na linguagem universal de corpos
falantes, para variações de contextos, sentimentos, cultura mass media e
mercados artísticos de apropriação débita.
Seguem uma dramaturgia que ora parece rever velhas tribos, outras vezes
repercute novas danças e urbanismos contemporâneos. Detêm beleza
plástica e controle sobre as coreografias (re) pensadas e, quase sem que se
perceba, apresentam novidades reflexionadas sobre o óbvio da dança
utilitária e de varejo.
Compõem-se em variações sobre o mesmo tema, com graciosidade e tônus
aparentemente fugaz, mas há uma lingüística sendo construída no velho sinal de
fumaça. Como parece ser uma leitura de propósitos, deslizam pela
diferença e afinam o desenho coreográfico da direção sem intuir verdades, só
experimentar a dança. Concorrem ao risco de impactar pelo conjunto da
obra e recortar a mímesis da mímesis como ato de cena criador.
Sem parecer sair do lugar comum “Plagium?” compete na discussão
sobre a ação criadora e deixa à recepção, sempre aberta, que decida qual
valoração poderá imprimir. Antes de ser uma cópia, papel carbono, +
aproxima-se de imagem em “scanner” sem recorrência de “fotoshop” que ilustre
falso brilhante.
Parece ser, com qualquer certeza, metalinguismo porque recorrência da
práxis (re)criadora. E se Lavoisier já questionava que “na natureza, nada se
cria, tudo se transforma”, a Cia. Dançurbana inquieta desejos de transformar o
pensamento em corpo coletivo e corpos em sincronias, não engessadas, à base de
pensamentos livres.
“Plagium?” tem sua própria facilitação ao deus EX-machine e
purga, sem nenhuma catarse, a mímesis da criação da mímesis. Vigora arte,
cultura de novos olhares a velhas fórmulas e, sem qualquer pretensão aparente,
é pretensiosa por manter a identidade à arte e culturas questionadas.
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