sexta-feira, 1 de maio de 2015

Hoje não dá pra dizer...

integralmente, que é um bom Dia do Trabalhador
por maneco nascimento

Parafraseando uma jornalista de política nacional, Hoje não dá pra dizer que é um bom Dia do Trabalhador brasileiro. Depois dos últimos, e quase lugar (in)comum, acontecimentos envolvendo professores em greve no Paraná e a sempre diligente polícia do governo paranaense, o restante do brasileiro da "gleba dos ausentes" dos interesses de políticas públicas nacionais permanece estarrecido.

A truculência, a violência de caso pensado e dirigida por comandantes em chefe a cães fiéis e comandados do exercício do dever cívico, incontinentis a “manter a ordem” a todo custo, às custos do contributo cidadão, deixou marcas indeléveis e feridas em trabalhadores, pais, mães, educadores dos filhos dos torturadores de farda em plantão noticiário, que espetaculizaram, ao resto do mundo informacionalizado, um Dia de deixar a todos de pelos ariscos.

Sangue dos rostos de trabalhadores brasileiros manchou o asfalto e tatuou-o de vergonha nacional. Com coragem e determinação, os trabalhadores da educação paranaense mantêm a luta e vão ao confronto, mesmo que virem saco de pancadas em nome da lei do estado violento.

Mesmo forçados a sentarem no chão que lhes serve de palco de humilhações,enquanto computam e se revigoram das pancadas e outras traições militares, os educadores levantam, sacodem a poeira manchada de sangue e demonstram que são educados também a concorrer aos próprios direitos.

Também, porque justiça existe, às vezes, como centelha luminosa em vasta obscuridade, há que se fazer o registro diferencial dentro da truculência armada da polícia do Paraná, teve policiais que se recusaram a bater em professores. Que desdobramentos sofrerão? O tempo será lei.

"(...) Um dado chocante: dezessete policiais estão presos, por ordem do governador, porque se recusaram a participar da repressão brutal contra os trabalhadores(...)" (#BrasilComOsProfessoresDoParana/page Jean Wyllys 29 de abril)


Os noticiários nacionais, cada um com seu filtro comunicacional dá o destaque que lhe convém os interesses e faturas generosas que também deslizam nos rios dos fluxos comunicacionais de imprensa e negócios de jornalismo. Por sorte é que as redes sociais fazem a insutil diferença e avançam abrindo a terceira margem de versão ao povo brasileiro.

Do circo institucionalizado, nas concessionárias de notícias e corporativismo empresarial jornalístico, sobram as falhas humanas que, por vezes caem nas redes de comunicação e, com a internet, viram febre terçã e contagiam até o + desavisado espectador que tivesse ficado preso ao jornalismo de gesso, pronto e tabelado para somente requentar e usar, como diria Caetano.

O exemplo mais recente da fuga do planejado foi a entrevista do governador do estado do Paraná à emissora pública daquele estado que vazou às redes sociais e o circo da sua eminência governamental parda teve sua lona de espetáculo dirigido bastante chamuscada.

O tempo dirá quem se estabelecerá como poder a ser numerado aos exageros e idiossincrasias do gatekeeping**.

Veja como filtros viciados também criam armadilhas aos criadores do circo:

{O dia que ficou para a história do Paraná pelas agressões covardes da PM contra professores também foi marcado por uma gafe. Vídeo sem cortes revelou que entrevista do governador Beto Richa (PSDB-PR) à TV e-Paraná foi montada

Durante entrevista concedida à TV e-Paraná nesta terça-feira, o governador Beto Richa (PSDB) falou em pouco mais de 10 minutos sobre a greve dos professores e servidores públicos deflagrada no início desta semana. Para Richa, a greve dos educadores tem ‘motivação política’. Ao comentar a respeito do número excessivo de policiais militares em frente ao Centro Cívico de Curitiba, o governador destacou que “é preciso garantir a segurança e integridade física de deputados e funcionários”.

Satisfeito com o andamento e o produto final da entrevista, Richa divulgou o conteúdo em sua página oficial do Facebook. “Em entrevista que concedi hoje ao jornalista Denian Couto, falei a respeito da manifestação dos professores e da causa principal da paralisação: o projeto que altera o sistema previdenciário do Paraná”, escreveu o governador.

O que Beto Richa não esperava, porém, é que a versão do vídeo da entrevista sem cortes fosse acidentalmente publicada na internet. Em poucas horas, dezenas de internautas salvaram o material e o republicaram nas redes.

Sem saber que ainda estava sendo gravado, Denian Couto, ao fim da entrevista, deu a entender que tudo aquilo não passava de um circo montado:

“- Cara, foi excelente!”, comemorou o jornalista.
“- Foi?”, questionou Richa.

De acordo com o advogado e professor Tarso Violin, a farsa da entrevista de Beto Richa à TV Educativa do Paraná “demonstra o quanto é necessária uma democratização da mídia no Brasil, com mais TVs realmente públicas, e não chapa-brancas […] Como pode alguém que se diz jornalista se prestar a esse papel?”, questiona.

Democracia sitiada

Eric Gil, economista, mestre em Ciência Política pela UFPR e colunista de Pragmatismo Políticoconsidera que o Paraná, atualmente, vive em estado de democracia sitiada. De acordo com Gil, o governador Beto Richa não medirá esforços para amenizar a crise financeira que ele próprio ajudou a criar.
“[Beto Richa] vê no dinheiro da Paranaprevidência, sua redenção – a verba que ele precisa para amenizar a crise que ele mesmo ajudou a formar no Paraná”, afirma.

“O tucano não quer arriscar novamente, e nesta semana o projeto deve ser aprovado, pois com um aparato de guerra posto pelo Governo do Estado para esta proposta ser votada, apenas um crescimento considerável da resistência dos professores pode parar a sede pelo dinheiro da previdência estadual”, conclui.}(www.pragmatismopolitico.com.br/2015/04/entrevista-ensaiada-de-beto-richa-cai-na-internet-.../acesso 01 de maio de 2015 às 11h47)

Durma-se com + essa no histórico das políticas viseiras brasileiras. E, parafraseando a jornalista Lílian Wite Fibe, Hoje não dá pra dizer que é um bom Dia do Trabalhador.

Serviço:

**Gate keeper é aquele que define o que será noticiado de acordo como valor-notícia, linha editorial e outros critérios.

Gatekeeper também pode ser entendido como o "porteiro" da redação. É aquela pessoa que é responsável pelo filtragem da notícia, ou seja, ela vai definir, de acordo com critérios editoriais, o que vai ser veiculado.

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