por maneco nascimento
A VII Mostra de Teatro Arte ao Alcance de Todos - Ano Adriano Abreu, depois da estreia poderosa (dia 18 de agosto), no Espaço Jaburu, bairro Cidade Jardim, instalou o segundo dia e não ficou por menos, nesta sexta feira, 19.
Foi um show de grandes cenas, atos concentrados ao riso e dramas comèdie de l'arte reinventados e poesias populares, cantadas na roda de palco aberto no pátio, sob cajueiros, do Espaço Cultural Jaburu.
Uma segunda noite vibrante e um público da comunidade atento, participativo e caliente, na interação com as obras apresentadas. Artistas em diálogos diretos com a recepção desarmada, ali representativa das novas gerações de plateia, em formação, aos novos sítios de ação dramática possibilitada a público onde ele está.
(Vivart canções e poemas/fotos: Eudo Borges)
A primeira apresentação veio de Caxias, no Maranhão, o Vivart. Um Grupo de artistas, em figurinos vigorosos e coloridos, a la "o maior espetáculo da terra em cultura e canções populares de tradição", tranversalizou poesia, toadas populares com arreio em cirandas, bois e outras variações à praia e sertões de dentro e reflexiou o homem e sua hora de descumprir a própria sorte, quando mata o rio, a floresta, a fonte que o mantém vivo, mesmo que ele não compreenda.
Como disse um dos componentes da Trupe, é através da arte que se consolida cultura, mas também se consigna refletir o homem e vida. Acompanhados de instrumentos de feira e tradição, das memórias orais musicadas, os intérpretes brincam enquanto contam histórias das cidades e dos homens e, costuram as canções com textos diretos ao público e poesias declamadas à força e emoção de cada artista/ator.
Num círculo cenográfico de luzes de candeeiros e lamparinas sobre tripés, compõem a cena de dentro do eixo dramático e, do lado de fora da roda cênica o público foi orientado a fechar o palco esférico e integrar a origem do teatro primitivo das grandes arenas.
O afobado de algumas inflexões de atores, por vezes, diluiu uma melhor compreensão das vozes intrínsecas, contidas nas mensagens das falas poéticas. As canções entoadas, com pequeno ímpeto de boa parte do elenco, às vezes, enfraqueceu a ação dramático-musical. Pareceu uma intimidação, em susto, de primeira viagem.
Mas a compensação confluía na alegria e vigor do mestre da sala, das canções, que deu o ponto na ação e ampliava o vigor de traçar coreografias livres, que se interpunham na ação dramática e carregavam a cena ao mais da felicidade artística. Ponto à cultura popular transversada.
O ato de segunda entrada, na noite, veio na força e histrionismo apurados à cena na rua da Companhia de Teatro Jovens em Cena - Cotjoc. Capitaneado por Arimateia Bispo, o Grupo não só desempenha papel feliz no teatro produzido, como é dono da assinatura do Projeto Mostra de Teatro "Arte ao Alcance de Todos", já em sua sétima edição.
E, para esta noite, trouxe um doce deleite apurado ao riso e entretenimento à energia de boa cena liberada, "A verdadeira história de Romeu e Julieta", com texto de Jean Pessoa.
Elenco afinadinho, amiudado, gerou muita felicidade e prendeu o público cativado pelas histrionias e respostas à práxis do teatro de Grupo laborado. A plateia deleitou-se, dobrou boas gargalhadas e dialogou, diretamente, intervindo nas discussões e dramas gracejados pelas personagens ali expostas em enredo comèdie bufão ao intertextual da aldeia local, representada às feitas do drama shakespereano revisitado.
Os intérpretes da Companhia, na pele de músicos e personagens, Arimatéia Bispo. Alinie Moura Do Caermo. Janá Silva. Waldfran Soares. Stanley Felix. Gessyvane Rubim. Zeferino Neto, brincam de coisa séria, não brincam em serviço e revitalizam a cena de uma nova geração, que prospecta o teatro que queremos e que viceja arte, talento e muita determinação em bem empreender amor, técnica, estética, performance corporal e textual, na dialética do mito primordial clássico que revelou a herança de Baco.
Vide comentário, de quem por lá esteve, que confirma sucesso:
[Só parabenizar a performance dos meus colegas, Janá Silva totalmente a vontade no palco, Wagner Santos dono do show como sempre, e oWaldfran Soares dono de uma técnica invejável, a nossa querida Alinie q éh por si só um show a parte, amei ver Jeciane Rubim atuando novamente e a todos q completaram o espetáculo. Luidy, Arimatéia Bispo e Zeferino.] (
Wilson ️kleuber Alaafin com Wagner Santos e Janá Silva em Espaço Jaburu. TeresinaE, como moeda chave da noite, no dia 19 de agosto, a última apresentação no Espaço Jaburu coube ao Grupo convidado e também bem vindo de Caxias (Ma). O Grupo Fama, parceiro fiel de Teresina e amigo dos palcos da cidade, trouxe a pérola "Minha Fulô de Mandacaru", com texto e direção de André Ribeiro.
(Minha Fulô, de Caxias, Maranhão/fotos: Eudo Borges)
Outra transversalidade a temas românticos de viés do teatro popular, a ricas pedrarias estéticas de encenação, que empodera a vicissitude de "Minha Fulô de Mandacaru". Nas performances, particularmente eficientes, de cada um dos componentes do drama encenado há uma beleza e uma completude ao fazer teatral, com acuidade de melhor compor o teatro de identidade.
Uma história de paixão, a la amores arquetípicos das tragédias originais, saúda um ótimo desempenho do elenco. Amor, vida e morte e arte andarilha e continuidade da vida mambembe dos artistas, ali enredados na trama, ganham sabor feliz dos intérpretes, que estão na cena para brilhar, e fazem da simplicidade uma grande cena. O menos é + e é sublime pela verdade da cena e veracidade do amar teatro.
André Ribeiro e sua trupe estão de parabéns, por proporcionarem cena delicada e viva com qualidade decodificada ao ato do fingimento e persuasão feliz da plateia. Deitam na Fama e, em boa companhia de Teatro, garantem à cena de Caxias, no Maranhão, uma expansão de talento que chega até nós e nos causa impacto de orgulho.
Evoé, Arte que a Todos alcança!
fotos/imagem: (Eudo Borges)
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