sexta-feira, 27 de julho de 2012

Abominável!!?


 Abominável!!?
por maneco nascimento

O arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, declarou segunda-feira que a igreja católica classifica a união entre casais do mesmo sexo como abominável e inaceitável pelas leis divinas. De acordo com o arcebispo, os homossexuais têm direito a viver em sociedade civil, porém a igreja rejeita o matrimônio gay. ‘O matrimônio gay, comparado com a família, não aceitamos de jeito algum porque ele bate de frente com a lei natural, homem e mulher imagem da semelhança divina que geram uma vida’. Para Dom Aldo, a união entre casais do mesmo sexo fere os princípios da igreja e, portanto, é inadmissível. ‘Nós não aceitamos e é abominável segundo a lei natural e a lei de Deus', concluiu o arcebispo." (Blogueiro MeioNorte/Informe: Efrém Ribeiro/meionorte: opinião, 26/07/2012)

De sorte que as sociedades têm avançado bastante para digerir os discursos diversos, mesmo os advindos da igreja católica paraibana, plantada no nordeste e filha do sol do equador desse lado de cá da América latina. 

Direitos civis há muito que giram por fora das discussões dos circuitos religiosos e doméstico-dogmáticos, estão melhor amparados nos legislativos e judiciários a partir de espaços sociais ampliados e abertura de leitura dos comportamentos sociais.

Os discursos religiosos católicos estão seguramente + próximos também dos neo-pentecostais de salvação e perdição do reino dos céus. A igreja católica, ficando + no terreiro da discussão de púlpito da maior representação nessa América ibérica, pode ter a postura que lhe convier. 

As liberdades de culto, de credo, de voz e expressão e também de orientação sexual é da natureza do livre arbítrio. Não há, para os dias contemporâneos, Deus vingativo do velho testamento, nem raio fulminante vindo dos céus.

Pode haver, sim, forças naturais e intolerantes vindas do homem, auto proclamado procurador dos “negócios” de Deus. Eis onde moraria um perigo que contaminaria os ouvidos, o seio familiar reservado, as ruas, as comunidades e a vida do diferente aos olhos do santo detentor da palavra de Deus.

A ciência, a igreja, a justiça, a política, a polícia e as leis naturais, ou reelaboradas, classificam, mas a vida tem dinâmica própria como a língua, para sobrevivência entre dogmas e jargões.

Classificar o que é certo e o que é errado pelo ponto de vista dogmático religioso é bom para quem se sublima à fé, cega. A ciência que sofreu tortura dessa mesma igreja, capitulou para libertar-se depois e fez, a si própria, a palavra de ordem, científica. 

Todos os homens (genérico), qualquer que seja a orientação sexual, têm direito de viver em sociedade civil e não é a igreja que vai determinar isso, não +. A cidadania das conquistas sociais é que define qualquer direito adquirido.

A rejeição da igreja ao “matrimônio gay” parece discurso em círculo da matilha escolhendo qual bicho da alcatéia será o prato da hora. Não parece que os casais homoafetivoss estejam sonhando com casamento com véu e grinalda e bênçãos da santa madre igreja. 

O “casamento gay” não é para ser comparado com a família José, Maria e Jesus, ou Maria, José e Jesus, ou ainda Jesus, José e Maria. O “casamento gay”, ou melhor, o casamento homoafetivo não é para ser comparado com nada, ou ninguém.

O casamento homoafetivo, se tiver que sofrer referência de semelhança, ou diferença, é para ser com os exemplos de comunhão de casamento entre pessoas do mesmo sexo e só. As novas relações não precisam ser aceitas por qualquer igreja, só pelas escolhas das pessoas e das leis que as protegerão caso haja intolerância de radicais.

A homoafetividade não veio para “bater de frente” com leis naturais e religiosas, veio para assegurar liberdades de escolhas, referências fora da convenção velhaca e livre do remorso e da culpa dos “escolhidos”.

O mundo sobreviverá mantendo casais heterossexuais, mas também terá flexibilizado outro tipo de formação social e conjugal, “doelha a quem doelha” e olha que parece que ainda poderá doer muito do lado de quem será apedrejado ao modelo de experiências velho testamentais. 

Mas a sociedade avançou muito desde que Jesus separou a igreja do estado. A igreja fique com suas ovelhas, escolhidas, e esqueça a parábola da que se desviou do rebanho. O estado cuidará dos direitos civis, institucionais e de novas práticas sociais de convivência humana.


("A Criação de Adão", de Michelangelo Buonarrotti/Teto da Capela Sistina, Vaticano/imagem colhida de www.naturale.med.com.br)


Os feitos à imagem divina continuarão procriando os próximos à imagem divina da igreja. Os outros em livre arbítrio poderão constituir novas formações familiares, resposta ao novo mundo que as sociedades naturalmente têm construído à força das leis de natureza do entendimento social + amplo.

A união entre casais do mesmo sexo não é para ferir princípios de ninguém. Há + coisas inadmissíveis entre o céu e a terra vaticanas e parecem passar despercebidos pelos discursos oficiais da igreja católica apostólica romana. Há abominações também em corredores, sacristias, escolas fechadas religiosas do alto ao baixo mediterrâneo, passando pelo sertão, de dentro, de Arapiraca e alhures.

Que a igreja, do alto de seu púlpito do diverso da salvação, realize seu papel seja de salvação d’almas, seja de lotear benefícios entre o céu e a terra saída de Israel e assentada na península ibérica para o mundo. Das questões das novas formações sociais e orientações sexuais cuidem as leis naturais do estado.

Não é apologia ao casamento homoafetivo, é apologia à sobrevivência da espécie em seu diverso. E que Deus onipresente e onisciente desempenhe seu próprio conceito sobre que direito cabe a quem.

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