por maneco nascimento
Em homenagem aos Dia das Mães, a Cia. AbraCaDabra de Teatro, cumpriu temporada fechada no Theatro 4 de Setembro, nesse dia 9 de maio, em quatro sessões concorridas, antecipando a estreia oficial do espetáculo "Cinderela, um musical", prevista para 31 de maio.
(arte divulgação/reprodução)
Na véspera do Dia das Mães, para crianças e suas titulares, o 4 de Setembro recebeu público infante de escolandos de instituição de ensino da rede privada, classe média da cidade. As sessões, 10h e 11h, manhã, e 15h e 16h, na tarde, confirmaram apelo do autor e diretor do espetáculo, Franklin Pires, em parceria com Colégio confessional de irmãs Catarina do coração de Jesus.
(público de Cinderela, um musical)
A montagem, adaptação franklinpireana, acomoda dados do original de Perrault, com passagem pela versão clássica de Walt Disney, baseada no autor francês, e também com sinais dos Irmãos Grimm. A menina que perde os pais, vira a servente, escrava infantil das meias irmãs caprichosas, filhas da Mádrasta.
Do desprezo familiar e trabalhos forçados ao encontro mágico com o Príncipe, a menina moça prova ser a Cinderela ao apresentar um dos "pés" do par de sapatos, que guardara consigo, após perder o outro na escadaria do palácio, durante a festa (versão Perrault e Disney).
Dos Grimm têm as lamentações da pequena Borralheira sobre o túmulo da mãe à sombra de uma aveleira. De Franklin Pires, a Fada Madrinha é a própria Mãe da menina que retorna como redentora da filha. Nem um lindo pássaro branco (Grimm), nem a Fadinha bondosa (Perrault/Disney), a mãe da pequena desprezada assume o papel do deus Ex-machine na fábula e marca o papel de inventividade de Pires.
Da "Cinderela, um musical", propriamente, a protagonista se chama Ela e é encarnada no palco pela atriz Gleyciane Sisley, numa performance ainda estéril, seja para exercício de discurso da personagem, seja para canção semitonada.
Franklin Pires, na pele de Rei pai da menina; Príncipe em busca da princesa ideal e um misto de Fantasma da Ópera/Príncipe disfarçado, está extremamente empostado e com marcas rígidas que não vigoram boa persuasão, nem para drama, nem para riso.
As filhas da Mádrasta, vividas por Alex Zantelli e Marcelo Rego, compõem exagero de feminilização vocal anasalado e caricaturizam uma possível e, talvez, melhor perspectiva de criar carisma a público, seja infantil, ou de acompanhante das crianças.
Zantelli ainda pratica seu ator, nas vozes do Rei pai do Príncipe, para uma inflexão de pastel eletrônico de humor ao apelo ligeiro. Bom ator que é, está na zona de conforto de montagem que pode atrair grande público, carente de espetáculos infantis, na cidade.
Mas ainda não consegue aplicar a fantasia e o lúdico que, talvez, exija a plateia ansiosa por boas montagens formadoras de público. Se proposta de propósitos da Cia AbraCaDabra, estão no caminho certo com a estética plantada na versão de "Cinderela, um musical".
Gislene Danielle, a grande vilã e Mádrastra da menina é todo esforço para convencer em textos, empuxos ao fundo do riso e falsetes nas falas para manter-se na linha de escolha de dramaturgia do autor/diretor da peça. Seus melhores momentos são cantados. Cantora com arroubos vocais afinados para erudito e popular, está muito à vontade ao vocalizar sua energia nas canções que sua personagem (en)canta.
Além da Mádrasta, realiza no contraponto, a Mãe/Fada Madrinha. O desempenho, enquanto atriz, é de esforço, mas, como todo o elenco, parece que ainda está em processo de maturação das marcas dramáticas de texto e espacialização. A verdade da cena ainda não gerou magia do teatro para confirmar a magia da fábula revisitada que querem contar.
Da cenografia, uma tela de filó separa e detém dentro do espaço da caixa mágica (casa da Cinderela, com portais e vitrôs recortados ao fundo, e palácio do Príncipe) e determina o limite exterior, na quebra da quarta parede, o proscênio como fronteira de narrativa e pragmatismo dramático de economia e solução de cena. Os diálogos do Rei pai com o Príncipe ocorrem do lado de cá, com as cortinas fechadas.
As passagens de cena, com abre e fecha de cortinas, inspiram uma ligeira aproximação com o teatro de vaudeville. As falas e canções vão-se costurando nos entreatos de fecha e abre cortinas e no vai e vem do Rei pai e do Príncipe para enredo de histrionismo dentro do metatexto.
A luz (Pablo Erickson/Renato Caldas) ilustra a dramaticidade e compõe reforço na tecnologia que ganha bom espaço na dramaturgia.
Pontos altos do espetáculo, as projeções na boca de cena - telona de filó - (árvore de aveleira que muda com as estações; túmulo da mãe da Cinderela; pássaros em sobrevoo sobre o campo; magia da apresentação da mãe/fada madrinha e carruagem de abóbora; entre outros), o efeito mágico de aparecimento do vestido azul da Cinderela e as interpretações musicais de Gislene Danielle.
Os figurinos e adereços composicionais da identidade dos narradores da fábula ilustram vestuário interativo ao humor e histrionismo e ficam na média de apresentação das personagens de apelo ao riso. O vestido da Cinderela, seja pelo surgimento num truque de magia, ou pela beleza de confecção da peça que veste a atriz, é destacável na peça.
