quinta-feira, 19 de junho de 2014

Reproduzindo Cultura

em tempo de reflexão 

O texto que segue, abaixo, recolhi compartilhamento da facepage de Sônia Terríssima 1h/com a recomendação: "Compartilhando... É bom pra refletir..."

Sônia compartilhou assunto da facepage de João Costa da Silva que apresenta o texto do médico e autor piauiense, o querido Edmar Oliveira.
"'Esse Edmar Oliveira, é um cara que sabe o que diz, sintetizou o que eu achei do fato da mudança do SALIPI, desse ano da PII para a UFPI, triste idéia de quem a teve, melhoe não mexer no que está dando certo, leiam e compartilhem por favor.'
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DOMINGO, 15 DE JUNHO DE 2014
IMPRESSÕES DE VIAGEM
(Edmar Oliveira)
Uma amiga perguntou pelo Piauinauta, que não sai há quase um mês, e eu falei que estava enrolado com o lançamento do meu TERRA DO FOGO em Teresina e que tinha de ficar lá por uns dez dias. Ela então falou: “sei, você está de licença paternidade”. Acertou assim.
Cheguei para o “Sarau dos Amigos do Cinéas” na Oficina da Palavra, onde o livro foi muito bem recebido. Passei toda a semana indo ao stand do Leonardo, que tem editado livros de escritores da terra (muito bem caprichados), autografando o TERRA DO FOGO, que por sinal esgotou o estoque de lançamento. Eu e Salgado Maranhão fizemos um bate-papo literário discutindo o meu livro e o dele (MAPA DA TRIBO) para uma plateia de cinquenta a sessenta pessoas às oito horas da manhã, o que me surpreendeu. Geraldo Borges estava lançando ESTAÇÃO TERESINA anunciado aqui no Piauinauta anterior.
Boas conversas com Paulo Tabatinga, Gisleno Feitosa, Rodrigo Leite, Durvalino Couto, Feliciano Bezerra, Wellington Soares, Cinéas Santos, Graça Vilhena, Paulo Vilhena, João Carvalho, Fonseca Neto, Alexandre Carvalho, Gilson Caland, Climério Ferreira e Helô, Keula Araújo, Luana Miranda, Poeta Willian, a muito jovem e bonita escritora Fran Lima, Deusdeth Nunes e a turma do Conciliábulo, entre tantos outros que tive por bem encontrar. Fui entrevistado por várias emissoras de rádios que cobriam o evento, entre elas a de Marcos de Oliveira e a de Leide Sousa. E ainda deu tempo gravar um depoimento sobre o cinema marginal dos anos 70 para Patrícia Kelly e Morgana, que fazem um documentário como monografia do curso de história e jornalismo. As meninas são brilhantes. E eu estou tão velho que virei pesquisa. Mas é bom ser reconhecido.
Tinha tudo pra ficar contente. Mas não fiquei.
Me hospedei no Hotel Central, em frente ao Club dos Diários, ao lado da praça Pedro II e seu Teatro 4 de Setembro, complexo que foi outrora o centro pulsante e cultural da cidade. Após cinco dias fui para a casa do meu irmão Maioba angustiado pela solidão. A cidade entre os dois rios, que se estendia do encontro de suas águas no Poty Velho até a Vermelha (citada no filme genial do Torquato Neto) não existe mais. Foi definitivamente abandonada por seus habitantes que atravessaram o Rio Poty e ergueram uma cidade moderna na zona Leste. Mas que não tem nenhuma lembrança da minha cidade.
A minha cidade é uma cidade fantasma. Os poucos e pobres habitantes que ali ficaram não saem de noite nas suas ruas escuras com medo de assalto. Trancam-se em suas casas. Os de mais posses fazem cercas elétricas para protegerem a sua solidão. As ruas foram entregues ao drogados, aos desocupados que ocupam uma cidade sem lei e sem ordem. Em suas ruas desertas, mesmo ao meio dia, encontrei duas pessoas usando drogas. Não senti qualquer medo. Eram pessoas que eu conhecia da minha infância naquelas, outrora, ruas agitadas. Agora estavam os dois usando drogas numa cidade trancada com medo deles. Esquisito. Conversamos sem medo entre nós. Eu não me senti ameaçado por eles. Fiquei com pena de a cidade os terem tragado pela fumaça de um inexistente futuro.
Sem querer contrariar os meus anfitriões do Salão do Livro do Piauí (SALIPI), até entendo os seus motivos de o terem tirado da Praça Pedro II para que acontecesse este ano na Universidade Federal, que também fica na Zona Leste da nova cidade. Mas não concordo.
Desculpem, mas penso que a cultura abandonou também a cidade antiga. Não digo que ficou elitista porque a Universidade pública congrega estudantes de todas as classes. Mais ainda com o sistema de cotas. Mas acho que a cultura abandonou também a cidade antiga. É preciso que analisemos este fato mais devagar. Não vou fazer agora.
No livro que em Teresina fui lançar conto uma história triste que a cidade tinha esquecido. Os incêndios dos anos 1940. Acho que em breve um cronista vai contar essa história, também muito triste, do abandono da cidade antiga. A impressão que eu tive, e que me encheu de tristeza, é que ela não mais existe. E uma cidade sem passado é uma cidade sem futuro."
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·         Você e outras 2 pessoas curtiram isso.
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Mércia Fabrísia Moura Muito triste e real a realidade da nossa cidade atual...
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Manoel Da Cruz Do Nascimento Da Cruz Nascimento a cultura também começa a erguer suas cercas elétricas e deslocar-se para o lado de lá, fora da mesopotâmia velha e abandonada... 
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(E(Edmar Oliveira/reprodução www.tribunadonorte.com.br)

(( (a nova obra do artista/reprodução)

O O Salipi deslocou seu Salão de festa, do livro, para área + protegida, fora da insegurança pública do centro da cidade e do estado de esquecimentos, e acomodou os negócios de cultura e arte literários no cercado da UFPI. 
A  
zo A zona leste da cidade recebeu o privilégio do Salão do Livro e novos caminhos das Índias incidentais ocidentalizadas, encontros e despedidas, se instalaram à comunidade acadêmica, aos escolandos em seus ônibus de excursão que vão aonde o Salipi está e aos desbravadores das novas escalas propostas pelos realizadores do Salão e, quem sabe, aos velhos e contumazes visitantes que atravessem as pontes que abrem novas pernas à velha e abandonada mesopotâmia, a romântica Teresina nascida entre dois rios.

Salipi, em seu vigor de adolescente curioso, dá um salto de potro aprendiz cobridor (para nunca esquecer Assis Brasil) e avança a outros territórios urbanos da cidade. Quebra paradigmas e deve-se à ruptura e vende-se à tradição reiniciada.

Vida longa ao SALipi da terra dos livreiros e de leitores dos sertões daqui e alhures. Merde! 
s
O

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