sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ela

uma Flor de pessoa Formidável!
por maneco nascimento

Como quem sempre tinha um sorriso pronto para a vida e a quem encontrasse em seu caminho, dona Maria Genovefa de Aguiar Moraes nunca se fez de rogada, era filha de Ex-governador do Estado do Piauí e amantíssima do pai, um dos + respeitados intelectuais e políticos brasileiros, de nação piauiense, o médico, jornalista, poeta e político, Eurípedes de Aguiar. A menina, a moça, a mulher. Ela assinou seu nome para a vida como Genu Moraes.

Belo sorriso, simpática, elegância nunca esnobe e uma representante do “sexo frágil” que quebrou barreiras, rompeu fronteiras de tabus sociais e reinventou comportamentos à luz das convenções, sempre  a manter nome, tradição, status familiar em compromisso à boa educação recebida dos pais que a fizeram Genu Moraes, porque era assim que tinha que ser Ela.

Jornalista de profissão, sempre com uma boa história para contar. Mulher à frente de seu tempo. 

Construiu nome e histórias que repercutem lugar muito especial nos anais da construção social piauiense, não só porque vem de troncos familiares tradicionais, mas e, apesar disso, porque aprendeu a conquistar seu próprio espaço e ampliar seu nome e ultrapassar as barreiras do tempo de ser e existir com liberdade que se fez, enquanto Ela.

Rebentou a esse mundo, em efervescentes dias que compunham os primeiros e áureos anos do século 20. No dia 15 de fevereiro de 1927, Maria Genovefa de Aguiar Moraes abriu seus pulmões e encheu-se do ar para começar sua trajetória de felicidade.

À época de seu nascimento, ainda se vivia o auge da cera da carnaúba, logo seu berço se não de ouro, mas bem laureado pelos negócios e futuros familiares desenvolvidos. Seus pais, Eurípedes Clementino de Aguiar, governador do Piauí, de 1916 a 1920, e Maria da Graça Falcão Lopes Aguiar (Gracy Lopes).

Viveu, com permissão dos pais, seus melhores e anos dourados, da infância, adolescência e juventude, mas defendia que a melhor época é sempre o presente. Da infância, andar de bicicleta e de patins, na Praça Pedro II, são lembranças importantes, haja vista morar logo ali, na vizinhança do logradouro público. As primeiras letras, sua mãe Gracy ensinou-a, em casa, a partir da antiga cartilha do A-B-C, depois pegou aulas com Maria Dina Soares, mestra em letras.

Ingressou no tradicional Colégio das Irmãs, onde as rezas e a rigidez foram motivos a persuadir o pai a retirá-la da instituição de ensino. Passou pelo grupo Escolar Barão de Gurgueia e Liceu Piauiense. Mas o último ano, do ensino científico, concluiu no Colégio Izabel Hendrix, em Belo Horizonte.
 
(a irreverente e carismática Genu/reprodução)

A juventude foi marcada com ares de irreverência, adorava sempre acompanhar seu pai em palanques políticos e em conversas com pessoas mais experientes. Ao voltar de Belo Horizonte, muitas vezes abria os comícios em nome de seu pai, Dr. Eurípedes de Aguiar, quando este não podia comparecer, devido a problemas de saúde.

Aos 19 anos, em 1946, seu pai presenteou-a com um lindo automóvel Ford Americano, que era a sensação no período industrial. A ousadia de uma mulher dirigir um automóvel gerou inúmeros comentários na então emergente cidade. Genu foi uma das primeiras mulheres a dirigir carro em Teresina.
Sua independência e irreverência, tornava-a diferente das outras moças. Gostava de andar com rapazes, mesmo já noiva de João Mendes Olímpio de Melo. Por entender que alhos não se misturam com bugalhos, e não mudar seu comportamento, já que não corrompia seu compromisso, o rompimento de seu noivado foi fato irrefutável.
Nos flertes da juventude, Genu preferia paquerar com aqueles rapazes de cultura, já com formação acadêmica e solteiros, em detrimento a namoros com garotos de sua idade. Nos dias de hoje, teria ficantes, mas àquela época, nos anos 40, chegou a namorar com cinco garotos, ao mesmo tempo, gerando burburinhos e buchichos, mas Ela nem ligava, já que senhora de seu tempo e sua hora.
Em 9 de agosto de 1947 foi para o Rio de Janeiro. Na cidade maravilhosa casou-se com Antonio Moraes Correia, herdeiro da tradicional Moraes S.A., empresa de exportação paraibana que logo se instalou em São Luís -MA.
 
