quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Divindades caetanas

em "Corações Vagabundos"
por maneco nascimento

Dois de agosto selou uma felicidade sem par. Evoluir-se-ia melhor depois da noite em Projeto Seis&Meia, aos memoráveis momentos de "Corações Vagabundos", Show entoado por Zezé Motta, Cida Moreira e Maria Alcina, nessa ordem de apresentação, no palco do Theatro 4 de Setembro.

Na abertura da noite, à comemoração de um ano da retomada do Projeto (vide agosto de 2015), o Secretário de Cultura, Fábio Novo, lembrou os artistas que passaram pela Casa, em agenda pelo Seis&Meia.

Desde que agosto, daquele ano, abriu as portas do Theatro 4 de Setembro à reativação do momento, pelas memórias musicais brasileiras, até o 02 de agosto de 2016, quando se receberia Moisés Chaves e Banda, recepcionando as colegas, que viriam, em seguida, cantar Caetano Veloso, Cida, Alcina e Zezé.

Anunciou, ainda, o Secretário de Cultura, o próximo Seis&Meia especial de aniversário de 123 anos do Theatro 4 de Setembro, que receberá nada +, nada menos que "Bibi Ferreira canta Frank Sinatra".

Dia 04 de Setembro,  a Casa de espetáculos abre as portas à cidade e oferece um dos maiores fenômenos do teatro brasileiro, a Grande dama Bibi Ferreira, que festeja com Teresina o aniversário do Theatro. 


Moisés Chaves ganhou seu público, com sua voz azulão companheiro e fez discurso de colher atenção do público aos artistas, também, locais. Que a melhor alegria do artista é ser prestigiado pelo público. E cantou e cantou e cantou... "Escândalo", nas vozes da canção de Ângela RoRo.

Na companhia luxuosa de Banda bossa nossa, Davi Scoob, Geraldo Brito, Gilson Fernandes e Gustavo Baião, o artista, ator, diretor de teatro e cantor, Moisés Chaves, fez-se a sua voz, sua vida, seus segredos vocais e sua revelação de bem cantar.

Salvo, + performance da personagem que canta e tipifica gestos de ousadia do lago espelhar, que  neutralidade de soltar a voz, pois que menos é +, o intérprete foi toda emoção das + emoções e amores e paixões em RoRo.

Na seguida esteira de brilhos e Estrelas, num sete oito, chegaram Elas. As "velhas" das memórias musicais de cada uma, em preciosa carreira; as belas e jovens artistas caetaneando as variações melódicas do velho Veloso; as três Divindades deslizando a força do cosmos-canção e a energia, em solares vocais de  cobertura da plateia diversa e atenta e forte.

Três grandes cantoras, três Divas, três meninas do Brasil, três mulheres da canção brasileira de todas as estações, três míticas presenças de redenção euripidiana ex-machine de amar e salvaguardar, por alegria e felicidade divididas, com o público de corações felizes por receber esse Trio ternura pop canção brasileira.

Com "Oração ao Tempo", as senhoras de seus destinos d'arte e cultura e vida, em palcos, oferendaram o Show que, em Teresina, fez estreia, como revelou Maria Alcina, quando de seu aparte musical. Três vozes distintas, três grandes corações e uma emoção i n d e s c r i t i v e l a quem pode compartilhar o tempo dessa oração musical, na elegia a Caetano Veloso.

Zezé, com seu registro vocal grave aveludado, vinho maturado às safras escolhidas, fez a plateia deitar-se em berço de tranquilidade e afinação suave, para as vozes e vezes e falas do poeta compositor, feitas suas razão e sensibilidade vocais apuradas. Riu com sorriso lindo e largo. Disse que seu momento seria emendando canções, já que não sabia fazer piadas e esteve livre, leve e solta e bem cantou.

