Sangra e areia
por maneco nascimento
O Balé da Cidade de Teresina estreou nova peça ao seu repertório de dança contemporânea. Foi buscar inspiração em material lítero-operístico, de franquia universal. A releitura para Carmem, de Bizet e de Prosper Mérimée, recebeu a alcunha de “Carmem – O Ciúme” e tem coreografia assinada por Nazilene Barbosa. A estréia deu-se às 12h30, no Estúdio de Dança da Organização Ponto de Equilíbrio - OPEQ, nesse 23 de novembro de 2012.
“Carmen é uma ópera em quatro atos do compositor francês Georges Bizet, com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela homônima de Prosper Mérimée. Estreou em 1875, no Ópera-Comique de Paris. (www.wikipedia.com.br/acesso: 23.11.2012, 15h31)
Com os intérpretes Vanessa Nunes, Jeciane Alves, Giselle Rocha, Cláudia Alves (Carmem e o coro que reverbera a personagem), Samuel Alves, Felipe Rodrigues, José Nascimento, Rudson Plácido (Toureiro, Don José e outros representantes masculinos pontuais) tem-se o vigor a “Carmem – O Ciúme”, de N. Barbosa, que aplica releitura, à obra original, com coragem de imprimir novo olhar à + revisitada criação, ao redor do mundo, desde que feita peça de arte.
por maneco nascimento
O Balé da Cidade de Teresina estreou nova peça ao seu repertório de dança contemporânea. Foi buscar inspiração em material lítero-operístico, de franquia universal. A releitura para Carmem, de Bizet e de Prosper Mérimée, recebeu a alcunha de “Carmem – O Ciúme” e tem coreografia assinada por Nazilene Barbosa. A estréia deu-se às 12h30, no Estúdio de Dança da Organização Ponto de Equilíbrio - OPEQ, nesse 23 de novembro de 2012.
“Carmen é uma ópera em quatro atos do compositor francês Georges Bizet, com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela homônima de Prosper Mérimée. Estreou em 1875, no Ópera-Comique de Paris. (www.wikipedia.com.br/acesso: 23.11.2012, 15h31)
Com os intérpretes Vanessa Nunes, Jeciane Alves, Giselle Rocha, Cláudia Alves (Carmem e o coro que reverbera a personagem), Samuel Alves, Felipe Rodrigues, José Nascimento, Rudson Plácido (Toureiro, Don José e outros representantes masculinos pontuais) tem-se o vigor a “Carmem – O Ciúme”, de N. Barbosa, que aplica releitura, à obra original, com coragem de imprimir novo olhar à + revisitada criação, ao redor do mundo, desde que feita peça de arte.
(...) Don José chega a taberna e declara o seu amor a Carmen, (...) O soldado e o tenente enfrentam-se pelo amor de Carmen. Don José, apoiado pelos contrabandistas, subleva-se ao seu superior, (...) Obrigado pelas circunstâncias, o soldado vê-se finalmente forçado a desertar e parte com a cigana. Fim do 2º ato.
(...) É de noite. Carmen cansada do ciumento amor de Don José e, além disso, descontente com a sua nova vida, tenta adivinhar nas cartas o seu futuro (...) As cartas revelam um mal presságio para Carmen: A morte (....) Don José, cego de ciúme, desafia o toureiro para uma luta até à morte com navalhas, (...) Micaëla, que abandona o seu esconderijo e pede a Don José que a acompanhe porque sua mãe está a morrer. Ele aceita e sai com a aldeã, não sem prevenir Carmen, em tom ameaçador, de que voltará para a vir buscar. A cigana não dá ouvidos aos seus avisos pensando no seu novo objeto de desejo. Fim do 3º ato.
À entrada do toureiro na praça de touros, Mercedes e Frasquita avisam a cigana da presença de Don José, mas ela mostra não ter medo de se encontrar com o seu antigo amante (...) Don José retém Carmen quando tenta entrar na praça, suplicando-lhe que volte com ele. Ela responde-lhe que o seu amor por ele acabou (...) O desertor tenta deter com violência a cigana, mas ela atira-lhe despeitadamente o anel que ele lhe tinha oferecido. Em fúria, Don José enfia uma faca na barriga de Carmen. A multidão que vai saindo da praça assiste a terrível cena. Don José, cheio de tristeza, cai de joelhos junto ao corpo de sua amada Carmen. Fim do 4º ato.” (Idem)
Do drama original, a coreógrafa Nazilene Barbosa sangra e areia uma revigorada cena para a dança contemporânea do coletivo Balé da Cidade de Teresina. No recorte da dramaturgia apresentada vai costurando as vidas e mortes em moto-repetido, antecipando a tragédia anunciada. Sem negar a tradição, libera novas atenções e intenções para corpos que falam, com desenvolta perspicácia, o discurso da dança e trama.
(Carmem[Vanessa Nunes] e Don José[Felipe Rodrigues]/foto: Kelson Fernando)
E, na ruptura, realinha nova forma de
recontar uma velha história de amor, paixão, ódio, ciúme, traição e morte. As personagens que compõem o coro (as amigas de Carmem e a
noiva de D. José) e os outros (contrabandistas, namorados) que interagem e
coadjuvam às vozes dos integrantes do triângulo, ou quadrilátero, amoroso
(cigana, cabo, oficial e toureiro) estão concentradas em oito intérpretes para “Carmem – O Ciúme”. Uma economia pertinente a quatro atos dramáticos,
centrados em 30 minutos de dança.
