segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Filhos das cenas

Filhos das cenas
por maneco nascimento

No dia 19 de agosto, data em que se comemora o Dia do Artista de Teatro, é dia também que, mesmo redundando na palavra que data, se reitera a sempre festa do profissional da cena, da dramaturgia dos encontros, da liturgia dramática e rituais do fingimento e do convencimento do público que, curiosamente, detém-se na arte da vida que imita a vida, na mímesis do cotidiano reinventado.

Da era clássica aos dias do piscar da contemporaneidade, um sinal do profano ao elementar rito de quase religiosidade manifesta, o teatro vem na esteira do deus Ex-Machine reelaborar sonhos, fantasias, magias, o lúdico e o essencial de ciência e sensibilidade apuradas à arte e cultura que sempre perseguiu os povos, mesmo que a antropologia não identificasse o ato como teatro.

E sendo para comemorar, é também para em justa medida lembrar deuses e homens, divinas e herdeiras da magia que fizeram com que a cena ganhasse a paixão que nos envolve a todos. Baco e suas sacerdotisas; Téspis; Sófocles; Eurípedes; Shakespeare; Racine; Molière; Teatro de Fernando Arrabal e o Grupo Pánico; Gil Vicente; Arthur Azevedo; Dias Gomes; Nelson Rodrigues; Oduvaldo Vianna Filho; Gianfrancesco Guarniere; Plínio Marcos, et all.

Dulcina de Moraes; Cia. Procópio Ferreira e Bibi Ferreira; TBC – Ziembinski e o Teatro Brasileiro da Comédia; Cia. Teatro Cacilda Becker e Walmor Chagas; Gianni Ratto, Fernanda Montenegro e o Teatro dos Sete; Amir Haddad, José Celso Martinez e o Teatro Oficina Uzyna Uzona; Paschoal Carlos Magno e o Teatro do Estudante do Brasil; João das Neves, Augusto Boal e Grupo de Teatro Opinião; Abdias do Nascimento, Ruth de Souza e o Teatro Experimental do Negro (Teatro Negro do Brasil); Teatro Chanchada, dos Cabarés e Musicais; Augusto Boal e o Teatro do Oprimido; Teatro da Resistência; Teatro Maldito; Flávio Marinho, Alcione Araújo, Hamilton Vaz Pereira, Mauro Rasi, Miguel Falabella e o Teatro Besteirol; Teatro do Improviso e Teatro Stand Up;Teatro Multimídia e virtual, entre outras novíssimas variações do ato humano e criativo de efeito dramático.

Teatro do nordeste brasileiro, da década de 80, nos encontros nacionais do PAPEPI (Paraíba, Pernambuco e Piauí) e o mais que se foi assomando como o rico teatro popular e sua reinvenção no Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Ceará. A Bahia, do primeiro teatro nacional, também tem seu ato de tradição, rupturas e da Bofetada.

Na Teresina, em fins do século 19, Jonathas Batista já insistia em preservar a cena em seu contexto. Um salto para fins de 50 onde se reapresenta nova energia teatral e, na década de 60, o movimento do Teatro do Estudante no Piauí nos legou Professor Gomes Campos. O teatro de sua geração reuniu Gomes Campos, Ana Maria Rêgo, Tarciso Prado, Santana e Silva e o cearense Ary Sherlock. Em meados de 1970, Murilo Eckardt fez a diferença na cena rica e contraventora de estética inconformada e contestadora.

Também têm seu ritual de passagem em meios à essa década de setenta, os Grupo de Teatro Pesquisa (Zé Afonso, Beth Lima, Lari Sales, et all) e o Grupo Raizes (Lorena Campelo, Aci Campelo, Lili Martins, entre outros). Já na década de 80, Grumochoa de Teatro (Raimundo “Mundica” Dias); Grupo Harém de Teatro (Arimatan Martins, Airton Martins, Francisco Pellé e outros); Grupo Fantástico (Wilson Costa, Fernando Almeida); Os Shakespirados (primeira montagem piauiense de Shakespeare, por Arimatan Martins); Cia. de Dramas e Comédias (Lari Sales, Fábio Costa, Carmem Carvalho, Claudinha Amorim e Wilson Costa).

