por maneco nascimento
Como quem sempre tinha um sorriso pronto para a vida e a quem encontrasse em seu caminho, dona Maria Genovefa de Aguiar Moraes nunca se fez de rogada, era filha de Ex-governador do Estado do Piauí e amantíssima do pai, um dos + respeitados intelectuais e políticos brasileiros, de nação piauiense, o médico, jornalista, poeta e político, Eurípedes de Aguiar. A menina, a moça, a mulher. Ela assinou seu nome para a vida como Genu Moraes.
Belo
sorriso, simpática, elegância nunca esnobe e uma representante do “sexo frágil”
que quebrou barreiras, rompeu fronteiras de tabus sociais e reinventou comportamentos
à luz das convenções, sempre a manter
nome, tradição, status familiar em compromisso à boa educação recebida dos pais
que a fizeram Genu Moraes, porque era assim que tinha que ser Ela.
Jornalista
de profissão, sempre com uma boa história para contar. Mulher à frente de seu
tempo.
Construiu nome e histórias que repercutem lugar muito especial nos anais
da construção social piauiense, não só porque vem de troncos familiares
tradicionais, mas e, apesar disso, porque aprendeu a conquistar seu próprio
espaço e ampliar seu nome e ultrapassar as barreiras do tempo de ser e existir
com liberdade que se fez, enquanto Ela.
Rebentou
a esse mundo, em efervescentes dias que compunham os primeiros e áureos anos do
século 20. No dia 15 de fevereiro de 1927, Maria Genovefa de Aguiar Moraes abriu
seus pulmões e encheu-se do ar para começar sua trajetória de felicidade.
À época
de seu nascimento, ainda se vivia o auge da cera da carnaúba, logo seu berço se
não de ouro, mas bem laureado pelos negócios e futuros familiares
desenvolvidos. Seus pais, Eurípedes Clementino de Aguiar, governador do Piauí,
de 1916 a 1920, e Maria da Graça Falcão Lopes Aguiar (Gracy Lopes).
Viveu,
com permissão dos pais, seus melhores e anos dourados, da infância, adolescência
e juventude, mas defendia que a melhor época é sempre o presente. Da infância,
andar de bicicleta e de patins, na Praça Pedro II, são lembranças importantes,
haja vista morar logo ali, na vizinhança do logradouro público. As primeiras
letras, sua mãe Gracy ensinou-a, em casa, a partir da antiga cartilha do A-B-C,
depois pegou aulas com Maria Dina Soares, mestra em letras.
Ingressou
no tradicional Colégio das Irmãs, onde as rezas e a rigidez foram motivos a
persuadir o pai a retirá-la da instituição de ensino. Passou pelo grupo Escolar
Barão de Gurgueia e Liceu Piauiense. Mas o último ano, do ensino científico, concluiu
no Colégio Izabel Hendrix, em Belo Horizonte.
(a irreverente e carismática Genu/reprodução)
A
juventude foi marcada com ares de irreverência, adorava sempre acompanhar seu
pai em palanques políticos e em conversas com pessoas mais experientes. Ao
voltar de Belo Horizonte, muitas vezes abria os comícios em nome de seu pai,
Dr. Eurípedes de Aguiar, quando este não podia comparecer, devido a problemas
de saúde.
Aos 19 anos, em 1946, seu pai presenteou-a
com um lindo automóvel Ford Americano, que era a sensação no período
industrial. A ousadia de uma mulher dirigir um automóvel gerou inúmeros
comentários na então emergente cidade. Genu foi uma das primeiras mulheres a dirigir
carro em Teresina.
Sua independência e irreverência, tornava-a
diferente das outras moças. Gostava de andar com rapazes, mesmo já noiva de
João Mendes Olímpio de Melo. Por entender que alhos não se misturam com
bugalhos, e não mudar seu comportamento, já que não corrompia seu compromisso, o
rompimento de seu noivado foi fato irrefutável.
Nos flertes da juventude, Genu preferia
paquerar com aqueles rapazes de cultura, já com formação acadêmica e solteiros,
em detrimento a namoros com garotos de sua idade. Nos dias de hoje, teria
ficantes, mas àquela época, nos anos 40, chegou a namorar com cinco garotos, ao
mesmo tempo, gerando burburinhos e buchichos, mas Ela nem ligava, já que
senhora de seu tempo e sua hora.
Em 9
de agosto de 1947 foi para o Rio de Janeiro. Na cidade maravilhosa casou-se com
Antonio Moraes Correia, herdeiro da tradicional Moraes S.A., empresa de
exportação paraibana que logo se instalou em São Luís -MA.
