segunda-feira, 20 de julho de 2015

"Baixa da Égua"

também é Dança

Nesta terça, 21, o Complexo Cultural Club dos Diários/Theatro 4 de Setembro, no Projeto Terças da Casa apresenta "Baixa da Égua".

É na versão do Terça Dança que o Theatro 4 de Setembro recebe o espetáculo de dança contemporânea, às 19 horas.


A montagem é da Cia. Luzia AméliaBaixa da Égua, na definição do dicionário informal seria local distante, geograficamente desconhecido, para onde não se deseja ir e para onde outra pessoa que lhe atormenta deve ser mandada. 

Em Teresina, a região conhecida como Baixa da Égua é sob relato de moradores antigos, área em que, antigamente, havia movimentos de compra, venda e trocas de alimentos, conduzidos nos lombos de éguas. 

Os animais transportavam de tudo, carnes, grãos, tecidos, restos, mantimentos, ao tempo que carregavam coisas tangíveis, carregavam, igualmente, coisas intangíveis como histórias, acontecimentos, cimentavam costumes, jeitos, improvisos... 

Durante chuva torrencial, as águas escorreram e arrastaram uma égua, prestes a parir. O animal caiu dentro de um buraco e por lá mesmo ficou, sofreu... Estrebuchou... Até morrer... Apodreceu... Inchou... Explodiu! O local antes era anônimo virou a Baixa da Égua. 

Tendo o lugar geográfico, como ponto de partida,  a Cia. Luzia Amélia encontrou questões mais amplas para a dança contemporânea, como as de continuidade e descontinuidades que aparecem nas rupturas de paradigmas instaurados no mundo, na dança e no corpo.

As bailarinas e intérpretes criadoras, Andreia Barreto, Drika Monteiro e Luzia Amélia constroem, ávidas, outras maneiras de realizarem movimentos, gestos, formas, semelhanças que, a partir dos processos compositivos, se mostram como diferenças causadoras de mundos subjetivos que vão acontecendo na ação da dança. 
 
(em "Baixa da Égua", a geografia intangível/fotos acervo: Cia. Luzia Amélia

Em "Baixa da Égua" entram na cena corpos grotescos, corpos éguas, carregadoras, corpos que constroem dinâmicas singulares, como insistentes galopes, batidas, rolamentos, dobras, exaustão, suspiros, suspensões, coerentes com a proposição investigada. 

Corpos que andam e dançam de quatro, corpos não rítmicos que se entrelaçam como acontecimentos engendradores de cultura e singularidades de relações corpo/espaço, criando jeitos de aproximarem-se do passado, não apenas dos lugares, mas de corpos. 

Para que o público projete-se em direção à Baixa da Égua, as bailarinas atraem cada pessoa, individualmente, instaurando singularidades necessárias para estar na dança e, elas, por sua vez, dançam procurando restos de movimentos que expõem-se como sobras de construções culturais. 
(fotos acervo: Cia. Luzia Amélia)

Seus corpos podem contorcer-se de várias maneiras, saltando, dobrando, rastejando, tremendo, caindo uma sobre a outra, friccionam-se. 

Recomeçam partindo do lugar onde ninguém deseja ir, lançam-se no espaço, refazem o que não se deseja mais dançar, somente para que o movimento se expanda pelo entorno que também, pela dança, se expande em diferentes ambientes e aí encontra-se a Baixa da Égua. 

O corpo das bailarinas permuta com o corpo de quem assiste, a todo tempo. Propõe-se, na montagem, que o olho do espectador seja ativo, transitando de um corpo ao outro, a outro, a outro. a outro.

Pode-se “ver” Baixa da Égua de fora, percebê-la, sentindo-se de fora ou, por vezes, se estar infiltrado, capturado, sequestrado para a cena. 

No espaço, a coreografia procura evidenciar planos sucessivos que chamam o olho a percorrer diferentes pontos de fuga, desestabilizando a noção de perspectiva e de linearidade. O espaço, milimetricamente, concebido como palco italiano pode ser recriado, os corpos estrebucham no chão, no ar. 

Assemelham-se a cavalos raivosos, ou a corpos de carnavais decadentes, de sapatos pontiagudos. A cena enche-se de purpurina e suor e leva cada pessoa a percorrer pelas cavidades de seus corpos. 

Brilhos baratos, lantejoulas, serpentinas na boca, no pescoço, na língua, tornozelo, por entre os dedos, no corpo ardente, brilho ardente, carne que sobra, que aparece demais, que extrapola a movimentação.

"Baixa da Égua" tem Concepção, direção e coreografia, de Luzia Amélia. A Pesquisa é assinada por Luzia Amélia, Drika Monteiro e Andreia Barreto. 

Na cena, dividem a narrativa dramática, as bailarinas intérpretes criadoras, Drika Monteiro, Andreia Barreto e Luzia Amélia. A Criação de figurinos é de Aurenir Oliveira. Produção, Andreia Barreto e Drika Monteiro e a Arte, de  Tupy Neto.

Serviço:
"Baixa da Égua"
21 de julho
às 19 horas
Theatro 4 de Setembro
Ingressos a preços populares:
R$ 10,00 (meia)/R$ 20,00 (inteira)
Informações: 86 3222 7100

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