um Cordão de Brilho
por maneco nascimento
Há muitos cordões e acepções, das + diversas, quando o
assunto é suporte de amarra, tecer, unir, alinhavar, coser relações, ou
costuras de encontros e interrelacionamentos, ou, ainda, o juntar tecido num
desenho de vestir, ou compor imagem, signo, identidade, sociedade e seus pares
em comportamentos à sociologia, antropologia, ou simplesmente vida em comum,
separada da ciência, invenção do homem (genérico).
O cordão de ouro, rosas de ouro e, ser da Lira, do bordão samba
marchinha, melodia canção tradicional de impulsão da música, profissional,
instrumental e vocal, e relevo de época e ascensão da mulher que Abre Alas, à
nossa Gonzaga que nos deu um mote de quebrar paradigmas.
Os cordões das festas e manifestações populares de folclore
e tradição, cortejos dançados, cultura e arte de raiz a traços ibéricos e de
outras etnias, incorporadas ao caldo da antropologia horizontalizada.
Os cordões da “pipoca”, que separam os de trajes-passaporte
à folia frenética a tambores e crioulizações da natureza brasis, arraigadas nas
afrodescendências, e os que brincam, com tanta ou maior, melhor alegria do lado
de “fora” das micarinhos, micaretas, micafolias de pecha, genuinamente,
nacionais.
Os cordões dos
afeitos a alcagüetes e puxa-saquismos. E os cordões que tecem as teias e fibras
dos corações das mães e, de filhos, por extensão daqueles que coração materno,
para lembrar a tessitura poética de dois artistas, Torquato e Celestino.
Entre tantas outras aberturas semânticas, como manga que é
para tecido desdobrado a vestuário; “encarnação” (hoje bulling), ou fruto
maduro degustado ao sabor da estação, há o Cordão que alinhava uma nova
história, construída na periferia da cidade de Teresina.
Rege-se às artes cênicas, variação dança e teatro, e
investe-se de calor, sensibilidade, arte, estética, plástica, cultura de
sobrevivência e de indicação de identidade e pertencimento, empoderamento da
aldeia local, à arte verdadeira prospectada da raiz, como inspira Gaudí, o
catalão que cantou a sua terra.
O Cordão Grupo de Dança vem, na antropofagia reinventada,
comendo pelas beiradas, surgido das franjas sociais que integram a grande
Teresina, que contém a grande Dirceu, fazer o seu aparte na dança e, à parte,
cumprir ritos e rituais de uma das manifestações que ajunta arte, cultura,
simbologias e semióticas aplicadas ao corpo que fala.
(espetáculo Lendanças/ acervo Estação Cordão de Cultura)
Inscrever-se na história e escrever a própria memória,
enquanto dança porque fala social intervencionista e de interação com a
recepção, comunidade que se vê inspirada, inspira e participa desse universo
conspirador que fala a linguagem da alma, ou do espírito, como queira a
filosofia religiosa, ou a oralidade pragmática que retém inspiração técnica de
compor e exprime as vozes sociais pela razão e sensibilidade dançadas.
(a comunidade frutifica Lendanças/acervo Estação Cordão de Cultura)
Ao ver o Cordão de Dança, dançando, fiquei muito feliz de
recepcionar respostas tão vívidas da dança projetada numa escola municipal de
um bairro da cidade. Está instalado na Escola Municipal Prof. Porfírio Cordão e, com facilitação, ao ato cênico, através da iniciativa do bailarino, coreógrafo,
educador físico, professor e educador para a arte e para a vida, Roberto
Freitas.
(o empreendedor cultural/acervo Roberto Freitas)
Percebe-se, logo, que há no Coletivo uma dinâmica de
inserção comprometida ao discurso artístico de qualquer estação, gleba, bairro, ou periferia que tem voz, falas e oralidade a serem apresentadas no assento de
identidade cultural.
Com um frescor, vicissitude, vigor juvenil e um coletivo
concentrado no fazer artístico, o Cordão Grupo de Dança demonstra, à própria
construção social artística, seu sexto elemento, embasado na arte e ciência de
pragmático vetor ao efeito estético e lega à assistência o que nos refletem os
poetas do Clube da Esquina, “ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
não fazer desse lugar um bom país”.
(arte e cultura, Cordão em Lendanças/acervo Estação Cordão de Cultura)
O Coletivo está de costas ao mar e de frente para o Brasil,
rincão diverso. Aqui, ali e alhures o Cordão de Dança alinhava a desconstrução
das possibilidades de aparelhos reprodutores de conteúdos e reconstrói arte,
educação, cultura e vivências pessoais transversalizadas na linguagem da dança,
teatro vivo.
Um coletivo de + de vinte artistas, intérpretes criadores em
desempenho ao lúdico e aplicativo de dar visibilidade ao invisível e tangenciar
o intangível, através da arte cênica. Um Grupo Especial, de Brilho.
Um Cordão de ouro,
não de tolo, mas de touro na arena selvagem do mundo urbano, terra de asfalto,
de cidades verticais que curiam as próprias franjas sociais e esperam que,
talvez, destas nada saia que inspire reflexão e paixão à primeira dança.
Entre os componentes,
um artista + que especial, não porque em exemplo de restrição, mas,
especialmente, porque para este o mundo é o limite. Partícipe de qualquer
narrativa dramática que o Cordão de Dança se proponha, está lá o intérprete
criador cosendo sua atuação nas coreografias, sobre as rodas de seu skate, junto
com os colegas de cena. Fascinante, comovente e estritamente artístico, nunca
piegas.
Um Cordão de Brilho que imprime tatuagem no corpus de dança,
no corpo falante do Coletivo de expressão, Cordão Grupo de Dança.
Instituído do bairro Renascença ao centro, dos palcos locais aos
nacionais, dos Prêmios e honrarias conquistados à força de felicidade cênica,
dinâmica estética e linguagem de dança à plástica de interações estéticas de
corpos falantes.
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