quarta-feira, 14 de março de 2012

A Batalha renovada


A Batalha renovada
por maneco nascimento

No último dia 13 de março de 2012, lá pelos campos do município de Campo Maior, a partir das 19 horas, deu-se + uma edição do espetáculo a céu aberto, a Batalha "Heróis do Jenipapo”. Espetáculo com vida para já quinze edições, nesse ano em que a luta de foices e facões contra canhões do império completou 189 anos, houve uma repaginada para novo olhar.
 (arte da batalha "heróis do jenipapo"/releitura de márcio brito a partir de obra "Operários" - 1933 - de Tarsila do Amaral)

Com texto do pesquisador, historiador e quadrinista Bernardo Aurélio e dramaturgia e direção de Franklin Pires, a história contada em cena da batalha pela independência do Brasil, adesão piauiense, trouxe a novidade de deslocamento do olhar do contador branco ou seu desdobramento da revolução de cima para baixo, para partir do ponto de vista e falas do mestiço e  do popular.

O cotidiano do povo, sua história, sua feira, romance, sustos e surpresas tornaram-se mote de uma nova forma de chegar ao histórico, também, das gentes simples feitas partícipes de uma luta desigual em que o poderio de armas português deu sinal de força bélica, mas o destino insistiu em fidelizar a causa já nacional.

Às margens do rio Jenipapo pereceram caboclos e rurais ingênuos, incorporados ao calor da tornada luta de liberdade. Assomados aos poucos militares e alguns comandantes da causa Brasil que foram à marcha, fez-se em campo de Jenipapo “encharcado” um mapa de sangue piauiense e de alguns outros combatentes. A saga trágica e heróica, para que a posteridade pudesse recuperar à guisa da memória histórica, através do teatro revivificado.

A montagem reuniu + de oitenta atores. Só de Teresina havia cinqüenta intérpretes entre veteranos e novos descobertos que, reunidos aos de Campo Maior, ao Grupo de Capoeira Cordão de Ouro e a diligente participação de militares da polícia estadual deram seu sangue ao teatro.

Ainda contou-se com o apoio luxuoso da cavalaria do Comando da PMPI, com seus adestradores e tratadores de cavalos que muito contribuíram a que os belos animais tivessem a + que especial participação na cena épica.

Muitas novidades vistas ao espetáculo desse ano. Realizado + uma vez no horário noturno, foi uma das edições de menor público, haja vista o horário, da noite, parecer desestimular as caravanas escolares, inclusive vindas de Teresina.

A chuva foi chegando aos poucos em surpresa já de espera. Da metade ao fim da peça, no exato momento da batalha, a chuva caiu lavando o “sangue dos campos de guerra” da mímesis do fato histórico em releitura. 

Da solenidade, com discursos políticos e enfadonhamente extensos, só houve um diferencial, a fora o novo espetáculo: o protesto de professores da rede estadual de ensino que, em paralelo, às falas oficiais e oficiosas, fez sua manifestação democrática e necessária.
Ao ato político o ouvido mouco dos políticos. Terminada as comendas, medalhas e encomendas oficiosas, inclusive de chefia de cerimonial varrendo palco, nos antecedentes da cerimônia, deu-se a batalha renovada.

A Batalha "Heróis do Jenipapo”, ano 2012, cumpriu seu papel de espetáculo para auferir zelo em cerimônias alusivas à memória dos heróis do Jenipapo e, como diria, em linguagem de teatro, vingou horrores, pelo menos a dramaturgia de cena e performance dos atores. A iluminação foi um caso à parte, ainda está para ser acertada, quem sabe em 2013.
 (arte da batalha "heróis do jenipapo"/releitura de márcio brito a partir de obra "Operários" - 1933 - de Tarsila do Amaral)

O esforço concentrado da instituição Fundac, Bid Lima, Franklin Pires e equipe e o elenco dessa nova roupagem de a Batalha "Heróis do Jenipapo” confirmou projeto de domínio daquela cidade e do evento comemorativo que, salvo qualquer “inveja saudável”, foi sim a Batalha renovada.

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