(Genu e seu tempo de ser Ela/reprodução)
Foi em São Luís que cativou um leque
de amizades nobres. Com seu marido fazia parte de clubes sociais como o Rotary.
Ao conhecer o jornalista José Pires de Sabóia, o profissional a convidou para
fazer parte do "cast" de um jornal e Genu começou a escrever a coluna “Em Sociedade” no
jornal “O Imparcial”. Sua coluna tornou-se uma das mais lidas no Estado do Maranhão.
Fato marcante, em sua carreira, foi assumir
a presidência do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão, tornando-se a primeira
mulher no Brasil a ocupar este cargo. Com o assassinato do presidente do
sindicato, Othelino Nova Alves, que denunciava o contrabando de café, a corajosa
e destemida Genu assumiu a presidência e continuou com as denúncias. Também foi
Presidente da Associação das Damas de Assistência e proteção à infância- ADAPI.
Nos anos 50, auxiliava seu pai nas caminhadas políticas
pelo estado. Destacou-se na vida política piauiense daqueles anos pelo ímpeto da
mulher que se tornara.
Enviuvou em 1980. Chefiou
o Cerimonial do Palácio de Karnak, durante os governos de Alberto Silva (1987) e Mão
Santa (a partir de 1995). Tornou-se imortal, em 2009, quando assentou posse na Cadeira de número 9
da Academia Piauiense de Ciências. Quando comemorou seus 81 anos, foi tema de
documentário, “O Espelho de uma Época”
Sucesso
entre autoridades, intelectuais, políticos, admiradores e público comum, dona
Genu Moraes foi sempre requisitada por estudantes de todos os níveis, à cata de
informações acerca de costumes e avanços da cidade provinciana à Teresina
moderna, já que protagonizou mudanças consideráveis que evidenciaram o mundo
social e o comportamento das mulheres, nos anos 40 e 50.
Sobre a jornalista, obras pulularam e
trouxeram à luz da curiosidade pública livros que recontam sua história e seu
tempo de ser Ela. O livro de bolso “Genu, a musa de uma geração”, do acadêmico
Heitor Castelo Branco Filho, é um dos exemplos de literatura que relembra fatos
importantes da figura emblemática do Piauí, na política e na vida social dos
anos 50.
A antiga residência do Dr. Eurípedes de
Aguiar, a herança natural à Casa de Genu, resguarda memórias e histórias que
geram a melhor identidade dessa mulher e seu tempo. Localizada no coração do
centro de Teresina, próxima da Praça Pedro II, a residência conserva a nobreza e
charme dos anos 50 e detém aspectos de um verdadeiro museu.
(saudosa Genu e o Casarão do Dr. Eurípedes de Aguiar/reprodução)
Móveis tradicionais e encantos em
mobílias e outros artefatos que levam visitantes a uma viagem no tempo. Tempo
em que Genu era criança; ou a cama onde dormia seu pai; o escritório de
trabalhos do médico e político Eurípedes Aguiar; o piano em que a garota Genu
recebeu as lições de teclado, as porcelanas chinesas, entre outras
preciosidades.
Dos filhos da intelectual, ficam os
bem nascidos Lúcia Moraes Jennings, que mora nos EUA; Lydia Moraes,
proprietária de uma Galeria de Arte na cidade do Rio de Janeiro e Jozias
Benedicto, que também reside no Rio.
Ela, essa Mulher carismática e de
espírito de alegria libertária será homenagem de Lançamento de livro. No dia 29
de maio, às 18 horas, no Theatro 4 de Setembro, a cidade receberá em mãos “Genu
Moraes, a Mulher e o Tempo”, obra organizada a partir depoimentos feitos ao
jornalista Kenard Kruel. Revelações sobre a vida da jornalista, a sociedade e o
poder em que Genu Moraes foi partícipe.
(arte divulgação de Genu Moraes, a Mulher e o Tempo/divulgação)
+ um dia para registro da história e
memória d’Ela, Maria Genovefa de Aguiar Moraes, ou simplesmente Genu Moraes,
essa flor de pessoa em perfume e elegância discretos.
(a bela senhora Genu Moraes/reprodução)
Como diria Ela mesma: será um dia
Formidável!
fonte de pesquisa: (www.180graus.com/cultura/conheça-a-historia-de-genu-moraes-memoria-viva-do-piaui/publicado 20/09/2010 às 11h51/acesso 8.05.2015 às 17h30)
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