Clarice e cristalina
por maneco nascimento
A
cidade de Teresina recebeu, neste final de semana, duas grandes atrações
culturais. Teatro por excelência para almas que quiseram descobrir a própria
alma imoral e, noutro viés de recepção, tema a corações adultos e infanto juvenis.
As
temporadas de espetáculos ocorreram, simultaneamente, no Teatro do Boi (A Alma Imoral) e no
Theatro 4 de Setembro (Era Uma Vez... Grimm), dias 13, 14 e 15 de junho.
'TEATRO
Neste final de semana tive o prazer de assistir dois maravilhosos espetáculos, na sexta-feira, dia 13, o Theatro 4 de Setembro recebeu o musical “Uma Vez... Grimm”, de José Mauro Brant e Tim Rescala, em que o público foi brindado com os “Contos de Fadas dos irmãos Grimm, contos de ontem para serem contados hoje e sempre”, no sábado, dia 14, no Teatro do Boi foi apresentado o espetáculo “A Alma Imoral”, uma adaptação do livro “A Alma Imoral” de Nilton Bonder, em que a atriz Clarice Niskier fez para o teatro com o objetivo de mobilizar o pensamento e a emoção do espectador contemporâneo. “A Alma Imoral” desconstrói e reconstrói conceitos milenares da história da civilização. Conceitos de corpo e alma, certo e errado, traidor e traído, obediência e desobediência.. (...)' (Status de Francisco de Castro dia 15/06/2014, há 10h/facebook)
Neste final de semana tive o prazer de assistir dois maravilhosos espetáculos, na sexta-feira, dia 13, o Theatro 4 de Setembro recebeu o musical “Uma Vez... Grimm”, de José Mauro Brant e Tim Rescala, em que o público foi brindado com os “Contos de Fadas dos irmãos Grimm, contos de ontem para serem contados hoje e sempre”, no sábado, dia 14, no Teatro do Boi foi apresentado o espetáculo “A Alma Imoral”, uma adaptação do livro “A Alma Imoral” de Nilton Bonder, em que a atriz Clarice Niskier fez para o teatro com o objetivo de mobilizar o pensamento e a emoção do espectador contemporâneo. “A Alma Imoral” desconstrói e reconstrói conceitos milenares da história da civilização. Conceitos de corpo e alma, certo e errado, traidor e traído, obediência e desobediência.. (...)' (Status de Francisco de Castro dia 15/06/2014, há 10h/facebook)
(Clarice em 'A Alma Imoral'/foto publicada: Yala Sena, em 14 de junho às 12:26)
Um ensaio aberto, na tarde do dia 13 de junho, a partir das 15 horas, foi o primeiro exercício antes de começar, naquela noite do dia 13/06, às 20h, e seguir no final de semana, 14/06, às 20h e 15/06, às 19 horas, com um belo exercício de atriz. Nessa tarde, Niskier se preparava para + uma temporada na terra que lhe abria novidades.
Clarice Niskier é toda alma livre de amarras ao decifrar, enquanto
devora a plateia, vidas em "A Alma Imoral", adaptação de obra
homônima, a partir de original do autor Nilton Bonder. A Criação de
dramaturgia e Direção de cena, da própria Clarice, e Supervisão de Direção,
de Amir Haddad, é um tapa com luva de pelica na assistência.
Um ensaio aberto, na tarde do dia 13 de junho, a partir das 15 horas, foi o primeiro exercício antes de começar, naquela noite do dia 13/06, às 20h, e seguir no final de semana, 14/06, às 20h e 15/06, às 19 horas, com um belo exercício de atriz. Nessa tarde, Niskier se preparava para + uma temporada na terra que lhe abria novidades.
À porta, antes de começar o ensaio, manteve uma conversa bastante
amigável. Disse estar impressionada com Teresina. "Aqui tem uma riqueza
(...) Aqui poderia ser uma São Paulo (...) Tudo muito intenso (...)", apontou.
A atriz recepcionou a quem compareceu ao encontro. E, na oportunidade,
falou do processo de montagem e de como chegou ao livro que virou peça de
teatro.
Na montagem, uma Cenografia (Luiz Martins) eficaz define a intérprete para
ambiente econômico e particular à proposição cênica da atriz e diretora. As
tapadeiras da caixa cênica estão dispostas, na diagonal, da boca de cena ao
fundo do palco, vão se afunilando enquanto deixam as naturais saídas de
fuga.
(sobre o ostensório, o oratório d"A Alma Imoral/divulgação)
(sobre o ostensório, o oratório d"A Alma Imoral/divulgação)
Ao fundo, onde as tapadeiras se estreitam formando uma porta, há um
tecido que no alto mantém um corte vertical de onde vaza uma luz. Daquela porta
até a boca de cena são dispostas fitas, pregadas no palco, em forma de um
ostensório.
É sobre este ostensório e entre tapadeiras abertas em leque
diagonal, na regência de um oratório, que "A Alma Imoral" se
estabelece. Ainda, na cena, uma cadeira de design, cor preta; dois lampiões
pendidos do céu do palco; um praticável, de cor preta, e sobre ele + um
lampião, uma jarra de água e um copo que a atriz utiliza, durante o espetáculo,
para hidratar a garganta.
