Lírica rimbaudeana
A poesia francesa e a lírica moderna ganham força em “Rimbaudemonio”, para contemporâneos e revisitas do teatro de tradição e modernidade, numa montagem da Companhia Direto da Fonte, de São Luiz, do Maranhão.
A temporada da Cia. maranhense acontece dias 16 e 17 de maio, às 20h, Teatro Estação (Trilhos).
A Companhia Direto da Fonte traz, à cena teresinense, uma adaptação do texto Rimbaudemonio: traições, colagens e iluminações no inferno escrito pelo poeta Celso Borges, em 2007, quando ainda morava em São Paulo.
(licença dramática para Verlaine e Rimbaud/fotos Cia. Direto da Fonte)
A peça “Rimbaudemonio” tem direção de Charles Melo e atuação de Raimundo Reis (como o demônio) e Ruan do Vale (como Rimbaud).
(paixões e amores extravasados/fotos Cia. Direto da Fonte)
“Depois de beber inspiração no cálice satânico para escrever alguns dos versos mais belos de sua época, Rimbaud abandona a poesia. Antes, porém, sente-se no dever de comunicar isso ao seu grande mestre e para isso vai visitar o diabo no inferno, que se revolta contra ele”, diz Celso Borges, no texto de abertura.
(personagens dramáticas, poética francesa/fotos Cia. Direto da Fonte)
“Rimbaudemonio” é inspirado em cinco tradutores do poeta francês, que alimentaram a construção do texto: Augusto de Campos, Ivo Barroso, Lêdo Ivo, Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes, além de ensaios de Wallace Fowlie, Henry Miller, Edmund Wilson e Peter Stanford; e inspirações libertárias do Gênesis, de Roberto Piva, de Charles Baudelaire e do clássico Simpathy for the Devil, da dupla Jagger e Richards, da banda de rock Rolling Stones.
“O Texto do Celso Borges, apesar de todos os méritos literários, nos dava muito pouco de indicações de ações cênicas, era um desafio em estado bruto. O que fizemos então, com o texto parece muito com o que ele fez com o Rimbaud; Traições, colagens e iluminações ‘no palco’".
(amor e sexo, paixões e amores traídos/fotos Cia. Direto da Fonte)
A poética da palavra foi complementada pela poética do gesto, da imagem, dos sons e da própria existência das personagens. Nosso demônio é um misto de Verlaine, Alter-Ego do próprio Rimbaud e senso comum questionado. Nosso Rimbaud é um menino sensível e confuso, e a peça como um todo parece dizer que, com a partida de Rimbaud para a África, o romantismo do século XIX está definitivamente morto e enterrado. Ele deu o seu recado: É preciso ser absolutamente moderno.
Misturamos cinema e teatro, carinho e violência, álcool e poesia, nudez e roupas pesadas, para contar essa dolorosa história de um poeta único, magistral, abandonando a poesia”, diz o diretor da encenação, Charles Melo.
(um brinde no inferno poético/fotos Cia. Direto da Fonte)
O Grupo
A Companhia Direto da Fonte existe, informalmente, desde 1992 quando tinha o nome de H3ASO4 Produções. Com essa designação montou os espetáculos “Terceira Canção de Muito Longe”, roteiro de Charles Melo e poemas de Mario Quintana, tendo se apresentado em São Luís, Rio de Janeiro, Teresina, Imperatriz e Belém; “O Sótão”, de Ivan Sarney, com direção de Tácito Borralho; “O Moço que Casou com Mulher Braba”, de D. Afonso Manoel, com direção de Charles Melo; “As Aventuras do Super-Espantalho contra o Dr. Corvo”, de Ivo Bender, com direção de Geraldo Iensen; “Biedermann e os Incendiários”, de Max Fricht, com direção de Charles Melo.
Já com o nome de Companhia Direto da Fonte montou “A Cigarra e a Formiga”; “Camões Diet”; “Poemas para Che” e “Toilet”, todos com texto e direção de Charles Melo, e “Rimbaudemônio”, de Celso Borges, com direção de Charles Melo. O próximo projeto do grupo é uma adaptação dramatúrgica de Inaldo Lisboa do romance “Noite Sobre Alcântara”, de Josué Montello. A montagem acabou de ser aprovado na Lei de Incentivo Cultural do Estado e os ensaios devem começar em outubro, para estrear em março de 2014.
O Diretor
Charles Melo é graduado em Teatro pela UFMA, morou e no Rio de Janeiro onde teve aulas com Maria Clara Machado; Brasília onde trabalhou com vários diretores, entre eles o diretor uruguaio Hugo Rodas e em Belo Horizonte, onde trabalhou no Sated/MG. Ganhou dois Prêmios Cidade de São Luis que resultaram na publicação do romance “Outro Dia” e da peça teatral “Toilet”.
Escreveu e dirigiu o curta-metragem “Dormir e Acordar”. Dirigiu os espetáculos “Quem Roubou meu Anabela”, em Brasília/DF; “Terceira Canção de Muito Longe”; “O Moço que Casou com Mulher Braba”; “Camões Diet”; “Biederman e os Incendiários”; “A Cigarra e a Formiga”; “Poemas para Che”; “Toilet” e “Rimbaudemônio”.
Trabalhou, como ator, nos espetáculos “O Sótão”, com direção de Tácito Borralho; “A Capital Federal”, com direção de Ubiratan Teixeira; “O Pleito”, com direção de Domingos Tourinho; “Ana do Maranhão”, com direção de Cassia Pires. Atualmente está dirigindo a montagem do espetáculo “Entre Quatro Paredes”, de Jean Paul Sartre, com previsão de estreia para final de abril, deste.
“Rimbaudemonio” tem Figurino, iluminação, cenografia e direção: Charles Melo. No Elenco, Raimundo Reis e Ruan do Valle. A Fotografia de Evandro Martin e a Edição e som, de Edemar Miqueta.
As apresentações, dias 16 e 17 de maio, 20h, no Teatro Estação (Trilhos) - Av. Miguel Rosa. CLASSIFICAÇÃO: 18 ANOS. Os ingressos custam R$ 20,00 (inteira) e R$10,00 (meia).
A produção local é da VR Produções, com apoio do Grupo Harém de Teatro, FM Universitária, FM Cultura, Antares 800, TV Antares, TV Assembleia e TV Cidade verde. Maiores informações, através dos telefones (86) 8822-6146 / 9917-3647 / 8168-5444.
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