A Flor rompeu
de assalto
por maneco
nascimento
“Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me? (...)
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me? (...)
Em
vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!(...)
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa. (...)
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!(...)
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa. (...)
Passem
de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor." (A Flor e a Náusea/Carlos Drummond de Andrade)
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor." (A Flor e a Náusea/Carlos Drummond de Andrade)
Uma Flor nasceu nos palcos, da cidade,
nesses dias de novidades à vida desse século 21. Nasceu adubada pelo histórico
de outras investidas, de memórias revisitadas e de histórias do teatro
brasileiro. Em nova incursão à média de prática de teatro amador do Piauí,
Avelar Amorim abriu exercício, a princípio, para uma trindade de intérpretes à
velha e querida flor da dramaturgia nacional. Nessa investida deram sua
contribuição ao recorte da personagem picotada e o diretor plantou três perfis
da flor de Athayde.
(A "Margarida", de Edith/fotos: acervo Mosay de Teatro)
“Apareceu a Margarida” divertiu a plateia
nas vozes da professora autoritária e sob a égide dos cavalos, Edith Rosa,
Vitorino Rodrigues e Adriana Campelo, + um partner (estudante real, na sala)
Eri Pegado. Dessa primeira experiência, o diretor Avelar saltou de volta à
regra tradicional e optou por uma só intérprete para um dos + montados
espetáculos, aqui e alhures. Nascia assim a leitura de Avelar Amorim para “Apareceu
a Margarida”, com a atriz e profissional de figurinos para teatro, Edith Rosa.
("Dona Margarida" em Edith Rosa/foto: acervo Mosay de Teatro)
Para que se chegue a essa “Margarida”, de
Avelar e Edith, tem-se que percorrer um histórico local, nacional e alhures. Do
autor da peça pode-se oferecer que “Roberto Athayde (Rio de Janeiro, 25 de novembro de 1949)
é um cineasta, dramaturgo, escritor e poeta brasileiro.
Tornou-se conhecido como o autor
de Apareceu a
Margarida, a tresloucada professora que levou à fama a atriz
brasileira Marília Pêra e
encenada por mais de trinta países, protagonizada por Annie Girardot na França em 1974, Estelle Parsons nos Estados Unidos
da América em 1977, Anna Proclemer na Itália em 1975
e Michael
Cacoyannis na Grécia em 1975. Filho do imortal Austregésilo de
Athayde (...) Escreveu até agora (2013) 28 peças teatrais. Foi o
tradutor/adaptador da peça americana O Mistério de Irma Vap (...)” (www.wikipedia.com.br/acesso
11.08.2013 às 21h35).
Em Teresina há duas invenções
para “Dona Margarida”. A primeira, teve atuação e direção da nossa querida Lari
Sales, que ainda mantém viva sua performance para a personagem imortal. E a
segunda tece destinos para Edith Rosa e Amorim.
Da primeira montagem de “”Apareceu
a Margarida”, que a alçou ao mundo, um
diretor cearense foi o mago que, originalmente, lançou poção à dramaturgia de
cena. “Aderbal Freire-Filho (Fortaleza, 8 de maio de 1941) é apresentador
de televisão’e consagrado diretor teatral brasileiro. É o namorado da atriz Marieta Severo.
Sua primeira direção é O Cordão Umbilical, de Mario Prata, em 1972.
Mas seu primeiro grande sucesso profissional foi a direção do monólogo Apareceu a Margarida com Marília Pêra. A peça de Roberto Athayde sobre uma professora tresloucada,
estreou no dia 4/09/1973, no Teatro Ipanema, no Rio de janeiro (...)”.(www.wikipedia.com.br/acesso
11.08.2013 às 21h 40)
“Apareceu a Margarida”, com Edith
Rosa, mantém todos os arroubos e síncope de tresloucuras margaridianas e
acrescenta o ponto no doce, oferecido pela atriz, e meneio particular de
conduzir o seu destino em pulso sanguíneo da personagem de Roberto Athayde.
Criou uma energia inteira e dinâmica, concentrada de histrionismo e
escatológico que rebusca uma “Margarida” empolgante e dona de sua vida emprestada
à atriz. Edith encontrou seu caminho das pedras e, em salto da gata selvagem,
lambe o pelo e encanta em seu exercício solo.
("Apareceu a Margarida", com Edith Rosa/fotos: acervo Mosay de Teatro)
“A novidade é que o Brasil não é
só litoral (...)” (Notícias do Brasil/Milton Nascimento) e, na imagem de senso
comum, de alguns territórios brasileiros, o Piauí, por descuido de alguéns, às
vezes é omitido do mapa pedagógico da geografia nacional. Mas é muito + que só sertão.
É também. E repercute arte e cultura que aparece na cartografia de entradas e
bandeiras artísticas. “Dona Margarida”, de Edith e Avelar, é um dos ótimos
exemplos do teatro que o Piauí construiu em suas memórias de dramaturgia do
país.
Edith Rosa, e sua “Margarida”,
concorreu ao 20º. Festival Nacional de Monólogos “Ana Maria Rêgo”” – Ano Lorena
Campelo e disputou prêmio com a atriz carioca Luciene Martins, que trouxe ao
Piauí a peça “Galo de Rinha”, com direção de Alexandra Garnier. A primeira
levou o Prêmio de Melhor Atriz pela “Margarida”, dirigida por Amorim.
“Em 20 anos de Festival Nacional de Monólogos entramos para a
história do Teatro Piauiense, como primeiro espetáculo com uma atriz premiada a
melhor para nossa Edithe Rosa sob minha direção em Apareceu a Margarida. Quero aqui
agradecer a todos os amigos que me incentivaram, acreditaram e apoiaram desde o
que apenas viu na platéia aos técnicos e os que viram mais de uma vez. Pontuar
também a honra de dizer que foi o primeiro espetáculo piauiense em que o Mestre
Paulo Libório aplaudiu DE PÉ, no final da apresentação; eu o conheço e sei que
isso pra ele só se realiza quando se é de verdade. Estou realmente muito feliz.
E até o FESTLUSO ainda este mês, fica o desafio do convite aos que ainda não
viram. Até lá! "(postagem, no facebook, do diretor A. Amorim, na noite de
10.08.2013, após o resultado do certame)
Nasceu
uma flor, no assalto de conquista de Prêmio inédito para certame, realizado em
Teresina, de concurso nacional de teatro para linguagem de monólogos. Em seu
melhor exercício de fingimento, “enganou”, convenceu e foi laureada com a
honrosa premiação conquistada de Melhor Atriz do 20º. FestMonólogos 2013. Que nem passem ao longe as bandas que
não queiram tocar essa excelente música aos ouvidos da arte local.
Em
concentrado de cor, luz e fúria cênicas silenciou os incautos. Garanto que
nasceu uma flor. Nada silenciem, avisem à polícia, à imprensa, à rádio calçada.
Não paralisem os negócios, façam barulho e prestem alegria à colega de
profissão. Nada a desbota, só a coloca em stand by, quando a personagem é deitada
a descansar. Sua cor é percebida. Suas pétalas, em abraços desejosos, estão
abertas. Seu nome já está nos livros da memória e história do teatro local. É
linda!
É realmente
uma flor e se chama Edith Rosa.
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