“Lugar de Memória”
por maneco nascimento
“Não podendo se dissociar o cotidiano da História, do espaço e da escola, a escola é espaço de produção de sentidos e ‘lugar de memória`, tais como o patrimônio arquitetônico e seu estilo que nos acompanham por toda a nossa vida, as paisagens, as datas e personagens históricos de cuja importância somos incessantemente relembrados.” (NORA, 1995 In MELO, Salânia Maria Barbosa. A Construção da memória cívica: as festas escolares de civilidade no Piauí (1930 – 1945. Teresina, EDUFPI, 2010)
por maneco nascimento
“Não podendo se dissociar o cotidiano da História, do espaço e da escola, a escola é espaço de produção de sentidos e ‘lugar de memória`, tais como o patrimônio arquitetônico e seu estilo que nos acompanham por toda a nossa vida, as paisagens, as datas e personagens históricos de cuja importância somos incessantemente relembrados.” (NORA, 1995 In MELO, Salânia Maria Barbosa. A Construção da memória cívica: as festas escolares de civilidade no Piauí (1930 – 1945. Teresina, EDUFPI, 2010)
(capa de "A Construção da Memória Cívica..."/projeto gráfico: Antônio Amaral)
Salânia Melo, em seu trabalho de pesquisa, edificado para tese de Doutorado, vai remexer nas memórias das festas e comemorações cívicas escolares, ritos e liturgias pedagógico-educacionais fomentados dentro do espaço escolar, mas sobremaneira, os eventos ufânicos e de atração pública em praças, avenidas e espaços determinantes de ovações e participação “inclusiva” do povo e formadores de opinião do governo da renovação nacional.
Com a utilização do recurso da história oral, como reforço e apropriação da linha de trabalho a que buscou alcançar, a autora aponta que
“(...) elegi o relato de pessoas com setenta ou mais anos, em função da relação com a temática pesquisada (...) o sujeito entrevistado vive o passado naquele presente em que chego e remexo seus armazéns de lembranças e esquecimentos guardados (...) reviravolta no tempo, o que ele narra já não é mais o acontecido e sim o que seu achado temporal foi capaz de coar (...)” (Idem, pg. 23)
As memórias das gentes que construíram essa história e a recontam para efeito de lembranças e, talvez, recuperação de mosaicos de uma época ao discurso de novo tempo e de nacional revolução político educacional do espaço escolar que passe a espelhar o “estado novo” e as memórias dessa reconstrução do tempo coadas, através da história oral em que:
“(...) a palavra de quem viveu uma determinada história ganha importância ímpar, uma espécie de recuperação ou reinvenção do passado, no dizer de Catroga (2009, p.7), ‘o homem conta histórias como protesto contra a sua finitude´”. (Idem, 23)
Memórias de professoras, educadoras, estudantes, recortes da imprensa local e da oficial vão cosendo, na tessitura de um período de 15 anos, a cidade, a arquitetura da nova educação e modelo de gestão cercada de direção para acentuar um homem e sua marca governamental e argamassar seu nome ao futuro de “tradições inventadas”.
O texto de Salânia tem cuidadoso equilíbrio do objeto pesquisado para renomear interpretações surgidas. Quem passou por espaço escolar sabe bem das comemorações, das visitas de autoridades, do rebuliço e efusão do quadro de direção e professores em arrumar a cena para receber convidados ilustres. Das criancinhas ensaiadas para recitar uma recepção calorosa de boas vindas.
Lembro, inclusive, da musiquinha preparada às autoridades, “Como vai visitante, como vai? A boa amizade nunca trai. Faremos o possível para sermos bons amigos. Como vai, visitante, como vai?”.
As tradições escolares da pedagogia contextual aplicaram resultados direcionais quando fazia eu o ensino elementar, que dirá nos tempos de diligentes campanhas de confirmação da imagem do “pai dos pobres” e sua obra redentora do Brasil.
E, entre dados bibliográficos da pesquisa da autora, aponta o cientista Hobsbawn (1997) que “(...) entende ‘invenção das tradições` como um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamentos através da repetição, o que implica, automaticamente uma continuidade em relação ao passado.” (Idem, 16)
“A Construção da memória cívica: as festas escolares de civilidade no Piauí (1930 – 1945)”, título da ficha catalográfica, ou “A Construção da Memória Cívica - Espetáculos de civilidade no Piauí. (1930-1945)”, título da capa, uma colcha de alinhavo histórico necessário e urgente à memória da escola daquele momento político local.