Um leve vestido preto e um tecido de mesma cor, peças de Figurino (Kika Lopes),
completam os elementos que vestem a personagem de "A Alma Imoral". A Música Original, de José Maria Braga, acompanha em sutil variação, sobre o mesmo tema, a alma da personagem. A Interpretação sóbria e restituída a uma conversa convincente e
brechtiniana.
Puro teatro vivo, filosofia cênica e uma delicada ação na cena que
enreda reflexão, trato de atenção interativa com o público e uma especial
estratégia de convencer através do corpo, das falas sociais do discurso do
texto à intérprete e da intérprete ao direcionamento fundamental, a assistência.
Uma Luz afinada para desnudar "A Alma Imoral" e revelar,
entre claros e sombras, uma nudez nunca apelativa e uma dialética de, na medida
em que revela-se "A Alma Imoral", também a personagem despe-se das
marcas morais da roupa e incide à liberdade reveladora da contadora de
narrativas que compõem a dramaturgia de parábolas, inflexões de conversa franca
com a recepção.
(cena de 'A Alma Imoral'/foto publicada: Yala Sena, em 14 de junho às 12:26)
Um corpo que fala, em auxílio coreográfico (Direção de Movimento - Marcia Feijó e Preparação Corporal - Mary Kunha), a
levezas e partituras que izadoraduncam sentimentos e oralidades presentes ao
início de conflitos gerados na existência humana em sociedade.
Desde os primeiros questionamentos
sociais do animal inteligente ao + contemporâneo mito do eterno retorno das
velhas questões bíblicas, morais e psicológicas, são
abordadas reflexões da alma social e sua estratégia de encobrir "A Alma
Imoral" que trai a tradição para renovar-se através da traição.
Clarice Niskier, como
vinho maduro, está muito à vontade para compor sobriedade de talento
experimentado e
definir, em testemunho, o seu conflito da escolha do livro de literatura
sócio histórico em que "A Alma Imoral" mostra que,
num mundo de interdisciplinaridade, religião e (...) Os milenares conceitos de
corpo e alma, propõe Bonder, são o primeiro registro de uma
proposta biológica – de estudo da vida e de suas leis." (www.livrariasaraiva.com.br)
Na
escolha de “A Alma Imoral”, do rabino Nilton Bonder, para a construção da mágica da
cena, havia uma Clarice que
não acreditava que a atriz conseguiria transformar a obra em teatro e outra que
se impunha para a decisão surtir resultado.
"A
Alma Imoral", há oito anos em cartaz, começa
trajetória quando Niskier vai a um programa de televisão divulgar outro
trabalho em que estava envolvida, a peça "Buda". E a partir das
discussões, no programa, com o tema religião, a atriz foi provocada por uma
telespectadora de nome Léa. "A
peça é minha resposta à dona Léa", disse
Clarice ao transformar em ato cênico um livro de lição das naturezas humanas.
Entre outras aptidões, da
literatura à cena, a retirada do véu da máscara social e abertura a novas
perspectivas de ver o velho mundo consignado por religião, desobediências,
transgressões, tradição e ruptura, sociedades inscritas ao curso da história do
homem (genérico) e às convenções de sobrevivência e resistência pela traição em
reinvenção e continuidade do tradicional em novo salto.
Há muito tempo não havia passado, por
palcos mafrensinos, exercício de cena tão enriquecido na simplicidade de arte
do teatro e de falas transformadas em oralidade contundente, sem qualquer ruído na
comunicação teatral. Refinado labor de experimentar teatro e atrair
atenção apaixonada por assunto de natureza estritamente humana e necessária de
percepção.
"'Tradição
e traição, duas palavras tão parecidas mas paradoxais vividas constantemente
por nós. A alma é transgressora por que nos faz agir para a vida.
Saimos da zona de conforto da não crise para a contínua busca de compreensão de
nós mesmos e do outro. Monogamia: o aprisionamento da fidelidade para o
homem e para a mulher tem dois caminhos distintos. A mulher é aprisionada pela
manutenção da chama do amor no casamento e o homem pelo controle da sua
infidelidade, que não é natural....' A Alma Imoral - Nilton Bonder” (Status de Norma Soely Gatpi dia 15/6/2014, há
10h/facebook)
Nunca minha alma havia encontrado
tamanha provocação e de forma tão requintada de estética concentrada na arte do
teatro. "A Alma Imoral" é esse sinal eficiente de cena viva e
pulsante no sangue do teatro nacional.
Clarice Niskier, ao deter + ensaios de
conteúdos que de marcas, revaloriza a nova forma de construção da personagem e
do teatro contemporâneo, de tradição e ruptura, que impregna verdade e
felicidade plena em "A Alma Imoral".
Niskier é show de cena.
(idem)
expediente:
A Alma Imoral
A Alma Imoral
autor do livro A Alma Imoral - Nilton Bonder
adaptação, concepção cênica e interpretação - Clarice Niskier
supervisão de direção - Amir Haddad
figurino - Kika Lopes
música original - José Maria Braga
cenógrafo - Luiz Martins
direção de movimento - Marcia Feijó
preparação corporal - Mary Kunha
dias e horários- 13 (20h), 14 (20h) e 15 (19h) de junho
local - Teatro do Boi
preparação corporal - Mary Kunha
dias e horários- 13 (20h), 14 (20h) e 15 (19h) de junho
local - Teatro do Boi
Nenhum comentário:
Postar um comentário