por maneco nascimento
“Retocai o céu de anil/Bandeirolas no cordão/Grande festa em toda a nação./Despertai com orações/O avanço industrial/Vem trazer nossa redenção (...)” (Parque Industrial/Os Mutantes)
A TV Rádio Club de Teresina completa seus 40 anos de ruídos, informação se acomodando e recepção + clara para dias contemporâneos, em resposta ao sonho de um ideal realizado pelo senhor Walter Alencar, lá pelos idos de 1972.
Quem já nascido àquela época e com idade curiosa sabe bem da musiquinha que abria o sinal local à repetição da programação nacional. Música que mixava sons de pássaros em seu repertório cifrado à melodia.
Desde então, como repetidora da TV Globo e, no andar da carruagem de fogo eletromagnético pela caixinha mágica do mundo fabular, da Rede Globo, muitos olhares e ouvidos atentos estiveram grudados no sinal da tevê, ainda em preto e branco, que chegava para alguns que podiam ter um aparelho de televisão em casa. Quem não podia, ainda, ter seu próprio aparelho, pegava uma biqueira do vizinho.
Hoje, pelo sinal da santa Meca platinada, já chegando para alguns na forma digital, a TV Club ainda caminha na esteira reluzente da emissora cabeça de rede e, na continuidade do sinal nacional, colhe os louros da audiência forçada pelos mercados e futuros culturais mass media. E até faz força para, em retalhos de seda coreana, plinsar o formato fechado da programação da abelha rainha.
E, nessas tentativas, mantém-se em padrão do círculo e circo global da audiência número 1. Quando o assunto é festejos juninos, a área de marketing, propaganda e negócios continuados de cultura para mercados, setor executivo da repetidora da Globo, deu seu pontapé à cultura popular revisitada e fez bonito em formato que “(...) já vem pronto e tabelado/É somente requentar/E usar, (...)” (Idem), e soa pelo pomposo palco da alegria chamado "Cidade Junina".
Nesse 2012, o “Cidade Junina” completou 18 anos de festejos juninos continuados e mantidos pela iniciativa privada, com apoios públicos, é claro, que parafraseando o poeta “sem fazer ruídos, é claro, que ruídos na comunicação nada resolvem.” (paráfrase à Morte do Leiteiro, de CD Andrade, de 1945).
É certo que o “Cidade Junina” chega a sua maioridade, consentida, com um evento que reúne populares, durante uma semana, em torno de uma competição de quadrilhas juninas oriundas do interior e capital do Piauí. + de quarenta agremiações disputaram espaço à final. Só passaram na peneira fina, deste ano, seis quadrilhas e ficou o melhor xerém do milho pisado na arena de shows de um shoping da cidade.
As finalistas, ao dia 24 de junho de 2012, Lua de Prata, de Demerval Lobão; Lumiar, de Parnaíba; Rei do Cangaço, de Parnaíba; Viola Caipira, de Teresina; Luar do São João, de Teresina e a Balança Matuto, de Teresina. + de quarenta inscritas e uma festa, na final, para torcidas, preces, alegrias, euforias e tristezas reservadas no balaio da competição quente.
Grosso modo, as agremiações mantêm vigor, e muita força de empenho nas performances particulares, para garantir expectativas impulsionadas à busca da premiação de representação do estado, na concorrência nacional que ocorre em Pernambuco, com transmissão ao vivo pela cabeça de rede platinada.
Para acompanhar o padrão de competição mass média, as aspirantes a filhas do sol da Áquila romana usam de todo artifício. Vale reinvenção do passes tradicionais, valem virtuoses coreográficas com efeitos carnavalizantes para sambódromos juninos, mas também vale dentro da pasteurização encomendada, um sinal de novidade que atenda o mercado e mantenha a tradição.
Quem melhor realizou esse efeito, neste ano, foi a que, por fim, levou a melhor. A Rei do Cangaço, de Parnaíba, não só fugiu + das influências do cancan e belepoquismos kitchs, como apresentou dramaturgia à cena, mesmo que, quando o assunto é “só danço para santos e deuses juninos, posso ainda assim sair do lugar comum.” E fez a boa diferença.
(Rei do Cangaço/foto de Gilcilene Araújo, colhida do portaldaclube)
Todas as finalistas tiveram desempenho acima da média em entradas, repertório musical, vestuário, animação, evolução e coreografia, alinhamento e saídas. Enfraqueceram na encenação do casamento, alguns de extremo inexpressivo. Os marcadores também estiveram na média.
Os resultados deslizam na soberania dos julgadores. Melhor Destaque: Maria Bonita, da Rei do Cangaço; Mais Belo Casal de Noivos, ficou com o da Rei do Cangaço e o melhor Marcador permaneceu com o título para o representante da Lua de Prata.
Dos resultados + esperados, o 1º. Lugar: Rei do Cangaço – Parnaíba (R$ 2.000.00 + uma moto); 2º. Lugar, Balança Matuto – Teresina (R$ 2.000,00); 3º. Lugar, Lumiar – Parnaíba (R$ 1.000,00), 4º. Lugar, Luar de Prata – Demerval Lobão (Troféu); 5º. Lugar, Luar do São João- Teresina (Troféu) e 6º. Lugar, Viola Caipira – Teresina (Troféu).
Numa disputa acirrada, venceu o ponto no doce de batata, abóbora e “aluá”, a serem servidos na festa da comemoração. Dois pontos, particularmente destacáveis, ao registro da sensibilidade e ao evento de inclusão e participação livre, fora do certame competitivo, foram a bela iniciativa da Quadrilha Roda Viva, formada por cadeirantes, da Associação de Cadeirantes e Amigos de Teresina – ASCAMTE e a convidada Rastapé.
(Quadrilha Roda Viva - ASCAMTE/foto, de Gilcilene Araújo, colhida do portaldaclube)
E, como a vida continua para vencedores e secundados, agora é guardar baterias para próxima empreitada “(...) Pois temos o sorriso engarrafado /Já vem pronto e tabelado/É somente requentar/E usar,/É somente requentar e usar,/Porque é made, made, made, made in Brazil/Porque é made, made, made, made in Brazil.” (Parque Industrial/Os Mutantes)
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