por João Vasconcelos
Recentemente, uma nova eleição ao Conselho Estadual da Cultura – CEC, para um mandato de dois anos, ocorreu em clima de coro desafinando as velhas e gastas notas da música tradicional. Houve quem discordasse do resultado; houve publicação, no Diário Oficial do Estado do Piauí, de nomes que depois foram sustados porque eram de composição diferente das listas de gabinetes e indicações políticas e governamentais.
E houve uma saia justíssima para corte e costura e não a justiça de indicações, haja vista que a lista da Presidente da FUNDAC, Bid Lima, a publicada intempestivamente no D.O., ser diferente da que deveria ter sido enviada pelo trânsito burocrático do Karnak. Sobre o assunto já houve manifestações publicadas de Z. Marques, Cineas Santos e Jairo Araújo e, aguarda-se, a versão de Severino Santos.
O amigo, João Vasconcelos, (um dos preteridos da lista publicada, erradamente, no D.O.) também quis se manifestar sobre o tema e como não nego informação a ninguém, abri a plataforma de meu canal de comunicação para que tivesse seu inquieto direito de resposta. As informações contidas, a seguir, são de inteira responsabilidade do autor.
“O dicionário, pai dos burros, é também pai dos ditadores, arrogantes e preconceituosos. Um grupo de artistas que tem atitude e que não está para espernear, porque isto seria coisa de criança mal criada, não compreende e questiona o fato de entrar e sair governo e o Conselho de Cultura do Estado, que não tem caráter vitalício, manter membros no seu Conselho por vários mandatos e o seu presidente, por mais de vinte anos.
Não questionei e nem estou questionando a competência dos membros do Conselho, mas convenhamos, as mudanças são necessárias até porque não vivemos mais na ditadura. Para quem tanto faz estar no Conselho ou não, lembro que o convite é feito, mas nada obriga a aceitá-lo, porque cultura alegre não se faz com meia dúzia de amigos particulares.
Houve um engano de entendimento porque não há da classe artística pedido para que membros do Conselho se tornem sindicalistas, bobos da Corte ou percussionistas, se bem que um tambor não faz mal a ninguém. A Casa construída pela Secretaria de Educação deveria ser mais dinâmica, dividindo-a efetivamente com a comunidade, pois isto é possível e não transformar a sede do Conselho em um oratório de confraria protegida por favores políticos.
Um artista irritado, de trinta e poucos anos, não falou que o presidente está lá a seiscentos anos e sim trezentos, e não sabia que o homem das letras precisava de fiel escudeiro. Da questão de quem seja preterido ou não, não custa lembrar que quem defende hoje a cultura do ventre de 50 anos atrás, perdeu a eleição direta como representante de uma entidade cultural de classe para um rapaz de vinte e poucos anos, representante do SATED – PI.
Fato atual e estranho. Dias atrás numa reunião do Conselho que acontece de 10 às 12 horas, teve os serviços encerrados mais cedo, às 11 horas, para que mais tarde continuasse na FUNDAC, sem a presença de três membros eleitos pelas entidades culturais de classe. Estranho não?
Não queremos que troncos velhos culturais desapareçam, porque são de raízes também sociais, mas a sociedade avança e quem não pode vestir figurinos da hora dos artistas descontentes do novo momento, deveria deixar a bancada porque política é feita com energia, desafios e olho no futuro desenhado por novos perfis e novas idéias.
Paciência é ouro e arroubo de ofensa transferida ouro de tolo. O sociólogo Jairo Moura fez uma ótima defesa sobre a necessidade de transparência da eleição para composição do Conselho, mas dizer que não deve haver jeton para conselheiro é nadar na contramão da política de justiça de direitos. Se deputado ganha mais de 80 mil reais como ajuda de custos de gabinete, porque que conselheiros teriam que trabalhar sem receber o mínimo que é 2 mil reais, em comparação com a ajuda graciosa parlamentar?”
João Vasconcelos, ator e promotor cultural da cidade.
Teresina, 06 de junho de 2012
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