Amadurecidos nos anos 90, o Grupo Corpos (Adalmir Miranda); Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira” (Luciano Brandão e Arimatan Martins); Grupo Asmodeus (Luciano Brandão, Alex Zantelli, Frangerson, Elielson Pacheco, Layane Holanda, Bid Lima, Franklin Pires, Ray Fernandes, Claudionor, et all).

Somados a estas iniciativas agremiadas de teatro, em ato continuado, os Grupos Teu (Teatro Universitário – Chico Filho, Lúcia Araújo, Roger Ribeiro, Jesus Viana, Tércia Maria, Edilúcia Araújo, Fernando Freitas); Cia. Circo Negro (Chiquinho Pereira, Luciano Melo, Adriano Abreu, Cláudia Rodrigues); Grupo de Teatro do Monte Castelo (Rubinho, Lalas); Proposta de Teatro (Roger Ribeiro e Vitorino Rodrigues – Timon e Teresina); Cia Truá de Espetáculos (Júnior Marks e Vitorino Rodrigues – Timon e Teresina); Tribo de Teatro (Franklin Pires); Escola Técnica de Teatro Prof. Gomes Campos (Aci Campelo, Lorena Campelo, Luiza Miranda, Carmem Carvalho, Emanuelle Vieira, entre outros).

+ contam esta história o Grupo Nazaré de Teatro (Wilson Gomes – Shana de Souza); a A & C Promoções Culturais (Aci Campelo e Carmem Carvalho); o Núcleo do Dirceu (Teatro e Dança – Marcelo Avelin, Layane Holanda, Regina Veloso, Weyla Carvalho, Janaína Lobo, Elielson Pacheco); a Puty Teatro Labore (Sandra Loiola); Cia. Piauhy Estúdio de Artes (Adriano Abreu, Silmara Silva, David Santos e Carlos Aguiar); Mosay de Teatro (Avelar Amorim); Grupo de Teatro Flagelo (Remédios Silva– Dirceu Arcoverde); As Petúnias de Teatro (Marina Marques); Prelúdio de Teatro (Eduardo Prazeres); ASS (Teatro e Dança – Márcio Felipe e LauraAlexandre – Dirceu Arcoverde).

(Dia de comemorar o artista de teatro/divulgação)

No humor de destaque, na cidade e nas filas em portas de casas de espetáculos, Amauri Jucá e Dirceu Andrade desempenham carreira solo e já podem compultar seus quinze minutos de fama, em um quase mito do eterno retorno da mitologia contemporânea.

Nesse dia do artista de teatro, 19 de agosto, lembrar os colegas com quem dividi palco. Vera Leite, Izinha Ferreira, João Brito, Galdiran Cavalcante, Wilson Costa, Lari Sales, Lorena Campelo, Virginia Sales, Edy Veríssimo, Nádia Rodrigues, Francisco de Castro, Fernando Freitas, Tércia Maria, Luciano Brandão, Ademilton Moreira, Antoniel Ribeiro, Fátima Guimarães, Luciano Melo, Fernando Almeida, Claudinha Amorim, Franklin Pires, Silmara Silva, Adriana Abreu, Bid Lima, Francisco Pellé, Pinho Gondinho, Janaína Fortes, Raimundo Dias (in memoriam).

Também contam Janaína Santos, Moisés Chaves, Dirceu Andrade, Amaurí Jucá, Roger Ribeiro, Vitorino Rodrigues, Edith Rosa, Layane Holanda, Marina Marques, Jorge Carlo, Júnior Marks, Siro Siris, João Vasconcelos, David Santos, Sandra Loiola, Mariano Abreu, Adalmir Miranda, Laurent Mattalia, Lury de Almeida, Selma Bustamante, Solfiere Markhan, José Dantas, Fifi Bezerra, Roger Arruda, Chiquinho Pereira, Zé Carlos di Santis, Valdemar Santos, Carmem Carvalho, Gilvan Braga e tantos outros que fogem à memória, mas não perdem o fogo da arte que nos contamina.


Aos pais do teatro que nos contagia, Evoé! Aos filhos do teatro que ora representamos, merde! Sempre.

4 comentários: