quarta-feira, 27 de junho de 2012

Apendic(it)e cultural


   Apendi(cit)e Cultural
por maneco nascimento

Depois de receber convite por + de uma vez e por + de um colega comum da área de dança, resolvi então conferir os encontros, “fóruns”, de discussão acerca dos caminhos e descaminhos da dança produzida ou facilitada na cidade. 

No encontro em que estive presente, talvez já o quinto, não recordo bem dessa contagem feita lá. Na oportunidade, havia representantes de pequenas e médias academias de balé, ONGs da dança, Grupo independente de arte criação, bailarinos e coreógrafos, convidados especiais e + eu.

Naquela ocasião, no encaminhamento da burocracia de reuniões anteriores, as primeiras discussões levaram à leitura de um aditivo(rascunho) de proposta de modificação de artigos do edital do Festival de Dança de Teresina que pudesse contemplar, + democraticamente, aberturas outras à dança e a sugestão de criação de uma Mostra paralela de Dança Contemporânea para abrigar a maior diversidade dessa linguagem que tem desenvolvido laboratório, em algumas vertentes, com melhores resultados(crivo meu).

As discussões giraram no fato do FestDança ter caráter competitivo, cobrar entrada, agraciar a linguagem do clássico e que, no edital, para o ingresso de linguagem contemporânea, haveria alguma coisa sobre dança moderna, mímica, etc., e que não corresponderia ao real status do que seja dança contemporânea. Aliás, segundo as discussões, a forma como se abre um precedente para dança contemporânea, no edital, seria uma ofensa aos artistas-criadores dessa tendência.

Das + sugestões do aditivo, além da implementação de uma Mostra de Dança Contemporânea, não competitiva, o convite de um profissional gabaritado da linguagem para trazer informações acerca do viés de criação e um espetáculo contemporâneo que pudesse não só ser conferido, mas gerar compreensão e aberturas de formação e informação sobre dança contemporânea. Todas, a meu ver, estariam intrinsecamente direcionadas a novos rumos de ver e integrar profissionais dessa linguagem nova e da tradicional.

Assunto exaustivamente repetido foi a questão da informação e formação do profissional da área de dança. Já houve, em movimento nacional, a separação de corpos entre dança e teatro. Cada um com sua linguagem, seus editais de concorrência e suas linguagens fins, pelo menos quando o assunto for a dança, propriamente. E percebeu-se, numa reunião de discussão sobre perspectivas da dança e de quem a conduz, que a palavra chave de falha trágica para uma boa maioria dos "formadores" de opinião criativa e criadora na dança, da cidade, é a (des)informação.

De um número expressivo de profissionais da dança, presentes, àquela reunião do dia 26 de junho de 2012, a partir das 9 horas, na sala de ensaios do Balé da Cidade de Teresina, nas dependências da Casa da Cultura, ficou claro como água para chocolate que o melhor discurso, + eloqüente, inteligente e divisor do diverso desinformado, veio de Marcelo Evelin e, no contraponto, Roberto Freitas.

De um modo geral, as outras falas pareceram melancolia de decaídos em amargura da perda de postos. Alguns até deram-se ao ingênuo, sem localização geográfica da própria dança, para verbalizar tratados de informação dislexos, sem determinar o que realmente queriam dizer, embora arroubados de automarketing de conhecimento, detenção da linguagem e apontador da falha alheia, e discurso “maqueiado” de caça aos não profissionais, (in)capacitados à formação na dança.

Nalgum momento, quando se retomou às discussões da Mostra de Dança Contemporâneasobre o fato desta ter sido cunhada como apêndice do FestDança, alguém ao tratar da expressão, teria retificado que estaria + para uma apendicite do Festival que poderia ser retirada a qualquer momento.

Do ponto de observador, sem nenhuma pretensão em dançar, coreografar ou criador estilismo à dança, concluí que os encontros para discutir os rumos do que se dança em Teresina são muito louváveis e urgem que se façam luz. Do ponto de vista crítico, pareceu-me uma condução de discussões em três nomes determinantes de para onde as perguntas e respostas devem ir. 

Houve até um dos três nomes detentores dessa reunião, que disse ao final, abre aspas: teve pessoas que falaram coisas que não interessariam às discussões, fecha aspas. Discorda do próprio discurso, lá implementado, de que as conversas deveriam ser abertas, democráticas e inclusivas.

Reitero, as melhores falas ficaram para Marcelo Evelin que detém informação, conhecimento, formação e consegue ser pragmático na contribuição dada e a Roberto Freitas que esteve como representante de si mesmo, enquanto profissional da dança, representante informal da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves e diretor do Balé da Cidade de Teresina, e defendeu que existem linguagens diversas de dança e espaço para todas.

De aprender a escutar e aprender aprendendo com quem sabe o que está fazendo, como também decifrar os silêncios que geram + informações, como bem falou Evelin, considero que foi uma reunião dinamicamente produtiva e não vi palavras vazias de quem quis se pronunciar, ouvi discursos vazios e resistentes d'alguns, mascarados de contributivos.

Do + aprendi a lição de cor. Como ultimamente não danço nem samba, deixo as discussões dos rumos da dança a quem dança e sabe melhor do que fala em sua experiência profissional à facilitação, ou não do ato criativo de dançar.

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