O texto, de composição ligeira, acompanha a narrativa dramatúrgica de extensão autoral de Pires a sua versão da fábula e está na medida de intenções e atenções de dramas e comédias que concorrem a estilo e práxis de seu teatro de invasão e domínio de mercado.
Parabéns à Cia. AbraCaDabra pela coragem e ímpeto em assumir seu teatro, sua forma e fórmula de gerar seu negócio, mercados e futuros à cena franqueada na cidade.
Anexo:
Da fábula primordial
“Cinderela – A Gata Borralheira (como tudo começou)
Uma das versões mais conhecidas de Cinderela é do escritor Charles Perrault. Cinderela
é uma adaptação de um conto clássico italiano denominado A Gata Borralheira.
Porém ninguém sabe de fato o início deste belo conto. Há ainda outras
versões na tradução dos Irmãos Grimm, mas a mais
antiga Cinderela já conhecida nos contos de
fadas data-se de 860 a.C na China.
As várias versões de Cinderela costumavam ser sangrentas e com cenas bizarras de mutilações. Quase despertava-se o medo de ler um conto deste tipo (...) Cinderela se tornou um arquétipo fundamental da psique humana.
Ainda hoje é um dos contos de fadas mais contados para as crianças. A Walt Disney popularizou Cinderela com um vestido clássico azul e coque louro nos cabelos. Ainda lhe deu uma carruagem a sua altura e lindos sapatinhos de cristal.
As versões de Cinderela não são todas iguais, sofreram modificações com o tempo e de acordo com cada escritor, passava por transformações. Os Irmãos Grimm foram responsáveis por difundir uma Cinderela sem fada madrinha substituindo a mesma por um lindo pássaro branco e duas pombinhas que no final da história arrancaram os olhos das irmãs malvadas de Cinderela dando um fim trágico demais (...) A versão dos Irmãos Grimm não é nem um pouco cativadora como as versões mais atuais. Nesta interpretação, a Cinderela havia plantado uma aveleira no túmulo de sua mãe e a regava com suas próprias lágrimas. Na árvore tinha um pássaro que a observou e lhe presenteou com ouro por três dias (que seriam os dias de baile) (...)
Já na versão de Charles Perrault embora um escritor nada convencional para sua época, deixou o encanto de Cinderela com a atuação de sua fada madrinha e não colocou nenhum fato bizarro como a cegueira das irmãs malvadas. Deixou o conto em forma de encanto mágico, com uma sutileza entre a maldade e a bondade. Ainda assim, a versão contava com uma Cinderela simples, submissa, obediente demais.
A última versão de Cinderela foi dirigida por Paul Bolger e Yvette kaplan em 2007, estreando na época o filme DEU A LOUCA NA CINDERELA.
Com tantas controvérsias, sabemos que Cinderela continuará viva em nossa mente como um arquétipo universal da mulher boa e inocente. Não importa quantas modificações aconteçam em sua história o que realmente importa é o conteúdo em que se vê uma mulher menina, pura, inocente com toda a esperança na vida.
As várias versões de Cinderela costumavam ser sangrentas e com cenas bizarras de mutilações. Quase despertava-se o medo de ler um conto deste tipo (...) Cinderela se tornou um arquétipo fundamental da psique humana.
Ainda hoje é um dos contos de fadas mais contados para as crianças. A Walt Disney popularizou Cinderela com um vestido clássico azul e coque louro nos cabelos. Ainda lhe deu uma carruagem a sua altura e lindos sapatinhos de cristal.
As versões de Cinderela não são todas iguais, sofreram modificações com o tempo e de acordo com cada escritor, passava por transformações. Os Irmãos Grimm foram responsáveis por difundir uma Cinderela sem fada madrinha substituindo a mesma por um lindo pássaro branco e duas pombinhas que no final da história arrancaram os olhos das irmãs malvadas de Cinderela dando um fim trágico demais (...) A versão dos Irmãos Grimm não é nem um pouco cativadora como as versões mais atuais. Nesta interpretação, a Cinderela havia plantado uma aveleira no túmulo de sua mãe e a regava com suas próprias lágrimas. Na árvore tinha um pássaro que a observou e lhe presenteou com ouro por três dias (que seriam os dias de baile) (...)
Já na versão de Charles Perrault embora um escritor nada convencional para sua época, deixou o encanto de Cinderela com a atuação de sua fada madrinha e não colocou nenhum fato bizarro como a cegueira das irmãs malvadas. Deixou o conto em forma de encanto mágico, com uma sutileza entre a maldade e a bondade. Ainda assim, a versão contava com uma Cinderela simples, submissa, obediente demais.
A última versão de Cinderela foi dirigida por Paul Bolger e Yvette kaplan em 2007, estreando na época o filme DEU A LOUCA NA CINDERELA.
Com tantas controvérsias, sabemos que Cinderela continuará viva em nossa mente como um arquétipo universal da mulher boa e inocente. Não importa quantas modificações aconteçam em sua história o que realmente importa é o conteúdo em que se vê uma mulher menina, pura, inocente com toda a esperança na vida.
O que é importante também ressaltar é que em todas as versões ela nunca deixou de ter este jeito de menina tímida e reservada, boa e calma, pacienciosa pela espera de sua vez. Para alguns psicanalistas, Cinderela assim como todos os outros contos de fadas também tem um apelo sexual intenso. Mas aí já é uma outra história." (http://fabula-encantada.blogspot.com.br/2012/04/cinderela-gata-borralheira-como-tudo.../acesso 09.05.2015 às 15h)
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