Abacateiro cinzento
por maneco nascimento
Na noite do dia 11 de maio de 2012, na Galeria do Clube dos Diários, aconteceu uma provocada discussão para esteio do Projeto Coisa Pública. Marcado para início a partir das 18 horas, o encontro reuniu alguns artistas plásticos, representantes da FUNDAC, um ou dois estudantes e outros curiosos.
por maneco nascimento
Na noite do dia 11 de maio de 2012, na Galeria do Clube dos Diários, aconteceu uma provocada discussão para esteio do Projeto Coisa Pública. Marcado para início a partir das 18 horas, o encontro reuniu alguns artistas plásticos, representantes da FUNDAC, um ou dois estudantes e outros curiosos.
(arte divulgação projeto Coisa Pública no Clube dos Diários)
Um grupo pequeno para discussão tão necessária sobre coletivos de artistas, ocupação de espaços públicos à manifestação cultural e capital social, entre outros.
O responsável pela provocação desse encontro foi Gustavo Carvalho que, ao tempo de sua fala, demandou sobre uma proposta de realizar intervenção sócio-artística para movimentar alguma licença poética de coletivo na cidade.
A partir da analogia do abacateiro, árvore que necessita de uma vizinha no limite de sua geografia para florir, Guga explicou a sua proposta de reunir artistas afins para desenvolver atividade cultural em cidade que, segundo ele, ainda há certo isolamento à convivência, diálogos e interação de produção.
A idéia seria, como o abacateiro que precisa de outro para reproduzir-se, reunir artistas que junto desempenhassem novos atos criadores e criativos e, assim, liberaria o abacateiro da cor cinzenta e isolada. Nessa defesa, Guga mantém em gestação o projeto Coletivo Abacateiro.
Antes de suas falas, houve as comunicações de André Mesquita, de São Paulo; Newton Goto, de Curitiba e Clarissa Diniz, de Pernambuco/Rio de Janeiro. O centro do furaquinho em preparação para alargamento, nos meandros da cidade de Teresina, seriam as artes visuais e interações artísticas outras que se bifurquem para refletir, facilitar e reinventar novas maneiras e olhares estéticos.
As experiências e interlocução de São Paulo, Curitiba e Pernambuco/Rio abriram canal de atenção para os contextos apresentados e deram uma noção de que diálogo se estaria querendo abrir por aqui.
De São Paulo, já nas falas abertas à audiência, André Mesquita falou de iniciativas de construções de coletivos, envolvendo o diverso de profissionais e artistas em resposta pública sem dependência institucional.
“A grande desvantagem da comunicação alternativa, ante a hegemônica, em termos de padrão, é a capacidade muitíssimo inferior de recursos para a realização, o que se traduz, inclusive, em dificuldade de contar com atores (...) Por outro lado, as vantagens envolvem a liberdade para o uso da criatividade, já que os compromissos com a institucionalização inexistem ou devem inexistir, (...)” (Brittos, Valério Cruz. Digitalização e Democratização: Produção de Conteúdo Nacional e Padrão Tecno-Estético Alternativo.[Artigo Científico] IN Produção de conteúdo nacional para mídias digitais. Brasília: Secretaria de Assuntos Estratégicos, 2011. 216p)
O cientista da comunicação social aborda as mídias e comunicação de massa, mas trazendo para o contexto da construção de coletivos e interesses comuns, à reinvenção cultural, requer coragem de romper certos padrões de dependência institucional. E essa discussão passou pela conversa sobre Coisa Pública e integrações sócio-artísticas.
O artista plástico paranaense, Newton Goto, também expandiu sua experiência em falar sobre o choque de gerações e escolas de estéticas para centralizar assunto que se fincasse na ordem de atrair e ou ampliar práticas de coletivos e valores de capital social. Clarissa Diniz explanou sobre as vivências de Recife do início do século 20 e desdobramentos que repercutem na arte recifense para acadêmicos e artistas naturais.
O Abacateiro de Guga Carvalho ainda aparece cinzento, no contexto da cidade verde em dias de ebulição de vaidades mascaradas, mas as folhas dessa árvore-projeto ainda mantêm clorofila aquecida. E se o futuro possibilitar as tintas, conexões de estrumes e canteiros necessários para fincar raiz, quem sabe a fruteira mostre sua beleza necessária.
Guga e Guacira representantes da FUNDAC , no evento, deram suas contribuições ao diálogo. Das participações da audiência, algumas expressivas. Salvo outros ruídos na comunicação planejada, aceitáveis, visto se tratar de liberdades e expressão. Projeto Coisa Pública, aberto à interação coletiva, fica de 10/05 a 10/06/2012, na Galeria do Clube dos Diários com exposição, conversas afinadas e exibição de vídeos.
Agora é ver se o Abacateiro cresce. A instituição FUNDAC deve pagar a conta que envolve a vinda dos artistas convidados para esse laboratório da construção de coletivos artísticos.
Ainda se está por aprender sobre independência de livres criativos.
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