por maneco nascimento
Marcado no facebook por meu amigo e colega de cena, Dionízio do Apodi, grande ator dos palcos mossoroenses e pontiguar, quiçá brasileiros de grande expressão, me posiciono e louvo o que bem merece.
(Dionízio e sua Alcmene/foto do perfil do ator)
Esse ator e sua companhia de teatro, O Pessoal do Tarará, são responsáveis por um repertório qualificado e diverso do teatro de Grupo, há + de uma década de trabalhos declarados e com um elenco respeitável, quando sempre realizador de uma cena invejável para humor, drama, comédia pastelão de economia e pesquisa na "commèdie del'arte", bufão e clownesco em dramaturgia contextual para cultura nacional redimensionada.
Essa Cia. de Teatro e esse Ator de marca 10 vieram a Teresina e trouxeram seu belo projeto de teatro solo. Uma pérola laureada na força, talento, disciplina da construção da personagem e ciência cênica experimentada na obra livre de artista criador e assinada como Aurora Boreal (Casca de Noz). Nada + sublime para se ver no palco.
(Apodi em tempo de Aurora Boreal/acervo DApodi)
Dionízio, na maturidade da profissão, nos lega teatro vivo e nos diz que ser artista e ser ator é preciso trabalho, incursão incondicional de buscas e prospecção da arte de fingir e mergulho na profissão escolhida e, principalmente, estudo da pauta do ato de encenar.
Isso nos dá de sobra, em Aurora Boreal (Casca de Noz), a prazer dividido com seu público que se enleva ao vê-lo em solilóquios e confidências, no exercício da arte do ator, monologar e extrair beleza e licenças poéticas do texto, do corpo, da voz e dos silêncios povoados de presenças, para não esquecer Jean Genet, do palco e contrarregra que conspiram em favor do universo da dramaturgia confeccionada e dirigida pelo próprio ator.
Dionízio do Apodi brindou Teresina, numa das edições do Festival Nacional de Monólogos "Ana Maria Rêgo", ano 2012, com sua pérola aos poucos e nunca recebeu os prêmios em dinheiro para três categorias conquistadas.
Promovido pela Fundação Municipal de Cultura "Monsenhor Chaves" e realizado pela Prefeitura de Teresina, o Concurso de Monólogos que deu visibilidade à cidade de Teresina e ao Piauí, por ser um dos eventos de maior continuidade, pisou na jaca. Não pagou o artista que venceu os prêmios abalizados por uma comissão julgadora ilibada.
O evento cumpriu sua missão de realização do Festival na cidade, mas o estado municipal de cultura deu um calote no artista de Mossoró (RN). Até hoje o ator aguarda pelo pagamento de mérito conquistado. Como diz o ditado popular, o artista Dionízio do Apodi ficou "a ver navios", já que a FMCMC/PMT fingiu-se de "morta jacqueline".
Meu colega de teatro e grande amigo dos palcos e identidade comum às cenas me marcou nas redes sociais, enquanto reflete sobre a Fundação Municipal de Cultura estar lançando edital de Concurso de Monólogos ano 2015, com dívida relegadas ao passado.
O texto desabafo do artista potiguar esclarece tudo e deixa + dúvidas sobre os rumos da cultura no município de Teresina. São dias de descuido administrativo e falta de respeito com o artista que prestou serviços e não foi pago. Pode? Pode.
São coisas do Brasil de nação piauiense da cidade Teresina para tempos de reisinhos e nababos assentados sobre gordos traseiros e ingerência consentida no que diga respeito às políticas públicas de cultura. Assim se manifesta Apodi:
[Dionízio escreveu: "A Fundação Cultural Monsenhor Chaves, de
Teresina (PI) prepara para este dia 27 de Março, data em que se comemora o Dia
Internacional do Teatro, uma programação em Teresina, com direito ao lançamento
do Festival Ana Maria Rego 2015. Tudo bem se não fosse um detalhe. A Prefeitura
de Teresina, através da Fundação Monsenhor Chaves, ainda não pagou os cachês de
participação e prêmios de vários espetáculos ainda do Festival de 2012. No meu
caso, em outubro de 2012 participei com o espetáculo Aurora Boreal (Casca de
Noz). Paguei todas as despesas pra chegar e voltar de Teresina com a alegação
de que em trinta dias receberíamos o cachê de ajuda de custos. Fora isso o
espetáculo ganhou três prêmios no festival que previa troféu e dinheiro. Nunca recebemos.
