pérolas de leitura e obras inestimáveis
por maneco nascimento
Levaram meu Rubem Braga e João
Branco e, talvez, ao larápio nem servisse muito a alguma coisa as preciosidades levadas.
Na mochila, de lona camuflagem do exército verde oliva, um Rubem de, crônicas selecionadas, "Recado de Primavera" e um João de, "Crônicas Desaforadas"; duas fragrâncias de perfumes independentes; três camisetas para as trocas de improviso ao dia ininterrupto; um pen-drive com as últimas e necessárias memórias de textos publicados, ou ensaios para novas investidas; preservados e ativos e outros objetos que moram na mochila e viajam com seu dono.
Na mochila, de lona camuflagem do exército verde oliva, um Rubem de, crônicas selecionadas, "Recado de Primavera" e um João de, "Crônicas Desaforadas"; duas fragrâncias de perfumes independentes; três camisetas para as trocas de improviso ao dia ininterrupto; um pen-drive com as últimas e necessárias memórias de textos publicados, ou ensaios para novas investidas; preservados e ativos e outros objetos que moram na mochila e viajam com seu dono.
Mas as + valiosas peças carregadas
foram meus livros e que, se não tiverem ganhado a sensibilidade do gatuno, foram
esquecidos em algum lugar, a esmo, para cumprir a própria sorte de ser achado,
ou estar perdido ao tempo de deterioração. O Rubem, adquiri num sebo e era
um achado. Faria companhia, em minha pequena biblioteca nacional de autores, ao livro "A Borboleta Amarela", também do Velho Braga.
(Rubem Braga, esquerda e o irmão Newton Braga, direita, foto de 1932/reprodução da wikipédia)
Como fora delicioso está lendo o Braga. Uma felicidade corria aos olhos e um prazer em recortes humorados e bem escritos pelo mago das crônicas sociais, considerado um dos melhores cronistas brasileiros e o maior cronista nacional do século 20.
(Rubem Braga, esquerda e o irmão Newton Braga, direita, foto de 1932/reprodução da wikipédia)
Como fora delicioso está lendo o Braga. Uma felicidade corria aos olhos e um prazer em recortes humorados e bem escritos pelo mago das crônicas sociais, considerado um dos melhores cronistas brasileiros e o maior cronista nacional do século 20.
O João, recebera de presente,
quase que simultaneamente, a seu lançamento. Numa semana fora lançado o
“Crônicas Desaforadas” e, naquela mesma, chegara, em mãos, meu exemplar
autografado, vindo de Mindelo – Cabo Verde. O autor separara o exemplar e
enviara por sua sogra, Toinha Alves, que retornava a Teresina.
Não tive tempo de concluir a
leitura de crônicas culturais e experiências cênicas e críticas reflexivas do
fazer artístico na cena caboverdiana. João Branco repercute, na obra, a vivência em seu
país de escolha e pátria lusófona abraçada e se nos apresenta um olhar de ator,
diretor, espectador e agitador cultural na própria aldeia.
(o olhar crítico de João Branco em Obra editada/reprodução)
Os livros, lia-os paralelamente e carregava comigo para permutar a vez de leitura, enquanto realizava viagens de ônibus coletivos. Numa falha da própria sorte e excesso de confiança no outro, deixei a mochila por alguns instantes de despretensão e, num piscar de olhos, alguém carregou consigo meus tesouros qu’eu guardava e transportava no baú contemporâneo.
Os livros, lia-os paralelamente e carregava comigo para permutar a vez de leitura, enquanto realizava viagens de ônibus coletivos. Numa falha da própria sorte e excesso de confiança no outro, deixei a mochila por alguns instantes de despretensão e, num piscar de olhos, alguém carregou consigo meus tesouros qu’eu guardava e transportava no baú contemporâneo.
Foi frustrante, difícil de
aceitar facilmente o furto. As perdas materiais, prejuízos efêmeros,
recuperáveis. Bens imateriais? Leitor interrompido e os intangíveis de arte e
cultura, tomados de súbito por um sujeito indeterminado e fugaz.
Quem terá às mãos minhas obras
perdidas? Sempre guardo a ilusão que, deixados em lugar comum para, talvez, serem
achados, os livros possam ser resgatados e esses sujeitos literários,
brasileiro e lusófono, fazerem a alegria de algum outro leitor.
Que sejam recuperados é a melhor
esperança que guardo para meus autores, Rubem Braga e João Branco. Foram-me
tirados e ficam à mercê da indeterminação da sorte e objetos da determinação de
dias em que, num sobressalto, um assalto, um roubo, um furto, uma levada de
vantagem de quem vai obter lucro do descuido do outro, da excessiva confiança
de quem jamais acha que vai acontecer consigo. Acontece e, dessa feita,
perderam-se de seu dono natural.
Comigo aconteceu. Adiei esses
fins de leitura. Perdi o tempo de atenção, não fui “veaco” e Rubem Braga e João
Branco partiram sem meu consentimento e foram, forçosamente, obrigados a
seguirem com um estranho. Ainda desejo que tenham encontrado um novo lar de
leitor e possam ser resguardados, protegidos de sol e chuva e manuseados à
curiosidade de quem gosta de um bom livro.
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