quinta-feira, 20 de junho de 2013

13 é sorte. Aposto.


13 é sorte. Aposto.
por maneco nascimento

Cláudia Simone apresentou + uma faceta de seu projeto de dar visibilidade a cantores e compositores locais. Na noite do dia 19 de junho, a partir das 21h, no palco do Theatro 4 de Setembro, a cantora, compositora, poeta, mãe e advogada apresentou o show “Filha do sol do equador”, com Cláudia Simone e Banda.

Na cena técnica musical, teclados, bateria, percussão, baixo e guitarra compunham a plataforma de recepção ao discurso da canção apresentado com Cacau Simone. Na cenografia, uma rede de sisal, disposta ao fundo, estendida sob um telão que reproduz imagens e iconografias arte visuais e cultura popular de resistência, arquitetura de memória e histórias urbanas e rurais, cotidianos campesinos e fotos da família.

A rede natural estendida e a reprodução de imagens em vídeo abrem um link implícito da “rede social” de cultura natural transversalizando, romanticamente, aproximação com as novas redes e sociedades informacionais de fluxos e efemérides das memórias tecnológicas e antropologias da arte dos novos temp(l)os.

Ainda da cenografia sugerida pela direção de arte do show, uma toalha de centro de mesa, em crochê ou renda natural, é plantada no “chão” do procênio, talvez como signo emblemático de palco ilustrado com cultura popular de artesanato manual de linhas, rendas em alinhavos da mora.

Cláudia Simone parece apresentar também um repertório de canções e composições de artistas da terra, selecionados para compor show, cd e DVD que se finalizará em maior evento, dia 30 de junho, no Mirante do Monte Castelo/TV Assembleia.

(Cláudia Simone em apresentação no E. C. "Osório Jr."/foto: piaui.pi.gov.br)

No show, propriamente, visto no 4 de Setembro, um misto de emoções particulares, por vezes incontroláveis e redundantes, e um afobado talento coroado por interpretações que variaram entre samba breque, pop rock, rock da terra e nacional e uma composição própria que integra a coletânea apresentada. 


 Cazuza e sua “Codinome Beija-Flor” pareceu uma forçada imposição de pedido de desculpas localizado, fugindo um pouco do discurso original do pop romântico, para se instalar numa quase amargura de apontar a cidade que nega a raiz.

Cláudia também cantou Edvaldo Nascimento e outros colegas de profissão. Manteve sua postura de performer que a faz fugir do lugar comum em seus shows. Concentra implosão emocional e explode coração percorrendo úteros sangrados que sagram a necessidade de soltar a sua voz. Um bom show para poucos gualpos pingados.

Como a própria cantora observou, ao entrar em cena teria contado 13 pessoas na platéia. Agradeceu ao público presente e considerou importante aquela presença. Argüiu que aquele era o Piauí que, merecidamente, representava não só sua platéia, naquele momento, mas seria também sinal de resistência onde sempre fora difícil manter a arte musical, local, viva e atuante.

O público dos 13 ganhou melhor proporção à medida que a energia positiva e força expandida da cantora iam se espalhando pelo “vazio” Theatro 4 de Setembro. Cantou bem, deu seu recado musical e político de inclusão e visibilidade, gravou seu clip e saiu bem na fita.

Da sua parte romantismo e solidariedade aos colegas de profissão. Da parte de seu público, fidelidade, respeito e curioso carinho de manter a idéia da artista brilhando sob as luzes da ribalta.


Chão de esteiras e deus Ex-machine para catalisar a purgação do artista com complexo de rejeição e forjadas profecias de apocalipse da canção local. Cláudia é alçada a mérito de coragem, insistência premiada no projeto de prospecção de penetração midiática, paladina de vitórias insistidas na música que a cidade compõe e a de artista da cena, aparentemente negligenciada pela cidade, mas contemplada com a platéia dos 13.


13 é sorte. Aposto. Faço investimento para “vida longa à Rainha!” Que as abelhas operárias e zangões contribuam para que haja geléia real, mel, própoles e cera para corrigir as fissuras e paredes trincadas da (colônia) sociedade musical.

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