Ligamos muito para a Fundação Monsenhor Chaves, passamos e-mails, amigos de
Teresina marcaram audiência com responsáveis para resolver e até hoje, nada.
Outros companheiros de teatro espalhados por vários estados brasileiros estão
na mesma situação. O que torna tudo ainda mais desrespeitoso é que mesmo assim
o Festival prossegue, com lançamento nesta quinta-feira. Tenho diversos amigos
que prezo muito em Teresina, o próprio festival que carrega nome da atriz Ana
Maria Rego, as pessoas de teatro e que o acompanham em Teresina não merecem
esta situação irresponsável por parte do poder público. Vão comemorar Dia
Internacional do Teatro sabendo que vários companheiros de teatro no Brasil
estão sendo passados pra trás, sem nenhuma satisfação. Só recorro a este meio
porque não se tem muitos outros disponíveis. Na esperança de que esta escrita
possa chegar em algum lugar, e o problema seja resolvido."]
Feito o registro do nosso irmão de fé e obra cênica, cabe a nosotros o sentimento de escândalo, uma corrente de solidariedade com o colega ator e sua Cia. de Teatro que, séria e comprometida com a verve do teatro brasileiro, sofreu um revés em suas melhores expectativas acerca do fazer teatral realizado.
Pode-se ainda incrementar essa informação. Com a palavra o prefeito da cidade de Teresina. Saberia ele dessa dívida caducada que coloca em escanteio o artista em sua maior oferta da profissão, a arte professada e não paga. E que escamoteia a arte do artista que se desloca de sua terra natal para representar-se e a seu teatro e não logra o direito dos prêmios conquistados.
Senhor prefeito, pague o artista. Ele não sobrevive bem, quando o estado municipal não cumpre a sua parte no acordo de cavalheiros assentado para os serviços do Festival Nacional de Monólogos "Ana Maria Rêgo".
Ele e outros artistas brasileiros aguardam receber pelos serviços prestados ao município de Teresina. Como diz o ditado popular, "se não pode com o pote, não pegue na rodia" .
Então prefeitura de Teresina não inventa, porque a invenção de eventos que não pagam artistas pode até marcar holofotes e efemérides, mas depois fica essa dúvida se o município não está só fazendo jogo de cena, aqui cabe uso da prática do teatro com fins eleitoreiros, e em fuga completa da arte do teatro de tradição e manifestação assegurada como profissão a ser respeitada e paga como qualquer outra em que seus representantes prestem serviços.
Às memórias e histórias do teatro nosso de cada dia, registre-se essa falha trágica da FMCMC/PMT, para ficar na linguagem do teatro, e reflita-se sobre o que estão fazendo do histórico daquela Fundação que já nos rendeu tanto orgulho e referência positiva Brasil afora.
Dionízio do Apodi, estamos aqui por toda a cidade e, parafraseando o poeta, pagando em suor e ousadia a felicidade de ser artista da cena e correr atrás do prejuízo na terra do já foi, já teve e que, atualmente, parece lugar muiiito comum ao descuido, descaso com os negócios de arte e cultura locais.
A FMCMC/PMT deve e não paga, também não nega. Mas a gente nunca relaxa e cobra sempre. Está no direito cidadão de prestador de serviços cobrar pelos serviços já prestados e não quitados pelo município.
Paguem os artistas, sejam políticos também de arte e cultura e não só de gabinetes e pleitos eleitoreiros.
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