sexta-feira, 9 de março de 2012

A manha é ser?


A manha é ser?
por maneco nascimento

A manha é ser ou é estar? Há uma discussão, ou pelo menos um incômodo sociológico e, às vezes, psicoeducacional, de que a sociedade está deixando de ser para estar. Da fuga do infinitivo ser, a onda é estar bem na festa badalada, na fita, na moda, na coluna de fofocas e de celebridades e, por ai vai.

Nas regras da gramática à construção das frases, orações e regências verbais, as análises semânticas exigem a separação dos verbos de ação dos de ligação. Assim se aprende que os verbos ser, estar e, às vezes, ficar não refletem ações, mas ligações nas construções sintáticas.

Dessa feita, “ser ‘boniiita!`” e “está sozinha”, por exemplo, seriam de realização sintático-semântica de orações de verbos que ligam informações de regência para verbos de não ação.

Deixando a aula de português e suas idiossincrasias para a sala de aula, mas ainda variando sobre o mesmo tema, “ser” enquanto verbo não dinamiza ação, é adequado à contração da regência adjetivada, enquanto que “ser” na função de substantivo abre o outro precedente à palavra.

E quando a manha é ser, então fora da gramática, a vida do ser pode ser + bela, ou + sujeita a distúrbios comportamentais. Porque às vezes (...) Ela só quer ser! mas o pior é que ela é! (...)” (José Quaresma/banda Validuaté). Mas vamos ficar na arte, que a cor da vitória tem sabor de ressignificação do sujeito, ou seja, do ser.

A Cia. de Teatro da Tribo, de Franklin Pires, está de volta com + uma pérola de seu repertório à saga de paródias teatrais que retira gancho da série de cinema americano “vampire teen”, a saga crepúsculo. A próxima empreitada que estréia, nesse final de semana, dias 10 e 11 de março de 2012, às 20 horas, no Theatro 4 de Setembro, é “a sátira corpúsculo - a manha é ser”.

(arte cartaz de "a manha é ser", da sátira corpúsculo/acervo: Cia. de Teatro da Tribo)

Franklin Pires, Bid Lima e Luciano Brandão, o triângulo amoroso do enredo paródico “a manha é ser” para o filme “Amanhecer”, intronizam-se nas peles de o vampiro “não + estéril”; a mocinha, não + virgem e o lobo bom(lobisomem), enquanto alcunham, de modo bem humorado e escatológico, as personagens imortalizadas ao mass media:

Bella Swuan (Bid Lima é”Bela Suína”), Edward Cullen (Franklin Pires, o “vampire teen, Eduardo Cualém”) e Jacob Black (Luciano Brandão, o lobisomem, “Jacob Pink” ). A trinca da trama histriônica desempenha o melhor mote para os colegas atores com quem divide a cena, em conspirado projeto estratégico do riso e entretenimento.

A saga crepúsculo: “lua nova” e “eclipse” já receberam tratamento de texto, direção de Franklin Pires e ainda faltava “amanhecer”. Para a tríade, em paródia à sátira corpúsculo, ficar completa faltava um dado. Já haviam sido realizados capítulos para “corpúsculo” e “eclampse”, em palco e cinema ligeiros. Agora chega quentinha do forno, a montagem para o palco, “a manha é ser”.

Apropriada dessa febre juvenil incursionada em paródia para teatro e cinema locais ao lazer e entretenimento, a experiência tem-se mostrado muito bem aceita pelo público infanto-juvenil de Teresina.

Ao assumir o exercício da paródia, num inteligente e comercial produto para o público do gargarejo direcional, a tribo de teatro da Cia. de Teatro da Tribo vem colhendo bons frutos e tem rendido boas risadas a quem concorre a “fenômenos”, recriados a partir de textos, roteiro e direção dramatúrgica de F. Pires.

No apoio logístico de cena ao vampiro, à mocinha e ao lobisomem estão, de vez, os atores Edith Rosa, Odirene dos Santos, Bruno Lima, Zé Carlos di Santis, Nayara Fabrícia,  Júnior Vieira, Alex Reis, Danilo França, Nilda Neres, Fernando Goldan, João Vasconcelos e Gleyciane Pires.

A montagem de “a manha é ser”, caso siga o caminho das pedras franklinpireana, terá o mesmo percurso das sátiras anteriores, fará rir, criará identidade do gargarejo e incômodo aos puristas de plantão.

Se Pires, em sua ousadia inteligente de mercado, só quer ser ou não, não se discute. Ele e sua Cia. de Teatro da Tribo estão para “a manha é ser” e para a prova dos nove.

De sorte é que o teatro em suas manobras de sobrevivência será sempre melhor do que a falta do exercício de teatro.

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