Brincou, defendeu sua mais que bela cor e arte em corpo, gestos, economias e afiação cancioneira para tempos de "Tigresa"; "Queixa"; "Luz do Sol"; "Coração Vagabundo"; "Esse Cara" e "Pecado Original", um dos + belos sucessos, posterizados na sua voz. Muito prazer e, até, pode-se ser Zezé, enquanto dividia sua alegria e plenitude artística, na morada da tradição artística bem representada.

Depois de uma primeira Estrela sempre ascendente, a de Zezé, chegou outro astro luz em sintonia caetana para licenças poético musicais concretas da reinvenção das canções que lhe coube da pauta de Veloso. Sua voz e traquejos graves médios, agudos de lirismo, em canto para rock's e óperas, Cida Moreira bem nos disse porque é Cida Moreira.

Grandes poemas de+ melódicos ganharam identidade e magia vocais a discurso concreto ungidos de música. "Um Índio"; "O Amor"; "Ela e Eu". E, para "Cajuína", recitou o poema e depois acompanhou-se ao piano, para outros acordes variantes sobre o mesmo tema. Ainda, "Recanto" e "Eu não peço desculpas", porque Caetano não pediria, que dirá a grande voz, em Cida Moreira.

Se um "Índio" desceu sobre o "cavalo" e tranversalizou concretismo da poeta cantora ao poeta cantor/compositor e a + outras línguas e linguagens de aproximação reinventada. À arte do artista pela arte de intérprete humbertoharoldiana, das cifras melódicas, seguiu-se outro Elementar, em asteroide brilhante e aqueceu + o palco por voz, vez e insubstituível registro energético e antropofágico de Maria Alcina.

A mesma força, a mesma luz, o mesmo calor da que se nos acostumamos a ver devorar sua assistência com o vozeirão, presença performer carismática marioswaldiana de conquistar, gentil e gentia (um Cacique de Ramos, um Divino estelar, ou uma nova Carmem Miranda de sotaque tupy guarani) e gerar impacto de arte espetáculo, picadeiro e câmara, salão e passarelas opera.

Maria Alcina, toda alegria e prazer revelado e emocional de estar, cantar e dividir sua arte com o público que a acompanhou, em coro, na interação das canções. Sua bárbara presença catapultou loas ágeis e dinâmicas febris a "Os Mais Doces Bárbaros"; "Tropicália". E a "Língua" vociferou brasis e empenhou diálogo quente com o público dominado pela felicidade devotada ao show.

"Mamãe Coragem" nos trouxe também nosso poeta. Ao lugar de histriônico feliz e humor cativante musicais da doce e bárbara Alcina, brandaram salões em carnavais à "A Filha da Chiquita Bacana"; "Atrás do Trio Elétrico" e, com a volta das outras Divindades ao palco, "Chuva, Suor e Cerveja", no arremate de escandalosos e "selvagens" felizes "Corações Vagabundos".

Aliás, nunca uma Maria Alcina tão energética de sempre. Piruetas, caras e bocas, risos e cores e um brilhante de artístico, em penacho de ave ribeira, canário furioso em ária de demonstrar a toda presença da cor brasileira no expressivo musical.

Uma adolescente vestida na senhora intérprete, numa vitalidade invejável de preencher + palco e ganhar seu público, com o que sempre soube como ninguém fazer, cantar e encantar, vorazmente, pela própria força da canção brasis.

Três meninas, três mulheres, três Divas, três Divinas luzes musicais. As Divindades Zezé, Cida e Alcina, que deixaram um rastro de luminar esperança, à humanidade presente no do 4 de Setembro, pela espécie artística que trazem consigo e deixam sinais da doce, em deleite presença de bem cantar.

Salve, Zezé Motta, Cida Moreira e Maria Alcina!

Viva a canção brasileira, que fez-se beleza pura e rara, no canteiro do Projeto Seis&Meia!

fotos/imagem: (Joselito Vaz)

2 comentários:

  1. nada mais que registro, Moisés. Precisamos de memória, não há cidade, nem sociedade sem memórias sócio culturais.

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