impávida tarde de março
por maneco nascimento
Após + de uma década e meia de apresentações no canteiro de obras (Memorial Heróis do Jenipapo, em Campo Maior), feito às cênicas de releitura histórica, “A Batalha do Jenipapo” – a peça, repetiu efeito aos dias “fatídicos de transes desgraçados” e assumiu espetáculo que reconta a perda da Batalha, mas vitória da Guerra às margens do riacho Jenipapo, quando o Piauí se torna a primeira província brasileira a confirmar sinal de adesão à Independência do Brasil.
Texto escrito por Aci Campelo, a partir de pesquisas do
historiador e jornalista Chico Castro, o espetáculo tomou forma pela primeira
vez lá pelos idos de fins do século 20 e seguiu o exercício do exercício até início dos anos 2000, enquanto governou
o estado um político que carregava a alcunha de mão milagrosa (M. Santa, 1 de janeiro de 1995/6 de novembro de 2001).
Em seguida, um governo petista (W. Dias, de 1 de janeiro de 2003 a 1 de abril de 2010) manteve a repetição do
espetáculo por sete anos, dois mandatos quase completos. Na esteira de
continuidade, houve a encenação nos anos do vice, feito governador, durante sua administração nos quatro anos de
tempo pessebista, quando eleito, (W. Martins, de 2010 a 2014).
Em 2015, o marco teatral retorna às solenidades do 13 de março, em mãos de governo
petista (W. Dias, a partir de 1 de janeiro de 2015) e repercute, conjuntamente, com a entrega de Medalhas, discursos de homenageados e de políticos,
pompas e circunstâncias e desfiles militares perfilados às honras e memórias
históricas da Batalha que coloca o Piauí nos anais da construção social
brasileira, mesmo que durante muito tempo tenha encontrado nariz adunco e
virado dalguns historiadores oficiais nacionais.
No pátio do Memorial do Jenipapo, entre o cemitério dos Heróis,
obeliscos arquitetônicos edificados, museu da memória da guerra rural
piauiense, o palanque de autoridades erguido, ao evento, e estacionamento e
área de passeio de chegada ao local descrito, à margem da BR 343 que ruma ao
litoral, se instala há muitos anos a encenação.
Dirigida em sua maioria de vezes por Arimatan Martins; uma
vez por Siro Siris e duas vezes por Franklin Pires, uma destas (2012) feito na
base de pesquisa do historiador e quadrinista Bernardo Aurélio e outra (2013),
como licença poética Musical a La Miserables, contextualizado ao fato histórico
local, “A Batalha do Jenipapo” – a peça, fez história à memória do teatro
brasileiro a céu aberto.
(elencão perfilado para a Batalha, ensaio geral/foto: m. nascimento)
Desde 2014, a encenação retornou às mãos de Arimatan Martins.
Em 2015, em nome da contenção de despesas e orçamento muito inexpressivo do Governo
do Estado/Fundac, o espetáculo contou com apenas 38 atores de Teresina e + os
coadjuvantes contumazes da cidade de Campo Maior, que também encorpam o mètier
da Batalha encenada. Atores profissionais de Teresina, capoeristas do Cordão de
Ouro e o Grupo de atores campomaiorense confirmam “A Batalha do Jenipapo” – a
peça, em força e magia do teatro.
(Arimatan Martins, diretor e ator; Jorge Carlo, ator e Siro Siris, diretor e ator/foto: m. nascimento)
+ uma vez o elencão ficou acomodado no Campus UESPI C. Maior
que, desta feita, sofre intervenção de reforma e estava + limpo, com salas
refrigeradas e banheiros assépticos e funcionais.
(elencão nos corredores do Campus UESPI/foto: m. nascimento)
Nova empresa de ônibus ficou responsável pelo
deslocamento dos artistas. O motorista só ligava o ar refrigerado quando o
transporte ia sair e, naturalmente, não dava tempo resfriar ao conforto do
elenco. Devia fazer parte da contenção de despesas.
A alimentação em restaurante estradeiro e contumaz em receber
os artistas, não surpreende nunca. Sua zona de conforto se instaura pela
cultura de “assim tá bom demais”, para o proprietário, já que o pagamento deve
demorar tanto quanto o dos artistas, que desta vez há promessas de recebimento
no prazo de 30/60 dias corridos.
É esperar para ver e crer que será + ágil a prestação de
serviços públicos oficiais ao serviço prestado pelos atores, atrizes,
capoeristas e técnicos envolvidos na obra encenada.
O espetáculo, por si só, se garante como matéria prima
manufaturada aos olhos da assistência curiosa. Escolas fundamentais e de ensino
médio, cidadãos campomaiorenses, público cativo, autoridades oficiais e
convidadas, homenageados com a Medalha, imprensa (tevês, portais, fotógrafos e
jornalistas pautados) barraqueiros, Polícia Militar e de Trânsito, segurança
governamental, profissionais envolvidos diretamente no circo montado e toda a
gente que acorreu ao Memorial “Heróis do Jenipapo” são parte interativa no
momento da peça contada.
(ensaio geral na manhã de 13 de março/foto: m. nascimento)
É + uma guerra de cena vencida. A Batalha da Batalha segue
curso, fora da legenda datada e dentro da legenda da cultura e arte que premiam
a cidade de Campo Maior, quando revisitam a história local e piauiense e
transformam memórias sociais em teatro de resistência em terras de canteiros
bravos e de cena de permanência à espetacularização da agenda governamental.
(sala de maquiagem, antes da Batalha, a peça/foto: m. nascimento)
“A Batalha do Jenipapo” – a peça, em seu elenco comprometido
e atomizado pelo teatro, cumpriu + uma vez seu papel de arte e serviço
prestados. Agora é a vez de aguardar a contrapartida do Governo do estado/Fundac
em seu papel de pagador do prestador de serviço.
Sorte a todos e aos tempos de promessas renovadas. Artistas
da cena, salute!
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