de Mulher pra Mulher
maneco nascimento
No ano de 2008 o ator, produtor
cultural e empreendedor de restaurante e bar, João Vasconcelos, teve a ideia de
montar um espetáculo que tivesse como foco e homenagem a Mulher. Concorreu com Projeto à Lei
Tito Filho, naquele ano, e conseguiu, aprovado a empresa, realizar seu argumento, roteiro e
direção ao espetáculo de dança teatro “Ela”, com coreografias de Valdemar Santos. A estreia deu-se em 2009.
João Vasconcelos, apaixonado, incondicionalmente, por Elis Regina, trouxe-a na canção Ela para finalizar o espetáculo. Mas precisava homenagear uma grande personalidade local, por quem sempre nutriu também uma paixão irrefutável. Tinha que trazer dona Genu Moraes para participar do espetáculo. Convidou-a e Ela, de pronto, aceitou o convite, que achou elogioso e honrado.
João Vasconcelos guardava, em seu roteiro original, um texto para ser dito por Dona Genu. Chamava-se "Ela e o Tempo". Genu, muito bem humorada e cheia de gracejo teria dito "Ah, João mas sobre o tempo... ele não é tão bom pra gente, deixa a gente assim... Veja o que ele fez comigo". Vasconcelos retrucou, "Não, Dona Genu, o tempo é importante. ele transformou a senhora no que a senhora é, sua experiência, sua história, seu nome".
Ela leu o texto, mas teve uma ideia. "Mas, então João, eu vou preferir falar da minha vida, relatar a minha própria experiência." E o João, mais que satisfeito com a iniciativa da Dona Genu, respondeu: "Então tá ótimo! Melhora ainda". Marcaram então data para que ela fosse ao estúdio de gravação em que seria colhido seu depoimento.
Ela leu o texto, mas teve uma ideia. "Mas, então João, eu vou preferir falar da minha vida, relatar a minha própria experiência." E o João, mais que satisfeito com a iniciativa da Dona Genu, respondeu: "Então tá ótimo! Melhora ainda". Marcaram então data para que ela fosse ao estúdio de gravação em que seria colhido seu depoimento.
No dia marcado, João ligou para confirmar a agenda. "Dona Genu, to lhe ligando pra confirmar a que horas a gente passa em sua casa pra lhe pegar e irmos ao estúdio do Roraima, para gravar seu depoimento. Eu vou passar ai com o Kenard. A senhora se arruma que a gente passa às 10 horas". Ela respondeu, prontamente. "Não, meu filho. Na hora em que você chegar, basta eu por o meu chapéu que eu já fico pronta". Era assim essa gentileza de pessoa. Educada, refinada, de um humor leve e sempre com um bom riso e uma boa história para contar.
Foram ao estúdio do Roraima e dona Genu cumpriu muito bem o seu papel de atriz. Ao término da gravação, disse, "Não precisa editar. Eu gravei de primeira". Era uma Mulher incrível, inacreditável e nunca esnobe.
Na estreia do espetáculo, estava lá elegantíssima, na primeira fila. Seu depoimento foi um grande achado dentro da montagem. Um luxo. Deu entrevistas, recebeu cumprimentos, deu autógrafos e atendeu todo mundo com toda a simpatia que sempre lhe foi peculiar. Orgulho para toda a equipe do espetáculo "Ela", por ter no elenco alguém como dona Genu.
Ao tempo em que era homenageada, homenageava a todos com sua presença, disponibilidade e carinho com os artistas, a cidade e a história e memórias das artes cênicas locais. Ela, ao receber a honraria, é quem nos honrava e causava orgulho ímpar. "Foi uma noite formidável", declarou durante os buchichos de bastidores, após a estreia concorrida do espetáculo "Ela".
Das saudades que guardamos de sua doce presença; das delicadezas e compromissos que detinha para com as pessoas que a procuravam. Do carinho e carisma peculiares em prontamente atender a uma solicitação.
Ela é "Ela" em todo o âmago do narrativa dramática, histórica, de memorial social das falas e vozes da sociedade representadas no corpo do corpus que fala e dança no espetáculo "Ela". Por isso que João não abria mão de incluir Dona Genu no espetáculo. Convidou-a e a felicidade fechou o ciclo de dramaturgia previsto à cena
Ela é "Ela" em todo o âmago do narrativa dramática, histórica, de memorial social das falas e vozes da sociedade representadas no corpo do corpus que fala e dança no espetáculo "Ela". Por isso que João não abria mão de incluir Dona Genu no espetáculo. Convidou-a e a felicidade fechou o ciclo de dramaturgia previsto à cena
A aproximação de João Vasconcelos com
Dona Genu foi sendo construída aos poucos, naturalmente. O promotor cultural havia
produzido, junto com a poeta e cantora Cláudia Simone, no ano 2000, o Projeto “Mulheres
Plurais”.
O tema do show era “A Mulher no 3º. Milênio” e o
pré-lançamento foi realizado na Cookies Eventos, com coquetel, à noitinha, para
convidadas especiais, mulheres destacáveis em Teresina, entre elas a Gracinha
Cordeiro, coordenadora do Lar da Esperança e Genu Moraes.
Ainda em parceria com Cláudia Simone,
houve duas edições de Café da Manhã, na Galeria do Club dos Diários, em
homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Dona Genu foi presença indispensável.