A apresentação, à cena, do toureiro Escamillo (Samuel Alves) vem ratificar as antecedidas entradas, a de Carmem (Vanessa Nunes), Don José (Felipe Rodrigues) e dos outros coadjuvantes. Firmes, determinadas e limpas na dramaturgia do ato dançado. Os encontros, desencontros e negações das paixões, pontos altos da cena.
A iluminação aquece o enredo e torna + calientes as performances vistas. A música original do libreto é mantida, posto que repercute muito sangue e areia na arena das paixões forjadas. A quebra do paradigma do roteiro musical ocorre, na fuga da tradição, no momento em que a cigana nega o amor ao cabo. A música percussiva, já para veias ibérico-nordestinas, preenche amor e ódio aos sonoros (n)ativos de Fagão, em sua tranqüila harmonia dos sons permitidos.
A concepção do figurino é de Nazilene Barbosa. Alegoriza matizes, justificada pela criadora do vestuário, como ideia de vivência da cultura espanhola, segundo informa a produtora executiva do BCT, Máurea Oliveira. É de feitura confortável ao elenco e emblematiza sentimentos que variam do amarelo ouro, verde, laranja e o vermelho, cor de sangue, este que veste Carmem. Pelo menos duas cores, vermelho e amarelo ouro, compõem a bandeira hispânica e que, juntas com todos os outros matizes aproveitados, revelam o diverso do enredo dramatizado.
(Carmem[Vanessa Nunes], ao centro, com as amigas/foto: Kelson Fernando)
De dramaticidade refinada e de economia assentida “Carmem – O Ciúme” consegue provocar arrepio, por carregar inteireza de movimentos em que corpos pulsam Bizet e Prosper sem que deixe de elementar novidade de que “(...) o Brasil não é só litoral (...)” e que também, como dita lição o poeta, se consegue ficar de costa para o mar e de frente p’ro país e na insistência criativa a + e reinventadas proposições estéticas.
A Carmem, de Vanessa Nunes; o Don José, de Felipe Rodrigues e o toureiro Escamillo, de Samuel Alves, assim como as intervenções e integrações, ao coletivo dramático, realizadas por José Nascimento, Rudson Plácido (com sobrenome latino), Jeciane Alves, Cláudia Alves e Giselle Rocha definem muito bem a partitura facilitada pela coreógrafa.
A apresentação, à cena, do toureiro Escamillo (Samuel Alves) vem ratificar as antecedidas entradas, a de Carmem (Vanessa Nunes), Don José (Felipe Rodrigues) e dos outros coadjuvantes. Firmes, determinadas e limpas na dramaturgia do ato dançado. Os encontros, desencontros e negações das paixões, pontos altos da cena.
A iluminação aquece o enredo e torna + calientes as performances vistas. A música original do libreto é mantida, posto que repercute muito sangue e areia na arena das paixões forjadas. A quebra do paradigma do roteiro musical ocorre, na fuga da tradição, no momento em que a cigana nega o amor ao cabo. A música percussiva, já para veias ibérico-nordestinas, preenche amor e ódio aos sonoros (n)ativos de Fagão, em sua tranqüila harmonia dos sons permitidos.
A concepção do figurino é de Nazilene Barbosa. Alegoriza matizes, justificada pela criadora do vestuário, como ideia de vivência da cultura espanhola, segundo informa a produtora executiva do BCT, Máurea Oliveira. É de feitura confortável ao elenco e emblematiza sentimentos que variam do amarelo ouro, verde, laranja e o vermelho, cor de sangue, este que veste Carmem. Pelo menos duas cores, vermelho e amarelo ouro, compõem a bandeira hispânica e que, juntas com todos os outros matizes aproveitados, revelam o diverso do enredo dramatizado.
(Carmem[Vanessa Nunes], ao centro, com as amigas/foto: Kelson Fernando)
De dramaticidade refinada e de economia assentida “Carmem – O Ciúme” consegue provocar arrepio, por carregar inteireza de movimentos em que corpos pulsam Bizet e Prosper sem que deixe de elementar novidade de que “(...) o Brasil não é só litoral (...)” e que também, como dita lição o poeta, se consegue ficar de costa para o mar e de frente p’ro país e na insistência criativa a + e reinventadas proposições estéticas.
A Carmem, de Vanessa Nunes; o Don José, de Felipe Rodrigues e o toureiro Escamillo, de Samuel Alves, assim como as intervenções e integrações, ao coletivo dramático, realizadas por José Nascimento, Rudson Plácido (com sobrenome latino), Jeciane Alves, Cláudia Alves e Giselle Rocha definem muito bem a partitura facilitada pela coreógrafa.
(F. Rodrigues[Don José], ao centro, contracena com J. Nascimento e Jeciane Alves/foto: Kelson Fernando)
A dramaturgia elaborada sangra métodos e movimentos e vai areando as peças da tessitura composicional do drama, de efeito provocante, até gerar um bom brilho. “Carmem – O Ciúme” está para o Balé da Cidade de Teresina como a cidade está à dança em dinâmica constante, gerando novos significantes e significados.
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