quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Registro Pictórico – Saliências


 Registro Pictórico – Saliências
por maneco nascimento

A Casa da Cultura de Teresina – CCT acolheu, durante o mês de outubro - de 08 a 31/2012 - a Exposição “Saliências II Objeto em Missão”, com curadoria de Avelar Amorim. 13 trabalhos expostos no diverso da apresentação e foco específico de saliência, temática particularizada ao sensual e sexual.

Entre as obras, a primeira instalação “Isso é apenas um pilão, caralho!!”. Peça doméstica da cultura popular, um pilão, em matizes do branco (base) ao róseo que se avoluma ao vermelho suavizado na ponta da “mão” dentro da “boca” do pilão. Socando no pilão, a “cabeça” em vermelho, concentração de sangue do esforço de pilar (pisar).

Rogério Albino, em uma de suas obras (esculturas) apresentadas, mulher em pelos, sentada, braços cruzados sobre os joelhos, contempla o céu de nosso Senhor, para sonhos, fantasias, desejos e desilusões. O corpo feminino, oco, em ecos vazados por ventosas em toda a extremidade dos membros.

Jackson Cristiano, aposta na saliência de uma mulher nua (Vênus de Milo) escanchada sobre um falo, metamorfo de águia com patas de leão. Escultura que abre recepção para quem antropofaja quem. Sexo montado no dorso do “Grifo” de acepção grega, a grifo do receptor ou do artista. Sexo transfantástico.

Gabriel Archanjo relê a deusa Gaia, Géia, Gea ou Gê, deusa da Terra, a Mãe Terra, como um protótipo da Terra. No topo de Gaia, uma grande vagina, em pelos, exposta ao céu. Escultura em barro cru, nomeada “Gaya”. Rogério Albino também conota o acasalamento da Cobra Rainha. Najas no coito, sensual, sexo explícito, natural e delicado. Escultura em cerâmica esmaltada, um desmanche semântico de dominação e dominado no prazer.

Ainda de Rogério, escultura em barro, a La Botero. A mulher posa à fotografia, é na tela de cinema sensual. Genivaldo Costa, numa ousadia criativa cria escultura em tamanho natural, homem-mulher, perfeição anatômica ao estético apresentado. Metamorfo, homem e mulher se completam pela cabeça e tronco, ou melhor, só tronco e membros. Corpos se bifurcam, se auto-devoram, costa a costa e, nas extremidades pélvicas, o sexo explicitamente vivo, pulsante. Um coito “em pé”, antropofágico e siamês.

Áureo Nunes, demonstra em escultura uma imagem de o corpo (meu sexo). Cabeça e corpo/glande e músculo do prazer. Meus “membros” superiores e inferiores, fartos peitos e vagina com clítores aparente. Sugestão de recepção, felação do homem para a mulher – relação possível do eu à outra, da outra ao eu.

Hostyano Machado propõe uma escultura/instalação. Tema, “Espaço para gozação”. Discurso: “espaço sagrado contribua com 10% espaço sagrado divida o que é seu com todos”. Uma pira que ardeu, derramado por sobre toda a extremidade do obelisco o “sangue” glicerinado, em forma de cachoeira do topo à base da “vela” ardente. No topo do “cabo da boa esperança” uma chama ainda quente, em vermelho, ilustra o olho do esfíncter.

Uma das peças + bem humoradas, essa do Hostyano, No topo da “Vela”, o pavio – uma pequena chama, em vermelho, por onde se obrou despejos das cascatas extraordinariamente de natureza escultural, estalactites do prazer. Valdeci Freitas e sua obra “Na roda, na vida”. Instalação, mini-esculturas de vaginas, servidas em bandejas de prata (CDs). Diversidade do objeto do prazer da mulher, ou do parceiro (a).

Avelar Amorim incorre, em criativa ousadia, com “Roloscópio”. Alusão caleidoscópica para instintos e priapismos. No interior do caleidoscópio, o vazio e a geometria dos espelhos e montagens de fita em preto na costura do vidro. No exterior do instrumento, instalação, figuras (fotografias) do sexo dos homens. Técnica mista, pintura e imagens em fotos do diverso de falos, cores quentes. Para signos e siglas, nas tintas e flagrantes, o excitado prazer falópico.

Beto Cavalcante assina em texto, “Ardência fruída/planta em movimento/que trepa em movimento/já no tempo/colando o grito nos pulmões da tarde/E todo o corpo é esse/movimento/que trepa e/funde fundindos/colando o grito nos pulmões da tarde/que a febre forma/engrossa/e vai cedendo a pouco e pouco/nos dedos/na palma”. Escultura mulher nua, em decúbito dorsal, em ato de masturbação, onanismo singular.

E, como última peça, de Hostyano Machado, uma instalação. Um tronco de mulher, sem membros. Dorso sobre o tapete, na espera em decúbito dorsal. Do seu sexo peludo, couro de bode às margens, tiras em couro saem do centro da vagina para constituir amarras do (des) prazer. Os sapatos rosa, salto alto, bico fino, apontam na direção do sexo preso. Protegido por amarras sociais? No bico dos seios e no fundo escuro da vagina pulsa um calorzinho, vermelho, do desejo “acorrentado”.

Saliências II Objeto em Missão”, uma ousadia criativa e de estética livre para os anais da arte pictórica da cidade. Quem não viu, perdeu o trem dessa história em série. Que venha a terceira edição. A cidade conspira às artes visuais reinventadas. Show! 

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