E que, na “revolução documental” em que, segundo a autora, o conceito de documento foi ampliado e todas as linguagens e vestígios do passado abrem múltiplas versões para o mesmo acontecido
“(...) novos textos, tais como a pintura, o cinema, a fotografia, etc., foram incluídos no elenco de fontes dignas de fazer parte da história e passíveis de leitura por parte do historiador.” (Cardoso e Mauad, 1997, pg. 402 In MELO, Salânia Maria Barbosa. A Construção da memória cívica: as festas escolares de civilidade no Piauí (1930 – 1945. Teresina, EDUFPI, 2010)
Ótima pesquisa, detalhado resultado do “focus” recortado e um delicado recurso do escrito, sob a metodologia de trabalho para memória, história, oralidades a “espaço” físico visível, construído do passado e o invisível abordado à construção de novos saberes e conhecimento do revirado “lugar de memória”.
Salânia Melo, em seu trabalho de pesquisa, edificado para tese de Doutorado, vai remexer nas memórias das festas e comemorações cívicas escolares, ritos e liturgias pedagógico-educacionais fomentados dentro do espaço escolar, mas sobremaneira, os eventos ufânicos e de atração pública em praças, avenidas e espaços determinantes de ovações e participação “inclusiva” do povo e formadores de opinião do governo da renovação nacional.
Com a utilização do recurso da história oral, como reforço e apropriação da linha de trabalho a que buscou alcançar, a autora aponta que
“(...) elegi o relato de pessoas com setenta ou mais anos, em função da relação com a temática pesquisada (...) o sujeito entrevistado vive o passado naquele presente em que chego e remexo seus armazéns de lembranças e esquecimentos guardados (...) reviravolta no tempo, o que ele narra já não é mais o acontecido e sim o que seu achado temporal foi capaz de coar (...)” (Idem, pg. 23)
As memórias das gentes que construíram essa história e a recontam para efeito de lembranças e, talvez, recuperação de mosaicos de uma época ao discurso de novo tempo e de nacional revolução político educacional do espaço escolar que passe a espelhar o “estado novo” e as memórias dessa reconstrução do tempo coadas, através da história oral em que:
“(...) a palavra de quem viveu uma determinada história ganha importância ímpar, uma espécie de recuperação ou reinvenção do passado, no dizer de Catroga (2009, p.7), ‘o homem conta histórias como protesto contra a sua finitude´”. (Idem, 23)
Memórias de professoras, educadoras, estudantes, recortes da imprensa local e da oficial vão cosendo, na tessitura de um período de 15 anos, a cidade, a arquitetura da nova educação e modelo de gestão cercada de direção para acentuar um homem e sua marca governamental e argamassar seu nome ao futuro de “tradições inventadas”.
O texto de Salânia tem cuidadoso equilíbrio do objeto pesquisado para renomear interpretações surgidas. Quem passou por espaço escolar sabe bem das comemorações, das visitas de autoridades, do rebuliço e efusão do quadro de direção e professores em arrumar a cena para receber convidados ilustres. Das criancinhas ensaiadas para recitar uma recepção calorosa de boas vindas.
Lembro, inclusive, da musiquinha preparada às autoridades, “Como vai visitante, como vai? A boa amizade nunca trai. Faremos o possível para sermos bons amigos. Como vai, visitante, como vai?”.
As tradições escolares da pedagogia contextual aplicaram resultados direcionais quando fazia eu o ensino elementar, que dirá nos tempos de diligentes campanhas de confirmação da imagem do “pai dos pobres” e sua obra redentora do Brasil.
E, entre dados bibliográficos da pesquisa da autora, aponta o cientista Hobsbawn (1997) que “(...) entende ‘invenção das tradições` como um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamentos através da repetição, o que implica, automaticamente uma continuidade em relação ao passado.” (Idem, 16)
“A Construção da memória cívica: as festas escolares de civilidade no Piauí (1930 – 1945)”, título da ficha catalográfica, ou “A Construção da Memória Cívica - Espetáculos de civilidade no Piauí. (1930-1945)”, título da capa, uma colcha de alinhavo histórico necessário e urgente à memória da escola daquele momento político local.
E que, na “revolução documental” em que, segundo a autora, o conceito de documento foi ampliado e todas as linguagens e vestígios do passado abrem múltiplas versões para o mesmo acontecido
“(...) novos textos, tais como a pintura, o cinema, a fotografia, etc., foram incluídos no elenco de fontes dignas de fazer parte da história e passíveis de leitura por parte do historiador.” (Cardoso e Mauad, 1997, pg. 402 In MELO, Salânia Maria Barbosa. A Construção da memória cívica: as festas escolares de civilidade no Piauí (1930 – 1945. Teresina, EDUFPI, 2010)
Ótima pesquisa, detalhado resultado do “focus” recortado e um delicado recurso do escrito, sob a metodologia de trabalho para memória, história, oralidades a “espaço” físico visível, construído do passado e o invisível abordado à construção de novos saberes e conhecimento do revirado “lugar de memória”.
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