Festejados Números
por maneco nascimento
Os festejados números, de 104 inscrições, com algumas desistências de apresentação, no
primeiro dia de competição do FestDança de Teresina, iniciado à tardinha do
dia 13/09/2012, no palco do Theatro 4 de Setembro, uma
overdose, ou melhor, uma overdança de coreografias e práticas, demonstradas, de
flexível viés de olhares para corpos que se movimentam.
Festeja-se estatística expressiva de inscrições para três dias batidos
de representação local
(capital e municípios piauienses) e regional (estados circunvizinhos). + de 300
inscrições gerais. Festeja-se também a disposição, energia e atenção
concentrada de pais, crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens e adultos,
seus respectivos coreógrafos/professores que, na esteira da sorte em
competição, dão seu máximo.
(Mara Barros/divulgação)
Em paráfrase ao compositor baiano, Gilberto Gil, e brincando encima do
tema, diria que a verve que se respira no Festival
de Dança de Teresina é para “dance
o que quiser, é imperativo dançar... energia nas vértebras, nos músculos,
música em todos os átomos... sentir o ímpeto, mostrar o que puder.”
E, nos festejos de danças e estilos, e maneirismos e
graciosidades, e letras e frases e orações desse código de corpos
“alfabetizados”, encontra-se melhores leitores, leituras titubeadas, soletradas
e até alfabetizados funcionais. Todos falam a mesma língua, que “...
é minha pátria.” No caldeirão das intenções, talvez não se tenha mátria, mas
quer-se fátria, como bem disse Caetano Veloso, em “Língua”.
No mapa de dramaturgias dançadas, muito a + e ao menos do jogo de ganhar,
ou ganhasse. As apresentações se dão a partir das categorias
infantil, juvenil, adulto e avançado. E se viu coreografias de estilo livre,
solos, duos, trios, conjunto, conjunto contemporâneo, dança de rua duo e
conjunto. É dança que parece invencível.
O trabalho da comissão avaliadora é hercúleo, passa dos doze trabalhos do
herói mitológico. Pelo menos no caso de Marisa
Piveta e Toshie Kobayashe, que estão presentes em boa parte das edições,
já conhecem caminhos por onde andam os coreógrafos, suas cias. e seus facilitados
aprendizes. Talvez até decorem alguns nomes, ou pelo menos as linhas de trabalho
desempenhadas.
Os resultados foram ganhando melhor desenvoltura quando entrou na
categoria juvenil. A fase infantil parece causar impressão de que está + para
constar, cumprir tabela, ou justificar as horas de contracheques, isso para
caso de instrutores do município.
Trabalhos vindos do interior do estado, que não tenham a informação
quente da capital, vicejam uma atenção melhor testada do facilitador e intenção
em fazer melhor representação. Os de outros estados devem-se fazer bonito.
Grosso modo, os resultados de categoria infantil, + nesse ano e em
primeira noite, havia certo “descuido”, ou descompasso do demonstrado na pele
das crianças. Salvo um, ou outro exemplo destacável, de quando maior empenho do
instrutor em facilitação, houve muito de só constar.
Outro viés observado é que, algumas “estrelas” de oficinas de
iniciação no município acabam coptadas para grupos, cias., e pequenas academias
emergentes. Nada contra. + oportunidade dos
novos aspirantes terem contato maior com a competição. Todavia, parece haver
finalização melhor da mesma “estrela” na iniciativa privada. Talvez + tempo de
dedicação, quando o assunto é o próprio negócio.
Quanto à bateria de demonstrações, começou a partir das 17h30 e
estendeu-se até às 00h10, com pequenos intervalos, para refresco de todos,
entre categorias concorrentes. Foi uma maratona para o público, concorrentes e observadores técnicos. A
assistência, diversificada e orgulhosa, nem sempre respeitosa ao trabalho do
outro. Só a sua aldeia merece melhora atenção.
Da noite assistida, um crescente que parece acompanhar melhor
entendimento, do estar dançando, a partir das gerações e idades. Há exemplos que evoluíram
do infantil de Beth Báttali (Oficinas Contemporânea do Teatro Municipal João
Paulo II, NAI Dirceu e Cia. Báttali de Dança).Também há um desfile,
cintilar de coreografias em cabecinhas empolgadas que vitrinizam coreógrafo
(a)s.
Bons exemplos de facilitadores à respostas vistas, Eline
Costa, Kiara Lima, Cinthia Layana, Samuel Alves, José Nascimento, Beth Báttali,
Valdemar Santos, Francisco Moreno, Roberto Freitas. Das
empresas, em profissionalização, Academia Cinthia Layana(eureka perseguida), Cordão Grupo de
Dança(novelo de bom algodão), Organização Ponto de Equilíbrio, Balé Popular do
Estado, Nação Tremembé, S.A de Dança(clint eastwood), Só Homens Cia. de Dança
(em descoberta da própria pedra roseta), et all.
Os Grupos de Castelo do Piauí, Buriti dos Montes, Regeneração, Monsenhor Gil, Timon,
etc., também desempenham seus melhores papéis e representam suas comunidades. À medida que as
coreografias ganham confiança do juvenil ao adulto, vê-se empenho e
graciosidade assentando-se.
Em primeira tiragem, se observa marcas semiassimiladas, na falta da organicidade
em fuga do mecânico, para lembrar Érika Novachi; algumas
obrigações de contrato empregatício; impressão de assinatura de coreografias
distintas, quando o desenho é estritamente similar; imberbe resultado da lição
escolar aplicada; desenvoltura sem tempo de crescer; improviso de corpo em
pouca compreensão do contexto musical, e toda pressa de estar presente.
Mas também há triangulações e conexões íntimas d’alguns, aritméticas
afinadas em outras coreografias e tranqüilidade de corpos em escritura de ata
da dança local. 16º. Festival de Dança de Teresina não morre no
palco, talvez ainda nade em águas diversas, sem representar perigo, só vagas
difíceis nas ondas da competição livre e de abertura franca na inscrição.
O momento do street dance, uma variação entre a efeméride e a confiança
de quem dança a própria escolha. Bom corpus pensado ali e alhures e alguma
mímesis de cabono 14 segundos.
Dance o que puder... é imperativo dançar!
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