Também no Bar do Club dos Diários, os Cafés da Manhã em homenagem ao Dia 8 de
Março sempre contavam com Genu Moraes. João Vasconcelos confessa que Dona Genu
sempre prestigiou os eventos que ele promovia.
E quando resolveu convidá-la para
gravar um depoimento, em texto de abertura ao espetáculo “Ela”, apesar dos
contatos em eventos culturais em que Ela participava, não havia nenhuma
intimidade entre eles. Então, foi à casa d’Ela e manteve contato com sua
assistente, haja vista Dona Genu estar em viagem. Da visita à casa de Dona
Genu, ficou acertado que sua assistente daria o recado a Ela e João levou o
número do telefone para fazer um contato.
Com a volta de Dona Genu, ele ligou
para Ela, meio cheio de dedos, se apresentou, falou da ideia do convite para
que participasse do espetáculo. Informou, ainda, que já havia conversado a
respeito com o Kenard Kruel, de quem era conhecido, há algum tempo. Ela
acentuou, “ótimo, então eu vou convidá-lo para estar aqui no dia em que você vier
em minha casa. Ele está escrevendo o livro sobre minha vida”.
Quando
João chegou para a reunião marcada, o Kenard já se encontrava. Explicou, então,
que a trilha do espetáculo estava sendo feita pelo Roraima e que a gravação do
texto de abertura seria realizada em seu estúdio. Marcaram o dia da gravação.
O Kenard esteve em todos os momentos
desse estreitamento de relações artísticas. Na reunião em casa de Genu;
acompanhou-a ao estúdio; na estréia do espetáculo. Dona Genu foi a estrela da
noite. Recebeu flores ao final e, como diz João Vasconcelos, “o espetáculo foi feito em homenagem a Ela. Dona Genu foi a grande
homenageada do espetáculo”, finaliza.
A
artista plástica Helô Cristina traz consigo uma memória afetiva de seu tempo de
criança. Morava na Elizeu Martins, centro norte, na altura em que se instalou a
escola Yázigi, nos anos 80. Lá pelos idos dos anos 50, + precisamente em 1959,
lembra Helô que, àquela época, na Rua Elizeu Martins, os carros podiam subir e
descer. Alguém de sua geração, crianças entre sete e oitos anos de idade,
alarmou “lá vem a Dona Genu” e todo
mundo correu às portas para ver a chegada d’Ela.
Num
luxuoso automóvel, cor vermelha, sem teto, Dona Genu vinha dirigindo e trajava
um vestido “tomara que caia” vermelho, justo e curto, e óculos escuros. Era um
espetáculo aos olhos das crianças da vizinhança. Também lembra a artista
plástica que sua tia a levava à residência de Dona Genu, localizada à época, na Rua
Pires de Castro, próximo ao 25º. BC, numa casa, estilo neoclássico, com colunas
gregas, toda em branco.
A casa suntuosa permanece no mesmo lugar, atualmente
funciona uma escola de línguas. Ali, Helô diz que conviviam, algumas horas, à
beira da piscina, ela na companhia de Dona Genu, em seu maiô tomara que caia
vermelho; sua tia; alguns amigos comuns da redondeza que tinham acesso à casa e
aos parentes de Dona Genu.
No final da estréia concorrida do espetáculo
“Ela”, enquanto o público ovacionava o sucesso do momento e Dona Genu recebia
flores e cumprimentos do elenco, disse “da próxima vez que vocês forem repetir o
espetáculo, me convidem para fazer uma pontinha”. O oferecimento era de
alguém muito à frente de seu tempo, com muitos talentos e atriz que, segundo
Ela mesma relatou, fizera dois filmes em São Luis do Maranhão.
Na saída do Theatro, o cinegrafista Roger
Arruda, que fazia o registro da peça, público e relizava entrevistas com os convidados,
abordou-a e perguntou, “Dona Genu, a senhora gostou?” e Ela
respondeu, “o espetáculo foi formidável!”.
Dos encontros com Dona Genu e o
estreitamento da admiração que João Vasconcelos desenvolveu por Ela, à medida
que conseguiu conhecê-la + de perto, é que teve a ideia, prontamente aceita por
Kenard Kruel, de realizarem o lançamento do livro “Genu Moraes - a Mulher e o Tempo”,
obra construída a partir de depoimentos d’Ela ao jornalista e amigo, Kenard
Kruel.
Os festejos de lançamento do livro
acontecerão dia 29 de maio, a partir das 18 horas, no Theatro 4 de Setembro. De
entrada haverá a apresentação do espetáculo “Ela – Tributo a Genu Moraes”.
Na sequência o lançamento do livro e sessão de autógrafos no Bar anexo ao 4 de
Setembro.
O livro “Genu Moraes – a Mulher e o Tempo”,
editado pela Zodíaco, traz surpreendentes revelações sobre sua vida, a
sociedade e o poder. Seguramente será uma noite inesquecível e, se conosco
ainda estivesse em presença física, seria a primeira a chegar com sua elegância,
simpatia, carisma e sempre a irreverência peculiar de humor refinado.
Dia 29 de maio, no Theatro 4 de Setembro, fazendo uso de seu jargão
charmoso, porque Ela é "Ela", diria que será
uma Noite Formidável!
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