(Genu e seu tempo de ser Ela/reprodução)

Foi em São Luís que cativou um leque de amizades nobres. Com seu marido fazia parte de clubes sociais como o Rotary. Ao conhecer o jornalista José Pires de Sabóia, o profissional a convidou para fazer parte do "cast" de um jornal e Genu começou a escrever a coluna “Em Sociedade” no jornal “O Imparcial”. Sua coluna tornou-se uma das mais lidas no Estado do Maranhão.
Fato marcante, em sua carreira, foi assumir a presidência do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão, tornando-se a primeira mulher no Brasil a ocupar este cargo. Com o assassinato do presidente do sindicato, Othelino Nova Alves, que denunciava o contrabando de café, a corajosa e destemida Genu assumiu a presidência e continuou com as denúncias. Também foi Presidente da Associação das Damas de Assistência e proteção à infância- ADAPI.
Nos anos 50, auxiliava seu pai nas caminhadas políticas pelo estado. Destacou-se na vida política piauiense daqueles anos pelo ímpeto da mulher que se tornara.

Enviuvou em 1980. Chefiou o Cerimonial do Palácio de Karnak, durante os governos de Alberto Silva (1987) e Mão Santa (a partir de 1995). Tornou-se imortal, em 2009, quando assentou posse na Cadeira de número 9 da Academia Piauiense de Ciências. Quando comemorou seus 81 anos, foi tema de documentário, “O Espelho de uma Época”

Sucesso entre autoridades, intelectuais, políticos, admiradores e público comum, dona Genu Moraes foi sempre requisitada por estudantes de todos os níveis, à cata de informações acerca de costumes e avanços da cidade provinciana à Teresina moderna, já que protagonizou mudanças consideráveis que evidenciaram o mundo social e o comportamento das mulheres, nos anos 40 e 50.

Sobre a jornalista, obras pulularam e trouxeram à luz da curiosidade pública livros que recontam sua história e seu tempo de ser Ela. O livro de bolso “Genu, a musa de uma geração”, do acadêmico Heitor Castelo Branco Filho, é um dos exemplos de literatura que relembra fatos importantes da figura emblemática do Piauí, na política e na vida social dos anos 50.
A antiga residência do Dr. Eurípedes de Aguiar, a herança natural à Casa de Genu, resguarda memórias e histórias que geram a melhor identidade dessa mulher e seu tempo. Localizada no coração do centro de Teresina, próxima da Praça Pedro II, a residência conserva a nobreza e charme dos anos 50 e detém aspectos de um verdadeiro museu.
(saudosa Genu e o Casarão do Dr. Eurípedes de Aguiar/reprodução)
Móveis tradicionais e encantos em mobílias e outros artefatos que levam visitantes a uma viagem no tempo. Tempo em que Genu era criança; ou a cama onde dormia seu pai; o escritório de trabalhos do médico e político Eurípedes Aguiar; o piano em que a garota Genu recebeu as lições de teclado, as porcelanas chinesas, entre outras preciosidades.
Dos filhos da intelectual, ficam os bem nascidos Lúcia Moraes Jennings, que mora nos EUA; Lydia Moraes, proprietária de uma Galeria de Arte na cidade do Rio de Janeiro e Jozias Benedicto, que também reside no Rio.
Ela, essa Mulher carismática e de espírito de alegria libertária será homenagem de Lançamento de livro. No dia 29 de maio, às 18 horas, no Theatro 4 de Setembro, a cidade receberá em mãos “Genu Moraes, a Mulher e o Tempo”, obra organizada a partir depoimentos feitos ao jornalista Kenard Kruel. Revelações sobre a vida da jornalista, a sociedade e o poder em que Genu Moraes foi partícipe.
(arte divulgação de Genu Moraes, a Mulher e o Tempo/divulgação)
+ um dia para registro da história e memória d’Ela, Maria Genovefa de Aguiar Moraes, ou simplesmente Genu Moraes, essa flor de pessoa em perfume e elegância discretos.
(a bela senhora Genu Moraes/reprodução)
Como diria Ela mesma: será um dia Formidável!
fonte de pesquisa: (www.180graus.com/cultura/conheça-a-historia-de-genu-moraes-memoria-viva-do-piaui/publicado 20/09/2010 às 11h51/acesso 8.05.2015 às 17h30) 

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